quinta-feira, 24 de maio de 2012

CONCURSO CULTURAL VIVO e CANAL RURAL


Concurso Cultural Vivo e Canal Rural já tem duas finalistas.

Demonstre o seu amor pelo cavalo crioulo e concorra a um smartphone da Vivo


O O Concurso Cultural "Eu Vivo o Freio de Ouro no Canal Rural" já tem duas finalistas. A foto selecionada, na primeira etapa, pela comissão julgadora do Canal Rural e da Vivo foi enviada por Lizie Pereira Buss, de Brasília (DF). E na segunda etapa, a mesma comissão votou na imagem de Alessandra Clemente, de Mandirituba (PR). O vencedor de cada etapa vai ganhar um brinde e terá sua foto exibida na TV, além de ir pra votação final, quando vai concorrer a dois smartphones. O primeiro colocado da final receberá um telefone celular da Vivo desbloqueado modelo Lumia 800 da marca Nokia, e o segundo será premiado com um telefone celular da Vivo desbloqueado modelo Lumia 710.

Etapa 3 - 09h00min do dia 20/05/2012, até as 12h00min do dia 01/06/2012;
Etapa 4 - 09h00min do dia 03/06/2012, até as 12h00min do dia 08/06/2012;
Etapa 5 - 09h00min do dia 10/06/2012, até as 12h00min do dia 15/06/2012;
Etapa 6 - 09h00min do dia 17/06/2012, até as 12h00min do dia 22/06/2012;
Etapa 7 - 09h00min do dia 24/06/2012, até as 12h00min do dia 06/07/2012;
Etapa 8 - 09h00min do dia 08/07/2012, até as 12h00min do dia 13/07/2012;
Etapa 9 - 09h00min do dia 15/07/2012, até as 12h00min do dia 27/07/2012.

Você pode mandar quantas fotos quiser. A foto classificada em cada etapa será divulgada sempre às 17h do dia de encerramento do envio, no site especial do Freio de Ouro 2012. O resultado da votação popular será divulgado pela televisão a partir das 16h30min do dia 26 de agosto de 2012, durante a transmissão da final do Freio de Ouro ao vivo pelo Canal Rural.

CLASSIFICADOS EM PELOTAS


                Confira os classificados / Pelotas
FÊMEAS
1º Lugar
Uchoa de São Pedro, filha de BT Hospedeiro e Gente Fina de São Pedro; criador Eduardo Macedo Linhares e expositor Elizabeth Lemanski, Fazenda Paraiso, Balsa Nova/PR .
Credenciada em Ponta Grossa com média 18,001 Ginete: Luiz Fernando Rodrigues de Rodrigues

Nota final: 18,269

2º Lugar
Brazão da Roraima, filho de Leco Chico e BT Quarentena II; criador e expositor Rivadavia Fiorillo Menarim, Fazenda Roraima, Ventania/PR Credenciado em Balsa Nova com média 20,414 Ginete: Fábio Gonçalves
Nota final: 19,776

MACHOS
 1º Lugar
 Brazão da Roraima, filho de Leco Chico e BT Quarentena II; criador e expositor Rivadavia Fiorillo Menarim, Fazenda Roraima, Ventania/PR Credenciado em Balsa Nova com média 20,414 Ginete: Fábio Gonçalves 
Nota final: 19,776
 2º Lugar
 Hermosso do Topo da Serra, filho de Gago de Santa Angélica e Alma Perdida do Strass; criador Júlio Cesar Pissetti e expositor Karine e Lucas Enéas da Cruz, Cabanha KLE, Tijucas do Sul/PR
Credenciado em Pato Branco com média 20,623
Ginete Cézar Augusto Schell Freire
Nota final: 18,843


1º Lugar
Uchoa de São Pedro; Elizabeth Lemanski, Fazenda Paraiso, Balsa Nova/PR Ginete: Luiz Fernando Rodrigues de Rodrigues .
Foto: Felipe Ulbrich/ABCCC


1º Lugar
Brazão da Roraima; expositor Rivadavia Fiorillo Menarim.
Ginete: Fábio Gonçalves .

