terça-feira, 30 de julho de 2013

CAMPERISMO GAÚCHO

                                         PARAR RODEIO




Parar rodeio é a ação de se juntar todo o gado de uma invernada em um certo lugar já determinado. Os antigos tinham por hábito assinalar o local do rodeio cravando um pau alto e nele dependuravam um couro; também servia para chamarisco do gado.
Para um pelado de rodeio era escolhido sempre um lugar plano e no alto de uma colina. Em uma invernada de 10 ou 20 quadras podia haver dois rodeios. A finalidade do rodeio era para se revisar o gado, dar sal, curar os abichados e terneiros recém-nascidos, como apartar, se fosse necessário certos animais como auxílio do sinuelo.
De preferência os rodeios eram tocados ao clarear do dia. Ao chegarem na invernada o patrão ou capataz distribuía o pessoal. Cada um saía para um costado; nada de dois peões juntos. Salvo, em casos difíceis, como tirar um boi da manheiro do mato, sanga ou lagoa. O gado era levado para o rodeio às portas, tocado aos gritos de peões e cachorros.
Cerrado o rodeio, o patrão determinava a peonada. Dois ou três dos mais moços ou guris ficavam encarregados de atacar o rodeio. Aos mais campeiros, tocava de laçarem as reses abichadas. Dois gaúchos boleavam a perna, maneavam seus cavalos e , a pé, preparavam-se para curarem as bicheiras dos animais que eram trazidos ou afastados no laço até ao seu alcance. Os curativos eram feitos com criolina, vinda em vidros retovados de couro, e esterco de cavalo seco e esfarelado, trazido em uma sacola feita de um cano de bota.
Com ambos na palma da mão, faziam uma massa que era introduzida nos buracos da bicheira, os ferimentos e no umbigo dos terneirinhos abichados.
O sal era levado em uma carrocinha de cincha puxada por um piá a cavalo. Era distribuído ao gado em pequenos montes depositados no pasto, distanciados um do outro de dois corpos de animal, formando um grande círculo; issto depois de terminado o serviço no rodeio. Ao abandonarem o rodeio, os gaúchos apartava, os animais cujas bicheiras fossem de gravidade para serem, com mais atenção, cuidados no potreiro.
Parava-se os rodeios cada 20 dias, nestes intervalos o gado era cuidado com recorridas de campo.
Hoje em dia, com o "atropelo" do carrapato, não se costuma mais parar rodeio para costeio, porque o gado é levado ( no máximo 50) a cada 12 ou 15 dias para a mangueira a fim de ser banhado.
Atualmente há outra interpretação da palavra rodeo. As vezes os jornais trazem estampados: "Grande Rodeio em Vacaria ou Alegrete"- estes rodeios diferem do que acima foi descrito.
São espetáculos festivos apresentados nas cidades, a fim de demonstrar ao público cenas gaúchas verídicas, proezas que eram realizadas nas estâncias e nos campos.

Este tipo de rodeio é criação dos americanos. Porém, deve, entre nós, ser apreciado e mantido com entusiasmo. Nestes espetáculos o povo pode avaliar aperícia e costumes tradicionais de que eram capazes os gaúchos.
 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

RÓTULOS ANTIGOS DE CERVEJA

Que cerveja é bom isso ninguém discute.
 Ok, discute sim, mas convenhamos que isso não vem ao caso agora.Você sabia que no Brasil existiram mais de 150 fábricas de cervejas independentes? e que a maioria delas se concentrava na região sul? Bom, talvez isso você não saiba, mas o melhor produto nacional sempre foi apreciador da bebida européia, vindo do lupulo da cevada.aqui reuni algumas  imagens dos rotulos das cervejas antigas do estado do Rio Grande do Sul. São imagens que ilustravam as garrfas de  cervejas nas mais variadas épocas,existem rótulos raríssimos de cervejas que você não vê mais hoje em dia.o rótulo é o principal meio de veiculação e divulgação da cerveja. E claro, os rótulos existem em qualquer tipo de bebida, mas neste caso estamos falando de rótulos e cervejas  produzidos aqui no sul. Vale a pena dar uma olhada nos rótulos abaixo.


Estrêla

Estrêla 
 
Santa Cruz do Sul

Esta produzida em Santana do Livramento.

Esta tbem produzida em Santana do Livramento.

Passo Fundo

Esta produzida em Passo Fundo
 
Porto Alegre
 
Porto Alegre
 
Santa Cruz do Sul
 
Porto Alegre
 
Santa Cruz do Sul

COMEÇAR BEM




  Tchê mesmo com o frio que se aprochegou na Republica Rio Grandense:



 

 A vida segue o rumo natural, dias frios ou dias quentes são dias a serem vividos com intensidade e com alegria, mesmo que esta seja a missão mais árdua que você têm - manter a alegria diante dos desafios do dia a dia.

Bueno tchê seguimos em frente,mais firme que palanque em banhado e vivendo mais feliz que pinto no lixo, mesmo neste dias frios  de renguia cusco e congela as ganacha! 
 Boa semana a todos.
 