CALENDARIO DAS CLASSIFICATÒRIAS


Veja o calendário das classificatórias para o Freio de Ouro 2012                      

                             Confira as datas e locais das etapas da competição.
                            .
Você pode assistir a todas as classificatórias para o Freio de Ouro através do Canal Rural e C2Rural. Acompanhe as próximas etapas:


Região 2-   Cachoeira do Sul –03 de junho às 9h
Região 3 – Santa Rosa – 10 de junho, às 9h
Região 6 – Caxias do Sul –16 de junho, às 9h
Região 4 – Carazinho – 24 de junho, às 9h
Região 5A – Lages –08 de julho, às 9h
Região 6 – Esteio –15 de julho, às 9h
Região 5C – Brasília – 29 de julho, às 9h

Mais informações em www.ruralbr.com.br/freiodeouro



                     
       

quarta-feira, 23 de maio de 2012

CAMPOS DE CIMA DA SERRA

Precisava  mostrar estas maravilhas que me fazem recarregar a bateria, para continuar andando por este Rio Grande.

Algumas fotos :         

                                                              CAMBARÀ DO SUL

8 Quedas

Neve em Cambara

2  Queda

 
Divisa
Pousada


 

Cachoeira da Princesa


Divisa Rio Grande do Sul / Santa Catarina
Rota

LENDA DO LOBISOMEM

Lobisomem do Cemitério

Aproximadamente na década de 70, na rua 2 de Novembro, onde até hoje se encontra o Cemitério Católico da cidade de Rio Grande, atuava o famoso “Lobisomem do Cemitério”.
Pessoas que passavam tarde da noite por ali diziam que um estranho bicho aparecia sempre a meia noite. Assim que alguém passava, ele pulava do alto muro do cemitério e assustava as pessoas. Os que eram assustados por ele, revelavam que o bicho era meio homem meio animal. Foi a partir desse depoimento que as pessoas começaram a acreditar que se tratava de um lobisomem. Notaram também que o bicho uivava quando agia.
Mas o segurança da Viação Férrea (que ficava em frente ao Cemitério) não acreditava no que estava acontecendo. Então ele resolveu vigiar uma noite inteira o cemitério para ver se o que falavam era verídico. Assim que deu meia noite em seu relógio ele ficou mais atento em tudo que estava em sua volta. Foi aí que ele ouviu um uivo muito alto, no instante uma senhora passava pela frente do cemitério (uma mendiga), e o lobisomem saia do muro. O segurança começou a atirar, e o lobisomem saiu em disparada.
Desse dia em diante nunca mais se ouviu falar nele, mas nada dura para sempre, a qualquer momento pode aparecer um para voltar a assustar a cidade.

CONTANDO UMA LENDA

                                                         LENDAS  GAÚCHAS

O Negrinho do pastoreio


Naquele tempo os campos ainda eram abertos, não havia entre eles nem divisas nem cercas; somente nas volteadas se apanhava a gadaria xucra e os veados e as avestruzes corriam sem empecilhos...
Era uma vez um estancieiro, que tinha uma ponta de surrões cheios de onças e meias-doblas e mais muita prataria;. porém era muito cauíla e muito mau, muito.

Não dava pousada a ninguém, não emprestava um cavalo a um andante; no invemo o fogo da sua casa não fazia brasas; as geadas e o minuano podiam entanguir gente, que a sua porta não se abria; no verão a sombra dos seu umbus só abrigava os cachorros; e ninguém de fora bebia água das suas cacimbas.

Mas também quando tinha serviço na estância, ninguém vinha de vontade dar-lhe um ajutório; e a campeirada folheira não gostava de conchavar-se com ele, porque o homem só dava para comer um churrasco de tourito magro; farinha grossa e erva-caúna e nem um naco de fumo... e tudo, debaixo de tanta somiticaria e choradeira, que parecia que era o seu próprio couro que ele estava lonqueando...

Só para três viventes ele olhava nos olhos: era para o filho, menino como uma mosca, para um bafo cabos- negros, que era o seu parelheirode confiança, e para um escravo, pequeno ainda, muito bonitinho e preto como carvio e a quem todos chamava somente o - Negrinho
. A este não -deram padrinhos nem nome; por isso o Negrinho se dizia afiIhado da Virgem, Senhora Nossa, que é a madrinha de quem não a tem.

Todas as madrugadas o Negrinho galopeava o parelheiro baio; depois conduzia os avios do chimarrão e à tarde sofria os maus tratos do menino, que o judiava e se ria.
Um dia, depois de muitas negaças, o estancieiro atou carreira com um seu vizinho. Este queria que a parada fosse para os pobres; o outro que não, que não? que a parada devia ser do dono do cavalo que ganhasse. E trataram: o tiro era trinta quadras, a parada, mil onças de ouro.

No dia aprazado, na concha da carreira havia gente como em festa de santo grande.
Entre os dois parelheiros a gauchada não sabia se decidir, tão perfeito era e bem lançado cada um dos animais. Do baio era fama que quando corria, corria tanto, que o vento assobiava-lhe nas crinas; tanto, que só se ouvia o barulho, mas não se Ihe viam as patas baterem no chão... E do mouro era voz que quanto mais cancha, mais aguente, e que desde a largada ele ia ser como um laço que se arrebenta...

As parcerias abriram as guaiacas, e aí no mais já se apostavam aperos contra rebanhos e redomões contra lenços.

- Pelo baiol Luz e doble!...

- Pelo mourol Doble e luz!...

Os corredores fizeram as suas partidas à vontade e depois as obrigadas; e quando foi na última, fizeram ambos a sua senha e se convidaram. E amagando o corpo, de rebenque no ar, largaram, os parelheiros meneando cascos, que parecia uma tormenta...

- Empate! Empate! gritavam os aficionados ao longo da cancha por onde passava a parelha veloz, compassada como uma colhera.

- Valha-me a Virgem madrinha, Nossa Senhora! gemia o Negrinho. Se os sete-léguas perde, o meu senhor me mata! Hip! hip! hip!...

E baixava o rebenque, cobrindo a marca do baio.
- Se o corta-vento ganhar é só para os pobres!... retrucava o outro corredor. Hip! hip!

E cortava as esporas no mouro.

Mas os fletes corriam, compassados como numa colhera. Quando foi na última quadra, o mouro vinha arrematado e o baio vinha aos tirões.., mas sempre juntos, sempre emparelhados.

E as duas braças da raia, quase em cima do laço, o baio assentou de supetão, pós-se em pé e fez uma cara-volta, de modo que deu ao mouro tempo mais que preciso para passa, ganhando de luz aberta! E o Negrinho, de em um ginetaço.

- Foi mau jogo! gritava o estancieiro.

- Mau jogo! secundavam os outros da sua parceria.

A gauchada estava dividida no julgamento da carreira; mais de um torena coçou o punho da adaga, mais de um desapresilhou a pistola, maisn de um virou as esporas para o peito de pé... Mas o juiz, que era um velho do tempo da guerra de Sepé-Tiarajú, era um juiz macanudo, que já tinha visto muito mundo. Abanando a cabeça branca sentenciou, para todos ouvirem:

- Foi na le! A carreira é de parada morta; perdeu o cavalo baio, ganhou o cavalo mouro. Quem perdeu, que pague. Eu perdi cem gateadas; quem as ganhou venha.buscá-las. Foi na lei!

Não havia o que alegar. Despeitado e furioso, o estancieiro pagou a parada, à vista de todos, atirando as mil onças de ouro sobre o poncho do seu contrário, estendido no chão.

E foi um alegrão por aqueles pagos, porque logo o ganhador mandou distribuir tambeiros e leiteiras, côvados de baeta e baguais e deu o resto, de mota, ao pobrerio. Depois as carreiras seguiram com os changueiritos que havia.

O estancieiro retirou-se para a sua casa e veio pensando, pensando, calado, em todo o caminho. A cara dele vinha lisa, mas o coração vinha corcoveando como touro de banhado laçado a meia espalda... O trompaço das mil onças tinha-lhe arrebentado a alma.

E conforme apeou-se, da mesma vereda mandou amarrar o Negrinho pelos pulsos a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho.
Na madrugada saiu com ele e quando chegou no alto da coxilha falou assim:

- Trinta quadras. tinha a cancha da carreira que tu perdeste: trinta dias ficará aqui pastoreando a minha tropilha de trinta tordilhos negros... O baio fica de piquete na soga e tu ficas de estaca!