 

FINANÇAS


 
 

                                           MOEDA COTAÇÃO DO DIA
 



    MOEDA COTAÇÃO DO DIA

                                                                 1 PILA = R$ 2,43



 

AÇÕES DA BOLSA GAUDÉRIA



Arroz Tio João ( 4,1%)

Banana Caturra (2,1%)

Massey Ferguison ( 1,7%)

Goibada Cascão ( 5,5%)

Mariola Joaquim (3.6%)

Doce de Mocotó (8,7%)

Minancora (4,5%)

KY - Gel de Fresco (- 45%)

Grapete ( 1,6%)

Bala Soft (3,5%)

Crush de Laranja (-1,2%)

Kichute (-4%)

Bicicleta Monareta (2,6%)

Calça de Brin Curinga (-3%)

Cerveja Polar (7,8%)

sábado, 27 de julho de 2013

ESPINHAÇO A MODA DA FRONTEIRA


Buenas .
Hoje resolvi destacar algumas receitas,pois a muito não fazia por aqui,mas esta é de comer com os olhos regalado,promessa ao meu amigo ANTONIO E XIXO  na próxima ida ao praia da MOSTARDAS , preparem a lenha que  o chibo eu levo.
O vinho fica por conta de vocês. rsrs
 


                                                ESPINHAÇO A MODA DA FRONTEIRA


Ingredientes:
1 kg de espinhaço de ovelha (costelas) limpo
1 colher (sopa) de sal
2 colheres (chá) de alho amassado
Uma pitada de pimenta do reino
1 pimenta vermelha picada
2 colheres (sopa) de óleo
2 1/2 xícaras de água
1 cebola grande picada
1 xícara de arroz
2 xícaras de água fervente

Modo de preparo:

Lave os espinhaços, corte em pedaços, misture sal, alho, pimentas até formar uma pasta e esfregue bem nos pedaços de carne.
Coloque óleo em uma panela, aqueça em fogo alto, junte a carne e deixe dourar ligeiramente, mexendo de vez em quando para não grudar na panela, cozinhe regando com água aos poucos, por cerca de 30 minutos ou até a carne ficar macia.
Junte cebola, refogue até ficar ligeiramente dourada, acrescente arroz, frite, mexendo sempre por alguns minutos, regue com água fervente, misture bem, verifique o tempero e cozinhe em fogo alto por cerca de 5 minutos.
Tampe a panela, abaixe o fogo e continue o cozimento até o arroz secar e ficar macio.
Tire do fogo, coloque em um prato de servir e leve à mesa.
È de encher o bucho. Q tal.

BOLINHOS DE CHARQUE

   
     Já estava na hora de uma nova receita e esta aprendi com um peão caseiro chamado Tio Peti,cria de Palmares ,em especial meu  amigo de tantas lidas, gaúcho bom na  lida do campo e no fogão é de dar inveja ao Anonymus Gourmet, como havia me prometido os tais bolinhos, aconteceu,e posso afirmar que não sobrou nem pros cuscos,que andavam cheretiando na volta.rsrsr

Obs: Ideal para beliscar  antes do churrasco (cuidado é muito bueno, não va comer demais e ficar sem espaço pro churrasco),
bem vamos acalmar esta fome que nos mata?







BOLINHOS DE CHARQUE   





                                            BOLINHOS DE CHARQUE

Ingredientes

  • 500g de charque desfiado cozido
  • Tempero verde picado (salsinha e cebolinha), a gosto
  • 1 cebola picada
  • 1/2 pimentão verde e vermelho picados (misturados)
  • ---- Para a massa ----
  • 1 kg de batata cozida e esmagada
  • 1 ovo
  • 2 xícaras de farinha de trigo
  • 1/4 xícara de leite
  • sal
  • ---- Para empanar ----
  • Farinha de rosca
  • 2 ovos

Modo de Preparo

  1.  Misture a salsa e a cebolinha com o charque que já vai estar misturado com os pimentões e a cebola dourados no óleo em uma frigideria, reserve.
  2.  Numa tigela grande, misture a batata (cozida e amassada como purê), o ovo, o leite, a farinha, o sal e misture até ficar homogêneo
  3.  Pegue um pouco da massa, faça uma bola, depois amasse com as palmas das mãos, coloque o recheio e termine de moldar com cuidado para que todo o recheio fique coberto pela massa,
  4.  Passe no ovo, depois na farinha de rosca, frite em óleo quente até dourar e escorra sobre toalhas de papel e depois,
  5.  ... vá encher o bucho!!!
  6.  

MÚSICA GAÚCHA


 A Fantástica Música Gaúcha
 
borguetti dentro
É muito bom ser gaúcho, ter nascido nessa terra tão rica em solos férteis e belezas naturais, conquistada literalmente, como nos atestam os efeitos históricos, pelas patas de cavalos montados por homens cheios de brios, coragem e patriotismo.
          Muito temos a lamentar pela maneira como foram extintos os Sete Povos das Missões, com destaque para São Miguel, onde vicejava uma população de cerca de 8.000 pessoas, com uma belíssima igreja no centro e as construções anexas visando a educação das crianças e a proteção aos órfãos, viúvas e idosos. Os demais moradores habitavam em casas decentes todas com alpendre na frente defendendo dos rigores do sol e da chuva guasqueada do inverno.
             Esse período missioneiro inspirou nossos poetas com belíssimas poesias que geraram músicas da melhor sonoridade e bom gosto.
             Aliás, um dos maiores orgulhos que me tomam conta por ter nascido nesta terra é a beleza,  qualidade o conteúdo excepcional da nossa música, transmitindo, enquanto diverte, os preciosos valores da nossa cultura.
             Qual povo do mundo que produz tantas músicas regionalistas de chão mesmo e com tanta qualidade que possibilite a instalação de emissoras de rádio que as tocam diariamente por 24 horas? Certamente não encontraremos paralelo em parte alguma.
             Realmente o povo gaúcho se destaca de qualquer outro, marcando indelevelmente, as suas características que tão preciosas são aqueles  que daqui precisam sair, organizam em sua nova querência grandiosas sedes de CTGs, onde continuam a cultivar  os valores da terra natal transmitindo às novas gerações as riquezas culturais que tanto prezam.
             Finalizando, prezado leitor, sugiro que selecione algumas músicas que estão sendo diariamente tocadas  em rádios e que não fique, como eu totalmente tomado pela emoção de estar ouvindo algo extraordinário, belíssimo, que mexe com o âmago do nosso ser, vibrando com a felicidade de ter nascido neste querido chão-rio-grandense.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