O Negrinho começou a chorar, enquanto os cavalos iam pastando.

Veio o sol, veio o vento, veio a chuva, veio a noite. O Negrinho, varado de fome e já sem força nas mãos, enleou a soga num pulso e deitou-se encostado a um cupim.

Vieram então as corujas e fizeram roda, voando, paradas no ar, e todas olhavam-no com os olhos reluzentes, amarelos na escuridão. E uma piou e todas piaram, como rindo-se dele, paradas no ar, sem barulho nas asas.

O Negrinho tremia, de medo... porém de repente pensou na sua madrinha Nossa Senhora e sossegou e dormiu.

E dormiu. Era já tarde da noite, iam passando as estrelas; o Cruzeiro apareceu, subiu e passou; passaram as Três-Marias; a estrela-d'alva subiu... Então vieram os guaraxains ladrões e farejam o Negrinho e cortaram a guasca da sogra. O bafo sentindo-se solto rufou a galope, e toda a tropilha com ele, escaramuçando no escuro e desguaritando-se nas canhadas.

O tropel acordou o Negrinho; os guaraxains fugiram, dando berros de escárnio.

Os galos estavam cantando, mas nem o céu nem as barras do dia se enxergava: era a cerração que tapava tudo.

E assim o Negrinho perdeu o pastoreio. E chorou.

O menino maleva foi lá e veio dizer ao pai que os cavalos não estavam. O estancieiro mandou outra vez amarrar o Negrinho pelos pulsos a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho.

E quando era já noite fechada ordenou-lhe que fosse campear o perdido. Rengueando, chorando e gemendo, o Negrinho pensou na sua,madrinha Nossa Senhora e foi ao oratório da casa, tomou o coto de vela aceso em frente da imagem e saiu para o campo.

Por coxilhas e canhadas, na beira dos lagoões, nos paradeiros e nas restingas, por onde o Negrinho ia passando, a vela benta -ia pingando cera no chão: e de cada pingo nascia uma nova luz, e já eram tantas que clareavarn tudo. O gado ficou deitado, os touros não escarvaram a terra e as manadas xucras não dispararam... Quando os galos estavam cantando, como na véspera, os cavalos relincharam todos juntos. O Negrinho montou no baio e tocou por diante a tropilha, até a coxilha que o seu senhor Ihe marcara.

E assim o Negrinho achou o pastoreio. E se riu...

Gemendo, gemendo; o Negrinho deitou-se encostado ao cupim e no mesmo instante apagamm-se as luzes todas; e sonhando com a Virgem, sua madrinha, o Negrinho dormiu. E não apareceram nem as corujas agoureiras nem os guaraxúns ladrões; porém pior do que os bichos maus, ao clarear o dia veio o menino, fiIho do estancieiro e enxotou os cavalos, que se dispersaram, disparando campo afora, retouçando e desguaritando-se nas canhadas.

O tropel acordou o Negrinho e o menino maleva foi dizer ao seu pai que os cavalos não estavam lá...

E assim o Negrinho perdeu o pastoreio. E chorou...

O estancieiro mandou outra vez amarrar o Negrinho pelos pulsos, a um palanque e dar-lhe, dar-Ihe uma surra de relho... dar-lhe até ele não mais chorar nem bulir, com as carnes recortadas, o sangue vivo escorrendo do corpo... O Negrinho chamou pela Virgem sua madrinha e Senhora Nossa, deu um suspiro triste, que chorou no ar como uma música, e pareceu que morreu...

E como já era de noite e para não gastar a enxada em fazer uma cova, o estancieiro mandou atar o corpo do Negrinho na panela de um formigueiro, que era para as formigas devorarem-Ihe a carne e o sangue e os ossos... E assanhou bem as formigas; e quando elas, raivosas, cobriram todo o corpo do Negrinho e começaram a trincá-lo, é que então ele se foi embora, sem olhar para trás.