BOM AMIGO

 
Tenho andado por este Rio Grande e por questões profissionais da minha mulher fomos parar na cidade de Mostardas,querência  Açoriana, de gente de boa prosa e de uma hospitalidade sem igual,la conheci o balneário Mostardense, com suas barrinhas e beira mar ainda intocável,onde o homem preserva a natureza e respeita o eco sistema,muito exuberante na região. Em uma tarde vendo os pescadores recolherem sua redes, conheci ANTONIO ,pessoa de fala mansa e tranquila,cria do lugar e de conversa em conversa fomos até a casa do pescador dono das redes e hoje também meu amigo Sr.XIXO e a conversa se alongou em causos e conversas de pescador e assim nos tornamos amigos,amizade esta que tem nos  proporcionados boas rizadas.
Obs: A convite e mostrando seu lado GOURMET nos recepcionou em sua casa numa noite gelada, com um  SOPÂO feito a capricho de um sabor  inigualavel, e na companhia da esposa Marli, D. Lila e filhos o frio nem foi notado. rsrsrsr  
 
Grande ANTONIO 
 
Amigos são presente de DEUS.
 
 
 
 
ANTONIO e sua irmã NELCI mulher onde toca relúz.
 
 
 
Chalé do ANTONIO no balneário Mostardense,lugar que  tem nos proporcionado fins de semana  inesquecíveis.
 
 
 


segunda-feira, 22 de julho de 2013

MERCADO PUBLICO

                                     Mercado Público, o meu, o seu, o nosso.


 
 
O incendio no Mercado Público foi um duro golpe no gaúcho, acostumado que estava em "viver" o Mercado, naquele lugar tão especial, onde a vida se entrelaça de maneira tão singular, acaba por deixar-nos com lágrimas nos olhos vendo o incêndio no fim de semana..
Você pode pensar tudo do Mercado Público, tem tudo aquele ambiente de "mercado persa" onde vende-se de tudo, e odores das mercadorias se misturam. É a banca do peixe, é banca de erva-mate, pinhão, lojas de artigos religiosos, lancherias e restaurantes.
E simplesmente escolher por qual das entradas tu quer entrar ou sair, ou apenas o atravessar.
E a lembrança que mais representa  foi, um dia, quando em uma banca de jornal da "antiga Praça XV de Novembro",  a manchete no jornal vespertino : Glênio Peres foi cassado com base no Ato Institucional Número Cinco em 2 de fevereiro de 1977.
Pois o local, onde deu a noticia hoje se chama largo Glenio Peres e pensar  que te gente que não da bola para a história.
Ah, Mercado Público  logo , logo estará de volta e entregue a seu povo.

        

AS PALMEIRAS


             As palmeiras da osvaldo aranha .


Como diria o poeta romantico Gonçalves Dias em sua estrofe inicial da cançao do exílio:
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá."
 
 
Pois a Osvaldo Aranha, importante (e principal avenida) via do Bairro Bom Fim, tem o privilégio de contar com imponentes palmeiras imperiais na sua extensão. Começa na Praça Argentina e termina na Rua Ramiro Barcelos, contornando, pelo lado norte, o quarteirão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Parque Farroupilha - antiga Várzea.

Era conhecida como Estrada do Meio ou Caminho do Meio, e teve o primeiro arruamento requerido em 1833 pela Santa Casa de Misericórdia, para edificar algumas casas no fundo de seu terreno, que fazia frente à Várzea.

A partir de 1896, a avenida, conhecida como Avenida Bom Fim, passou a ser servida pelos bondinhos de tração animal da Cia. Carris Urbanos, que se dirigiam ao bairro Partenon através da Rua Santana. O intendente (prefeito) José Montaury iniciou, em 1917, a sua arborização e, entre 1918 e 1919, o seu calçamento. 
 
O calçamento da Avenida Bom Fim, com duas pistas de concreto armado, foi inaugurado pelo intendente Otávio Rocha, em 1927. Em 1930 recebeu o nome de Avenida Osvaldo Aranha, em homenagem ao político e diplomata riograndense Osvaldo Aranha.

LAGOA DOS BARROS


                                  Lendas e Mitos da Lagoa dos Barros


Além das riquezas naturais a Lagoa dos Barros é rica em histórias e lendas contadas por moradores da região que se mantém vivas até hoje graças ao imaginário popular. Encantada, mal assombrada, são alguns dos adjetivos usados para definir o mistério que envolve a Lagoa dos Barros.
 
Quem nunca escutou comentários de que nas profundezas da Lagoa vivia um monstro; ou de ninfas deslizando pela lagoa montadas em corcéis brancos carregados pelos ventos; ou ainda de que em períodos de seca é possível ver ao longe o topo de prédios mais altos e, em algumas ocasiões, ouvir o sino da Igreja tocando de uma possível cidade submersa construída no centro da lagoa. Não se tem qualquer notícia da existência de uma cidade do gênero nas proximidades, quanto mais em meio às águas.
Mas, entre todas as lendas envolvendo a Lagoa dos Barros com certeza a mais difundida e também macabra nasceu de um fato verídico. O famoso assassinato que movimentou Porto Alegre em 1940, quando o noivo da jovem Maria Luiza matou-a e jogou seu corpo na lagoa amarrado a uma pedra. 
 