Nessa noite o estancieiro sonhou que ele era ele mesmo, mil vezes e que tinha mil filhos e mil negrinhos, mil cavalos baios e mil vezes mil onças de ouro.., e que tudo isto cabia folgado dentro dem um formigueiro pequeno...

Caiu a serenada silenciosa e molhou os pastos, as asas dos pássaros e a casca das frutas.

Passou a noite de Deus e veio a manhã e o sol encoberto. E três dias houve cerração forte, e três noites o estancieiro teve o mesmo sonho.

A peonada bateu o campo, porém, ninguém achou a tropilha e nem rastro.

Então o senhor foi ao formigueiro, para ver o que restava do corpo do escravo.

Qual não foi o seu grande espanto, quando chegado perto, viu na boca do formigueiro o Negrinho de pé, com a pele lisa, perfeita, sacudindo de si as formigas que o cobriam ainda!...

O Negrinho, de pé, e ali ao lado, o cavalo baio e ali junto, a tropilha dos trinta tordilhos.., e fazendo-lhe frente, de guarda ao mesquinho, o estancieiro viu a madrinha dos que não a têm, viu a Virgem, Nossa Senhora, tão serena, pousada na terra, mas mostrando que estava no céu...

Quando tal viu, o senhor caiu de joelhos diante do escravo.
E o Negrinho, sarado e risonho, pulando de em pêlo e sem rédeas, no baio, chupou o beiço e tocou a tropilha a galope.

E assim o Negrinho pela última vez achou o pastoreio. E não chorou, e nem se riu.

Correu no vizindário a nova dó fadário e da triste morte do Negrinho, devorado na panela do formigueiro.

Porém logo, de perto e de longe, de todos os rumos do vento, começaram a vir notícias de um caso que parecia um milagre novo...
E era, que os posteiros e os andantes, os que dormiam sob as palhas dos ranchos e os que dormiam na cama das macegas, os chasques que cortavam por atalhos e os tropeiros que vinham pelas estradas, mascates e carreteiros, todos davam notícia - da mesma hora - de ter visto passa, como levada em pastoreio, uma tropilhade tordilhos, tocada por um Negrinho, gineteando de em pêlo, em um cavalo baio!...

Então, muitos acenderam velas e rezaram o Padre-nosso pela alma do judiado. Daí por diante, quando qualquer cristão perdia uma cousa, o que fosse, pela noite velha o Negrinho campeava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar da sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o remiu e salvou e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.

Todos os anos, durante três dias, o Negrinho desaparece: está metido em algum formigueiro grande, fazendo visita às formigas, suas amigas; a sua tropilha esparrama-se; e um aqui, outro por lá, os seus cavalos retouçam nas manadas das estâncias. Mas ao nascer do so do terceiro dia, o baio relincha perto do seu ginete; o Negrinho monta-o e vai fazer a sua recolhida; é quando nas estâncias acontece a disparada das cavalhadas e a gente olha, olha, e não vê ninguém, nem na ponta, nem na culatra.

Desde então e ainda hoje, conduzindo o seu pastoreio, o Negrinho, sarado e risonho, cruza os campos, corta os macegais, bandeia as restingas, desponta os banhados, vara os arroios, sobe as coxilhas e desce às canhadas. O Negrinho anda sempre à procura dos objetos perdidos, pondo-os de jeito a serem achados,. pelos seus donos, quando estes acendem um coto de vela, cuja luzele leva para o altar da Virgem Senhora Nossa, madrinha dos que não a têm.

Quem perder suas prendas no campo, guarde esperança: junto de algum moirão ou sob os ramos das árvores, acenda uma vela para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo - Foi por aí que eu perdi...

Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi!...

Se ele não achar: ninguém mais.