Moradores dizem que já encontraram uma mulher de branco à noite perto da lagoa. Quando foram em sua direção, um vento fortíssimo começou a sacudir as árvores chegando a arrancar pedaços do solo. De repente, a figura sumiu sem deixar vestígio. Outra história sobre a mulher de branco surgiu em 1958, quando dois caminhoneiros a viram andando na beira da estrada que margeava a Lagoa dos Barros, à noite. Estranhando encontrar uma mulher sozinha àquela hora eles pararam para investigar, mas a figura desapareceu.
 
 A história sobre a visão da mulher de branco que perambula pela lagoa a procura do seu noivo-assassino continuam se repetindo até hoje,às vezes assistando muitas pessoas. 
A Lagoa dos Barros também tem histórias sobre um barco todo iluminado, que surge do nada nas noites mais escuras, e, da estranha aparição de dois misteriosos padres em suas margens. Essas lendas são bastante conhecidas pelos habitantes da região e visitantes mais assíduos. Independente de verdade ou mero causo estas histórias aumentam a curiosidade das pessoas e dão um toque de magia a Lagoa que é um dos lugares mais interessantes do Brasil.

INVERNO GAÙCHO


 inverno


inverno
Eis que o "general inverno" resolveu que era hora de "tomar" o posto e mostrar a que veio. E neste Domingo a temperatura gelada  acontenceu na maior parte do Estado. Somente na Fronteira Oeste os termômetros registraram temperaturas -4°C.Em Vacaria, nos campos de cima da Serra, o -3,1°C, devido a umidade e ao vento, parecia -5°C. Na mesma região, em São José dos Ausentes, a temperatura ficou em -7°C.
Este fenomeno típico do sul do Brasil, "incentiva" ficar a beira do fogão a lenha, tomar um mate, solito ou acompanhado, comer pinhão e lagartear. Não esquecendo que a fruta da época, a bergamota, pode acompanhar o "lagarteamento".
E vamos para mais esta "degustação da massa polar" que se avizinha em todo o pampa gaúcho e platino.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

HERANÇA- A.S.R.


                                       HERANÇA
 Apparicio Silva Rillo

Naqueles tempos, sim,
naqueles tempos as casas já nasciam velhas.
Naqueles tempos, sim, naqueles tempos, sim,
naqueles tempos as casas já nasciam velhas.
Eram uma casas cálidas, solenes
sob as telhas portuguesas, maternais.
Em pálidos azuis eram pintadas
e em brancos, em ocres e amarelos.
Algumas nem mesmo tinham reboco. Na
carne dos tijolos mostravam-se nuas,
abertas em janelas que espiavam
da sombra verde para o sol das ruas.

Naqueles tempos, sim,
naqueles tempos
tinham balcões e sacadas essas casas
e úmidos porões e sótãos com fantasmas.
E tinham jasmineiros sobre os muros
e acolhedoras latrinas de madeira
disfarçadas entre as plantas dos quintais.
E laranjeiras e galos e cachorros
um barril barrigudo cheio d'água
e uma concha de lata para a sede.
Nas varandas que eram frescas e abertas
a moleza da sesta numa rede...

Naqueles tempos, sim,
naqueles tempos
as portas eram altas
e alto o pé-direito das salas dessas casas.
Mas eram simples as pessoas que as casas abrigavam.
Os homens chamavam-se Bento, Honorato, Deoclécio,
as mulheres eram Carlinda, Emerenciana, Vicentina.
Os homens usavam barbas e picavam fumo em rama,
as mulheres faziam filhos, bordados e rosquinhas.
Os homens iam ao clube, as mulheres À missa,
e homens e mulheres aos velórios.
Morriam discretamente e ficavam nos retratos.

Naqueles tempos, sim,
naqueles tempos
a igreja tinha santos nos altares
e havia mulheres rezando ao pé do santos.
O padre usava uma batina cheia de manchas e botões,
batizava crianças, encomendava os mortos,
rezava a missa em latim: "Agnus Dei"...
e comia cordeiro gordo na mesa do intendente.
Os homens ajudavam nas obras da igreja,

mas acreditavam mais nas armas que nos santos.

Naqueles tempos, sim,
naqueles tempos
os chefes eram chamados "coronéis".
Ganhavam seus galões debaixo da fumaça
em peleias a pata de cavalo,
garruchas de um tiro só e espadas de bom aço.
As mulheres plantavam flores e temperos
pois tinham mesma valia o espírito e o corpo.
Sabiam receitas de panelas fartas,
faziam velas de sebo e tachadas de doce
e de graxas e cinzas inventavam sabão.

Naqueles tempos, sim,
naqueles tempos
os bois mandavam nos homens,
e por isso a vida era mansa na cidadezinha
arrodeada de ventos, chácaras e estâncias.
Os touros cumpriam devotamente o seu mister
e as vacas, pacientes,
pariam terneiros e terneiros e terneiros.
O campo engordava os bois,
as tropas de abril engordavam os homens
e os homens engordavam as mulheres.

Por isso a cidade chegou até aqui.
Por isso estamos aqui
- netos e bisnetos desses homens,
dessas mulheres, netas e bisnetas.

Por isso um berro de boi nos toca tanto
e tão profundamente.
Por isso somos guardiões de casas velhas,
almas de sesmarias e de estâncias,
paredes que suportam seus retratos.

O músculo do boi na força que nos leva.
A barba dos avós como um selo no queixo.
O doce das avós na memória da boca
e nela este responso:

- Naqueles tempos, sim, naqueles tempos...

CONTOS GAUCHESCOS


                                      CONTOS GAUCHESCOS

 
OBRA MAIS CONHECIDA DO AUTOR
 
OBRAS DO AUTOR:

Teatro:

Mixórdia (revista cômico-burlesca) - 1894 / 1895;

O boato (revista cômica) – 1894;

Os bacharéis – 1896;

A viúva pitorra (comédia) – 1898;

A Fifina (comédia) – 1899;

Amores e facadas de Jojô e Jajá, não Ioiô e Iaiá (comédia) – 1901;

O maior credor (burleta) – 1914;

Sapato de bebê – 1915.