LENDAS

                               
                                       O que é lenda?
                        Porque o povo conta lendas?
Estas perguntas não são especiosas, ou gratuitas. Bem ao contrário:
lendas são parte importante do folclore de um povo, estudá-las é
fundamental para o aprofundamento da alma popular. Muitas vezes não conhecemos um grupo social em profundidade sem intimar o seu folclore.
Estudar as lendas, portanto, é fundamental.
As lendas são histórias do País contada pelo seu povo. A lenda é
local e se localiza no tempo obrigatoriamente.
O povo conta lendas para fazer a sua autobiografia, para relatar as
suas memória. Trata-se de uma profunda e urgente necessidade de explicar-se. As lendas são assim um depoimento que o povo faz sobre si mesmo e para si mesmo. É como se estivesse diante do espelho. Trata-se, a rigor, de uma confissão e a Igreja descobriu a importância do confessionário muito antes que a Psicanálise descobrisse o divã do analista.
Depor sobre nós mesmos é catártico e o folclore tem a vantagem
sobre a mera confissão de ser sempre coletivo. Dá explicações, diz dos
porquês, exorciza fantasmas. Um banco forrado de pelego numa roda de mate será sempre mais eficaz que um terapia de grupo, em matéria de resolver os escaninhos da mente popular.

terça-feira, 22 de maio de 2012

CONCEITO

        

         Conceitos sobre o tradicionalismo, folclore na Cultura Gaúcha

TRADICIONALISMO
É um sistema a organizado e planificado de culto, prática e divulgação desse todo que chamamos de Tradição. Obedece uma hierarquia, possui um alto programa contido em sua Carta de Princípios, que deve na medida do possível, realizar e cumprir. Tradição, comparativamente, é o campo das culturas gauchescas. Tradicionalismo é a técnica de criação, semeadura, desenvolvimento e proteção das suas riquezas naturais, através de entidades sociais praticantes desse culto. É basicamente um movimento. O tradicionalismo gaúcho é um estado de consci6encia que busca preservar as boas coisas do passado, com influência com o progresso, adequando esse procedimento a evolução por culto e vivência sem desvirtuar a origem .
 NATIVISMO
É a qualidade ou caráter de nativo, do lugar. É exatamente daqui, é aquele que tem aversão ao estrangeiro. É um aspecto do regionalismo. O nativismo está dentro de um espaço menor do que o regionalista. Este vive atua , reverencia um região que pode ter uma abrangência além do seu território nato, enquanto que o nativista tem a mesma atuação exclusivamente dentro da área que ele delimita como sendo nativo.
REGIONALISMO
É corrente artística direcionada aos temas do local onde se desenvolve. Movimento que trata dos interesses de uma região, que registra a maneira de falar, de declamar, de cantar , de vestir , de cumprimentar , de se alimentar . São os mais diversos aspectos de procedimento dos habitantes de uma região. O regionalismo envolve todas as particularidades econômicas, culturais e procedimentais de uma região. O regionalismo está dentro do tradicionalismo. Porém, a recíproca nem sempre é verdadeira.  
                                     

TERRA QUE CULTIVA A TRADIÇÂO

                                                                 RIO GRANDE DO SUL

                                                              Terra que cultiva a Tradição

Viajar pelo Rio Grande é descobrir em cada rincão que se chega, uma história peculiar, ora contada pelo vento minuano que varre campos, coxilhas e serras, ora contada em proza e verso no folclore de sua gente. Viajar pelo Rio Grande é provar o sabor da comida típica feita no fogão a lenha e um churrasco gaúcho junto ao fogo de chão. Sentir o calor humano e hospitaleiro, o frio do inverno aquecido na roda de chimarrão. É sentir-se em casa em cada casa que se entra, vivenciando em cada lugar por onde se passa um pouco da sua essência.

CULTURA GAÚCHA.

                                                             CULTURA GAÚCHA.

Conhecer a cultura gaúcha, através dos hábitos e costumes do gaúcho, onde a lida campeira retrata bem o modo de ser caracterizado pela sua indumentária, seu hábito de tomar chimarrão, a sua gastronomia muito rica, como o churrasco, o carreteiro, o gosto pelos cavalos, o gado, a terra, do seu chão riograndense. Visitar o Rio Grande do Sul, conhecer suas regiões, participar de um baile gaúcho, ir a um festival de músicas nativistas, assistir a um rodeio, o tiro de laço, ver de perto o modo de ser do povo gaúcho e a sua identidade e preservação das tradições, do folclore.
Grandes artistas, músicos, pajadores, declamadores, cantores, poetas, gaiteiros, escritores manifestam seu apego pelo Rio Grande através da arte, que conservam acesa a chama crioula que fortalece e mantém a essência do nativismo, da identidade do gaúcho, através da cultura gaúcha. Com a arte e cultura, o Rio Grande do Sul, atravessou fronteiras levando a bandeira do Rio Grande nos demais estados do Brasil, assim como no estrangeiro, pois o encontro dos gaúchos junto aos ctgs, fez com que a preservação da identidade e dos hábitos , costumes, e o encontro de gaúchos, de conterrâneos possa ser realizada sempre em um ctg, em um centro de tradições gaúcha. Ouvir uma música campeira, participar de um baile gaúcho, comer um churrasco, e unir as pessoas dentro de um conceito de tradição e cultura, dentro de um ctg, em um outro estado, e em terras distintas, levando consigo a história, geografia, a arte e cultura do Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

GUISO PERSONALIZADO

                                    
                                                    BASTÂO ( GUISO) PERSONALIZADOS.

                                                                 BAH! Negócios e Parcerias

                      

Cabo Guiso com a sua LOGOMARCA.

RESULTADO CLASSIFICATÒRIA PELOTAS

                                                    CLASSIFICATÓRIA PELOTAS. 18/19 e 20/05
                                                           Veja os resultados
                                                                   Fêmeas
1º lugar
El Embeleco Esperame:
 filha de LA Amanecida Esperando e El Embeleco Chismosa; criador Marcelo Rivas Alonso, Santiago-CH, expositor Gonçalo Porto Silva, Cabanha Don Marcelino, Lavras do Sul/RS
Ginete: Lindor Collares Luiz
Credenciadora: Rio Grande/RS (Média: 20,280)
Classificatória: Média 20,699
2º lugar
Nevasca da Boa Vista:
 filha de Juquiri do Purunã e Garoa da Boa Vista; criador Fazenda Boa Vista, Vacaria/RS, expositor Zuleika Borges Torrealba, Cabanha da Maya, Bagé/RS
Ginete: Raul Lima
Credenciadora: São Lourenço do Sul/RS (Média: 19,100)
Classificatória: Média 20,065
3º lugar
Farra de Santa Edwiges:
 filha de Rodopio de Santa Edwiges e Tormenta de Santa Edwiges; criador Daniel Anzanello, Porto Alegre/RS, expositor Daniel Anzanello, Cabanha Santa Edwiges, São Lourenço do Sul/RS
Ginete: Milton Castro
Credenciadora: Rio Grande/RS (Média: 18,695)
Classificatória: Média 19,417
4º lugar
Boneca da Anita:
 filha de Ganadero da Harmonia e Boneca da Harmonia; criador: Giovana Ely Flores/Augusto Luís G. Dias, Porto Alegre/RS, expositor Carla F. Musa/ Onécio Silveira Prado Jr, Estância Tamareira, Santa Rita do Passo Quatro/SP
Ginete: Cézar Augusto Schell Freire
Credenciadora: Rio Grande/RS (Média: 18,880)
Classificatória: Média 19,413
                                                                     Machos
1º lugar
Juego do Infinito:
 filho de Cônsuelo do Infinito e Peumo Chico Clavera, criador e expositor Roberto Sidney Davis Júnior, Porto Alegre/RS, Agropecuária Infinito Ltda, São Sepé/RS
Ginete: José Fonseca Macedo.
Credenciadora: Rio Grande/RS (Média: 20,014)
Classificatória: Média 21,147
2º lugar
Candidato do Ribeirão Bonito:
 filho de Acalanto de Santa Angélica e Delta de Rosazul; criador Arison Jung, Guarapuava/PR, expositor Amaro Cardoso Arteiro Neto, Cabanha Dom Arteiro, Portão/RS
Ginete: Adriano A. Streck
Credenciadora: Santa Vitoria do Palmar (Média: 18,233)
Classificatória: Média 19,733
3º lugar
Baralho da Quinta:
 filho de BT Faceiro do Junco e Anahi da Quinta; criador Estância da Quinta Ltda., Porto Alegre/RS, expositor Mauro de Vargas Morales, Cabanha do Angico, Cachoeira do Sul/RS
Ginete: David de Lima Flores
Credenciadora: Jaguarão/RS (Média: 17,317)
Classificatória: Média 19,592
4º lugar
SJ Velho Barreiro:
 filho de BT Mouro e SJ Nogueira; criador e expositor Lugajo Agricultura e Pecuária Ltda., São Lourenço do Sul/RS, Fazenda São João, São Lourenço do Sul/RS,
Ginete: Maurício Idiart
Credenciadora: Arroio Grande/RS (Média: 19,249)
Classificatória: Média 19,504

TIPOS DE CUIAS PARA CHIMARRÂO


TIPOS DE CUIAS.
