Conto:

Cancioneiro guasca – 1910;

Contos gauchescos – 1912;

Lendas do Sul – 1913;

Casos do Romualdo – 1952 (póstuma);

Terra gaúcha – 1955 (póstuma).

A OBRA


                 "Contos Gauchescos", de Simões Lopes Neto


A obra
Publicados em 1912, os contos que compõem a obra poderiam ser resumidos como o registro da vida do homem do pampa, centrado na figura do gaúcho quase mítico Blau Nunes. Oitenta e oito anos, todos os dentes, Blau serve de guia pelas terras do Estado a um homem letrado, já urbano, que registra as histórias que escuta. Por falta de um melhor nome, pode-se dizer que o acompanhante de Blau é um espécie de duplo de Simões Lopes Neto.

Costumes e hábitos gaúchos
Associado ao Regionalismo pré-modernista, Contos Gauchescos segue uma estética realista, revelando as características da vida pampiana, incluindo a própria linguagem, "dialeto", sul-rio-grandense, falado por Blau. Os costumes e os hábitos gaúchos ocupam boa parte dos contos. Tem-se também, em alguns contos, como pano de fundo histórico, as sangrentas guerras que abalaram a Província de São Pedro ao longo do século 19 (Cisplatina, Guerra dos Farrapos, Guerra do Paraguai).

Crítica social
Outro aspecto que não se pode deixar de marcar é a crítica social, nem sempre velada, que Blau Nunes faz aos poderosos, sejam eles estancieiros, capazes de matar o leal boi Cabiúna por causa de seu couro velho, em Boi Velho, ou mesmo os refinamentos imperiais daqueles que são "os outros", os não-gaúchos, em O Chasque do Imperador.
A temática central dos contos, no entanto, parece ser mesmo a violência, diretamente ligada à ação dos homens, nos contos de guerra ou de disputa ao modelo duelo, ou disparada pelas mulheres, quando assumem a figura da fêmea demoníaca (mulher teniaguá), como em Negro Bonifácio e O Jogo do Osso.

Contos principais
.
O Jogo do Osso — Chico Ruivo perde a mulher Lalica para Osoro no jogo do osso. Mata os dois quando se vê provocado ao final.

O Negro Bonifácio — Conto de extrema violência.

O Anjo da Vitória — Batismo de fogo de Blau Nunes, ainda criança, na guerra. Destaque para o anjo da vitória, José de Abreu .

Trezentas Onças — Blau Nunes recupera a guaiaca esquecida junto a uma sanga graças à honestidade dos peões.

O Contrabandista — Jango Jorge vai ao outro lado da fronteira buscar o enxoval da filha. Retorna morto.

No Manantial — História de paixão e sangue.

Melancia Coco Verde — Os códigos de amor entre Costa e Talapa, com a ajuda de Reduzo.

Boi Velho — Símbolo da ingratidão e da ganância dos estancieiros.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O NOME PORTO ALEGRE



                              Porto Alegre, fruto da teimosia

A LENDA DO QUERO QUERO



                                      

Ave_Quero_quero


A Santa Família, na sua fuga do Egito, preferia viajar à noite, para não ser vista pelos soldados do rei Herodes, que andavam à sua procura, para matar menino Jesus.

De dia, sempre que podiam, os fugitivos entravam em alguma gruta da montanha e lá dentro, livres do calor demasiado do sol, descansavam para que, ao anoitecer, recomeçassem sua penosa jornada.
O burrico só faltava falar. Parecia entender o perigo que a Sagrada Família estava correndo. Não empacava, não ornejava, não fazia o menor ruído ao mudar os passos. É que ele sabia, que sua grande missão era conduzir sua divina carga ao salvamento.

Por outro lado, as aves, mesmo as mais afoitas ao canto, mantinham-se em silêncio, ocultas sob o dossel das ramagens. Suas vozes eram tão discretas, não passavam que cochichos e isso mesmo bem abafados, pelo caridoso desejo de não denunciar a presença dos fugitivos. Até os sapos eram como pedras entre as pedras do caminho, as rãs então, eram como folhas verdes entre as folhas verdes que boiavam nas águas mortas. Não era ouvido o seu coaxo característico.

O quero-quero, entretanto, alheio à todos esses acontecimentos, mais parecia um bicho-carpinteiro e não cessava de gritar à altos brados com a sua voz aguda:

- Quero! Quero!......

Mas aquela não era uma boa hora para "tanto querer" e Nossa Senhora e São José, repararam em seu comportamento inoportuno. Ficava parecendo que o peralta da campanha, tão barulhento, fazia o possível para que os soldados, alertados, fossem especular o que estava passando àquela altura na noite naqueles escuros e desertos caminhos...

Para castigo de ser tão inconveniente, o quero-quero acabou ficando cantando daquela maneira para sempre, alertando sem descanso o lugar onde é encontrado.

Dia 05 (cinco) de outubro é comemorado o "Dia da Ave", esses pequenos anjos que são símbolos dos estados superiores do ser e do pensamento.

Para algumas culturas milenares, os pássaros já foram considerados fadas, intermediários entre o mundo humano e divino, espíritos guerreiros reencarnados e algumas vezes, podiam adquirir aspectos de uma Deusa, como da escandinava Freya ou Rainha da ilha de Avalon Morgana, que também se metamorfoseava-se
em ave.

No Rio Grande
do Sul há um sentinela, um verdadeiro "cão-guardião" do nosso território, que está sempre atento, marchando pelos pampas e que pode prever com antecedência a presença de qualquer intruso: o QUERO-QUERO.

De tanto querer, o quero-quero acabou sendo consagrado como a Ave-Símbolo do Estado gaúcho pela Lei 7418 de 01/12/1980. Mas o pássaro, ainda não satisfeito, continua querendo e, segundo a voz do povo, "querer é poder", hoje é a mais cotada para tornar-se Símbolo Nacional.

A lição que fica da Lenda do Quero-Quero é que deve-se ter muito cuidado com o "querer" demais, pois para o olhar da cobiça, tudo pode ser possuído. A cobiça é uma das forças mais poderosas no mundo ocidental atual. É triste ver que as pessoas muito cobiçosas nunca possam desfrutar do que têm, pois sempre almejam possuir mais. O motor e o plano da cobiça são sempre os mesmos. A alegria é a posse, mas a posse é sempre descontente, tem uma insaciável avidez interior. A cobiça é pungente, porque está sempre obcecada e esvaziada pela possibilidade futura. Entretanto, o aspecto mais sinistro da cobiça é a capacidade de sedar e extinguir o desejo. Ela destrói a inocência natural do desejo, arrasa-lhe os horizontes e substitui-os por uma possessividade compulsiva e atrofiada. É essa cobiça que está atualmente envenenando os homens e a terra, pois o "ter" tornou-se inimigo do "ser". A corrupção em que se encontra envolvida a política nacional é um exemplo claro do que lhes digo.

As riquezas são com razão odiadas por um homem guerreiro, pois um cofre cheio impede a verdadeira glória.

DANÇAS E RITIMOS



                         Danças e Ritmos  do Rio Grande do Sul


As danças ocupam um espaço nobre dentro do tradicionalismo gaúcho. Tanto como expressão de emotividade quanto uma manifestação de arte, que requer técnica e habilidade. Desde os primórdios, a dança se constitui num exercício para corpo e um descanso para espírito. A topografia do terreno, a vestimenta, o espírito, a idiossincrasia e a emotividade do indivíduo, foram os pontos de apoio em que se assentaram as bases para a formação coreográfica que se criou em cada setor do universo. Segue algumas danças e ritmos:
Anu: Dança típica do fandango gaúcho, o anu foi dança predileta do gaúcho Sul-Rio-Grandense, em meados do século passado. A partir daí se amoldou às características desta nova geração coreográfica, com nítida influência das danças platinas sob comando. É legítima dança de pares soltos, mas não independentes.

Balaio: O balaio é brasileiro da gema e procede do Nordeste. O balaio guarda nitidamente a feição de nossos velhos lundus que criaram, no Nordeste do Brasil, o baião ou baiano. O nome “balaio” origina-se do aspecto de cesto que moças dão as suas saias, quando o cantador diz: “moça que não tem balaio, bota a costura no chão”. Trata-se de dança sapateada e, ao mesmo tempo, dança de conjunto.

Bugio: Este ritmo puramente gaúcho, rude como animal das indomáveis querências, brotou da gaita 48 baixos de Neneca Gomes – Wencelau da Silva Gomes – nas serras de Mato Grande, 5.º distrito de São Francisco de Assis, o umbigo Rio Grande do Sul, como denominava Getúlio Vargas esta região. Muito popular nestes pagos por suas habilidades musicais, Neneca Gomes procurou imitar o ronco do Bugio por volta de 1928, tendo em seguida chegado numa espécie de canto cadenciado que levou o nome de “os Três Bugios”, em homenagens a estes bichos domesticados que tinha em casa. A música muito popular entre os gaiteiros da região missioneira de São Francisco de Assis, Santiago. Bossoroca, Jaguarí e São Borja, ganhou impulso e notoriedade maior a partir dos estudos musicais realizados por Paixão Cortes e Barbosa Lessa e, posteriormente, com a gravação dos irmãos Bertussi e um pouco mais tarde a divulgação feita pelo músico Leonardo. O Bugio é uma composição de notas retratando a vida simples da campanha onde a dança permanece muito cultuada embora a música tenha ganho as cidades. “O Bugio é cantado em diversas facetas. Em momentos representa o piá arteiro, peão destemido, moço faceiro etc. Noutra o próprio animal, numa defesa e valorização ecológica da fauna gaúcha.

Cana-Verde: A “Cana-verde” chegou de Portugal, e se tornou popular em vários estados brasileiros. Naturalmente foi adquirida cores locais, em cada região e dessa forma produzindo variantes da dança-origem. A coreografia foi a mais difundida no nordeste e litoral do Rio Grande do Sul.

Chimarrita ou Chamarrita: Com os nomes de Chama-Rita, foi introduzida pelos colonos açorianos ao inicio da formação do Riu Grande do Sul. Desde a sua chegada, a “chamarrita" foi-se amoldando às subseqüentes gerações coreográficas. Do Rio Grande do Sul (e de Santa Catarina), a dança passou ao Paraná, ao Estado de São Paulo, bem como às províncias argentinas de Corrientes e Entre-Rios, onde ainda hoje são populares as variantes “Chamarrita e Chamamê”.

Chote de duas damas: Bonita variante do chote, em que o homem dança com duas damas simultaneamente. Essa presença de duas mulheres não é raridade: antigas danças germânicas também foram assim, os platinos tiveram o “palito”, e na cidade de São Paulo dançou-se da década de 20 um “chote militar” com duas damas. Não necessita de melodia específica, dança-se ao som de um chote comum. Por nós é dançada com partitura de “Chote Laranjeira”.

Chote Inglês: Dança de salão difundido nas cidades brasileiras ao final do século XIX. Suas melodias, excutadas ao piano nos centros urbanos, chegaram a ser conhecidas no meio rural. Registramos algumas variantes de chote inglês em várias regiões do Rio Grande do Sul.

Chula: Um dos mais importantes livros-de-viagem referente ao Estado do Rio Grande do Sul – a “Notícia Descrita da Província do Rio Grande de São Pedro do Sul,” escrita por Nicolau Dreys em 1817 e publicada em 1839 - foi acentuado por uma passagem da obra, em que o viajante nos fala que a sociedade dos gaúchos era uma sociedade sem mulheres. Naquela época, “gaúcho” era um termo pejorativo indígena, homem sem lar e sem querência – bem distinto do campeiro das estâncias, apegado à terra e à família. O tempo passa-se em jogar, tocar ou escutar uma guitarra n’ alguma pulperia, e às vezes, dançando chula, sem a participação de mulheres, enfim a chula é dança de agilidade masculina ou de habilidade sapateadora, em que os executantes demonstram suas qualidades individuais.

Dança dos Facões: Danças de esgrima, em que, ao invés de porretes ou bastões, se usam espadas ou facas de verdade, são registradas na Ásia, na Europa Oriental, na África muçulmana, em regiões onde se encontram aglomerados predominantemente masculinas. Cada dançarino mune-se de dois facões, afiados, e as evoluções exigem destreza, acuidade, reflexos rápidos.

Malambo: Tradicional sapateado argentino, executado apenas por homens. Do folclore o malambo passou ao teatro tradicionalista argentino e hoje foi incorporado, com muito entusiasmo às festas típicas dos tradicionalistas uruguaios e sul-riograndeses. Além de uma melodia tradicional, inconfundível, há várias melodias de malambo criadas por eméritos compositores platinos, dando oportunidade ao surgimento de notáveis criações coreográficas, artísticas, onde os dançarinos fazem malabarismo com base no tema folclórico original.

Maçanico: Com o nome “Maçanico” surgiu no Estado de Santa Catarina e daí passou ao nordeste e litoral do Rio Grande do Sul. É uma de nossas danças mais animadas. O nome maçanico é corruptela de maçanico, ave das lagoas.

Pau-de-fitas: Nenhuma dança, como o “Pau-de-fitas”, pode merecer, com tamanha propriedade, o nome “dança universal”, e é de todo infrutífero, ao pesquisador, tentar buscar-lhe o ponto geográfico de origem, pois a “dança das fitas” parece surgir de todos os lados e em todos os povos. A tese mais acertada é a do folclore argentino Carlos Veja que vê na “dança das fitas” uma sobrevivência das solenidades de cultura às árvores, tão disseminada entre os povos primitivos.
Pericóm: Como reflexo do que ocorrera em Paris e em toda América, surgiu no Prata, na primeira dança de um conjunto chamada “Pericom”. Da província de Entre-rios e a Banda da Oriental do Uruguai o ”Pericom” passou à campanha do Rio Grande do Sul. Na fronteira entre o Brasil e o Uruguai.

Pezinho: O “Pézinho” constitui uma das mais simples e ao mesmo tempo uma das mais belas danças gaúchas. Como dança e como elemento de festas, foi e é ainda muito popular em Portugal e nos Açores, veio a gozar de intensa popularidade no litoral dos estados brasileiros de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
 
Ratoeira: Dança em formação de roda, aparentada com as cirandas, que se difundiu nas áreas de cultura açoriana do Estado de Santa Catarina. No Rio Grande do Sul sua presença foi assinalada apenas no litoral-norte e planalto de Vacaria

Rilo: Paris importou juntamente com as contradanças uma dança da Escócia chamada ‘reel’ em formação de roda e utilizando a figura do 8, com o nome ’ril’ a dança foi apreciada nos salões brasileiros em meados do século passado e daí chegou aos meios rurais rio-grandenses, onde a denominação foi aportuguesada para ‘rilo’.

Roseira: Uma das danças regionais sul-rio-grandenses onde se percebe maior parentesco com danças regionais de Portugal, numa confirmação de tese do foco de origem comum.

Sarrabalho: É uma das danças gaúchas mais características da geração coreográfica de pares soltos, com o homem parecendo perseguir à mulher, ambos castanholando com os dedos, forte sapateado, tudo de acordo com a longínqua origem ibérica.

Tatu, com volta no meio: Nos primeiros tempos, o “tatu”, como legítima dança do fandango, consistia num sapateado pelos pares soltos, sem maiores características. Posteriormente, o “tatu” sofreu a intromissão, em sua coreografia, da “Volta-no-Meio” – uma dança que tornou popular no Brasil em meados do século passado.

Tatu Novo: Em 1954, quando da visita de Porto Alegre da Sociedade Crioulla El Pericón, de Montevidéu, foi prestada uma homenagem aos visitantes com uma dança nova, deliberamente montada pelo CTG “35” para assinalar aquele grato encontro. Trata-se de uma adaptação à música do “Anuário”, com base do antigo sapateado à gaúcha. Essa criação coreográfica tornou a ser apresentada posteriormente, por outros grupos, e ganhou nos círculos tradicionais o nome de tatu “novo”.

Tirana do Lenço: A “tirana” foi uma das danças espanholas mais difundida na América Latina. Afirma-se que a “tirana” nasceu em Madri, em 1773, lançada pela cantora Maria Rosário Fernandez, esposa de um ator cognominado “El Tirano”.

Caranguejo: Diz Oneyda Alveranga que o “caranguejo foi popular no país todo e sobre ele há referência desde o século XIX. É dança grave, de pares dependentes, lembrando uma muito possível origem no minueto. No Rio Grande do Sul o primeiro registro musical foi feito por Alcides Cruz, para o “Anuário do Rio Grande do Sul”, de 1903.

Rancheira: É uma versão da mazurca, muito divulgada no séc. XIX em toda a comunidade européia. Este ritmo é também muito conhecido no sul da Argentina como ranchera ou, inicialmente, “mazurca de rancho”.No Rio Grande do Sul, segundo Paixão Cortes e Babosa Lessa, a divulgação deste ritmo se deu em maior escala com o aparecimento do rádio, sendo uma versão regional da mazurca polonesa. Sua coreografia é executada de três maneiras: primeiro como uma espécie de valsa, típica da fronteira; depois, à maneira serrana, a rancheira sendo dançada com maior vitalidade, com forte marcação na primeira batida; finalmente, ela é dançada no litoral, onde sua forma mais usada é a marchadinha, ou seja, com passos duplos de terol (segundo Paixão Cortes e Barbosa Lessa são passos duplos de marcha), onde o homem empurra e puxa a mulher e onde o par se segura nos cotovelos, como a Chimarrita Balão (dança do folclore gaúcho).Na primeira maneira de dançar, ou seja, na rancheira da fronteira, a marcação é como valsa, ma com a diferença de que é feita uma forte marcação no primeiro passo, no tempo mais forte da música, maneira esta mais utilizada na fronteira do Estado. A segunda é a rancheira serrana, cujo passo é executado saindo do chão, com vitalidade e sendo mais pulada, mas mantendo os passos da primeira. A diferença está na execução. A terceira marcação possível é a de utilizar sua coreografia é de forma puladinha ou marchadinha, como a utilizada no litoral do Rio Grande do Sul.

Chimarrita-Balão: A “Chimarrita-Balão” é conhecida somente no litoral-norte e planalto-do-nordeste do Rio Grande do Sul. “Balão” foi uma dança bastante vulgarizada em Portugal no Século passado, e teve, no Brasil, variantes como ‘Balão-Faceiro”. Não encontramos, a não ser na denominação, a mínima semelhança entre a “Chimarrita-Balão” e a tradicional “Chimarrita”.

Chamamê: Ritmo originário da Argentina, a difusão deste gênero de música na década de 40 se deve em princípio às gravadoras de Buenos Aires e advento do rádio.No Rio Grande do Sul a entrada deste ritmo se deve em muito a proximidade do Brasil e suas fronteiras com países como a Argentina e o Uruguai. Outros gêneros de músicas como a Milonga, o Tango e o Bolero tiveram e ainda têm influência direta na história da formação musical do Rio Grande do Sul. Assim também o chamamê teve sua influência na cultura musical do Estado, principalmente nos últimos vinte anos; foi um dos que mais se popularizou, fazendo hoje parte de todo tipo de encontro onde houver música regional.O chamamê dançado por argentinos ou uruguaianos, em que a marcação também é ternária, assemelha-se à marcação da valsa, nada tem a ver com as loucuras feitas hoje em dia nos nossos bailes, onde acabaram inventando o chamachote ou choteme e, depois, na hora de dançar um chote, caminham como se fosse um chamamê.Opções para figuras ou variações dentro do chamamê, seriam algumas figuras de tango, que, mesmo antes de fazerem parte do tango, já ilustravam as polcas, chamamês e milongas. Vale dizer aqui rapidamente sobre o por quê motivo falo do tango: é que este surgiu primeiro como dança, mas depois se casou com o ritmo do tango andaluz que chegou a região dos pampas. Antes os passos, que depois virão a casar com o ritmo aprendido nos camdombes, eram dançados pelos compadritos em ritmos da sociedade de então, entre estes o chamamê.

Valsa:  A dança surgiu do antigo minueto, claro que com forte influência de ritmos nacionais da Áustria como Leander e o Deustscher, Tanz sendo a primeira dança de salão de pares enlaçados firmemente. Nas primeiras notícias sobre valsa, temos menção de apresentações datadas de 1660 em Viena, difundindo-se no ínicio do século passado para a França e a Inglaterra. Sendo esta dança tocada em compasso ternário allegro, sempre com diversas partes.

Vanera: Origina-se da habanera, que é um ritmo, cubano de danças e canções, nome este dado em referência a esta capital Havana (La Habana).Seu compasso é binário, de moderado a lento ritmo que foi se popularizar no século XIX e foi muito utilizado por compositores espanhóis e franceses.No Brasil, influenciou não somente ritmos do Rio Grande do Sul, mas também outros, como o samba-canção.No Rio Grande do Sul, a nossa vanera adotou nomenclaturas diversas, como vaneirinha, vanerão ou, ainda, limpa-banco.Dançada assim, com marcação 2 e 2, nos salões do Rio Grande do Sul, dançada puladinha (no que lembra o passo do Bugio) ou arrastada, esta marcação é feita em qualquer direção.O homem inicia com o pé esquerdo indo em diagonal; logo depois, o segundo passo é dado para frente. Entre estes dois movimentos, o outro pé desloca-se levemente em um pequeno arrastar.Os pés partem da posição inicial já indicada nos fundamentos da postura, sendo que os primeiros passos são feitos como se quiséssemos formar um horário de dez para as duas.

Milonga: É um ritmo argentino, mas de origem africana e que surgiu no fim séc. XIX. Inicialmente era considerada vulgar. Seu nome provém do dialeto angolano quimbundo e significa palavra. Foi esse nome que o povo deu ao canto dos payadores. Nascida nos arredores de Buenos Aires, alguns autores ainda alegam que teria surgido a partir da mazurca.A milonga foi introduzida no Rio Grande do Sul inicialmente na fronteira, ao som do violão, o acompanhamento predileto dos declamadores gaúchos.A milonga no Rio Grande do Sul é dançada com a marcação de 2 e 1, duas marcações feitas com uma perna e a outra fazendo deslocamento com um passo para frente ou para trás.