                                                                   

NA HORA DO AMARGO.

                                             10 MANDAMENTOS DO CHIMARRÃO

01- NÃO PEÇAS AÇÚCAR NO MATE
O gaúcho aprende desde piazito o porquê do chimarrão se chamar também mate amargo ou, mais intimamente, amargo apenas. Mas se tu és de outros pagos, mesmo sabendo, poderá achar que é amargo demais e cometer o maior sacrilégio que alguém pode imaginar nesse pedaço do Brasil: pedir açúcar. Pode-se por água, ervas exóticas, cana, frutas, feldspato, dollar, etc. mas jamais açúcar. O gaúcho pode ter todos os defeitos do mundo, mas não merece ouvir um pedido desses. Portanto, tchê, se o chimarrão te parece amargo demais, não hesites, pede uma coca-cola com canudinho. Tu vais te sentir bem melhor.

02- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO É ANTI-HIGIÊNICO
Tu podes achar que é anti-higiênico pôr a boca onde todo mundo põe. Claro que é. Só que tu não tens o direito de proferir tamanha blasfêmia em se tratando de chimarrão. Repito: pede uma coca-cola de canudinho. O canudo é puro como a água de sanga (pode haver coliformes fecais e estafilococos dentro da garrafa, não nele).

03- NÃO DIGAS QUE O MATE ESTÁ QUENTE DEMAIS
Se todos estão chimarreando sem reclamar da temperatura da água, é porque ela é perfeitamente suportável por pessoas normais. Se tu não és uma pessoa normal, assume tuas frescuras (caso desejes te curar, recomendamos uma visita ao analista de Bagé). Se, porém, te julgas perfeitamente igual aos demais, faze o seguinte: vai para o Paraguai. Tu vai adorar o chimarrão de lá.

04- NÃO DEIXES UM MATE PELA METADE
 Apesar da grande semelhança que existe entre o chimarrão e o cachimbo da paz, há diferenças fundamentais. Como o cachimbo da paz, cada um dá uma tragada e passa-o adiante, já o chimarrão não. Tu deves tomar toda a água servida até ouvir o ronco da cuia vazia. A propósito, leia logo o mandamento abaixo.

05- NÃO TE ENVERGONHES DO "RONCO" NO FIM DO MATE
 Se, ao acabar o mate, sem querer fizer a bomba "roncar", não te envergonhes. Está tudo bem, ninguém vai te julgar mal-educado. Esse negócio de chupar sem fazer barulho vale para a coca-cola com canudinho que tu podes até tomar com o dedinho levantado (fazendo pose de assumida).

06- NÃO MEXAS NA BOMBA
  A bomba de chimarrão pode muito bem entupir, seja por culpa dela mesma, da erva ou de quem preparou o mate. Se isso acontecer, tens todo o direito de reclamar. Mas por favor, não mexas na bomba. Fale com quem te passou o mate ou com quem lhe passou a cuia. Mas não mexas na bomba, não mexas na bomba e, sobretudo, não mexas na bomba.

07- NÃO ALTERE A ORDEM EM QUE O MATE É SERVIDO
 Roda de chimarrão funciona como cavalo de leiteiro. A cuia passa de mão em mão, sempre na mesma ordem. Para entrar na roda, qualquer hora serve, mas depois de entrar, espera sempre a tua vez e não queiras favorecer ninguém, mesmo que seja a mais prendada prenda do estado.

08- NÃO CONDENES O DONO DA CASA POR TOMAR O PRIMEIRO MATE
Se tu julgas o dono da casa um grosso por preparar o chimarrão e tomar ele próprio o primeiro mate, saibas que o grosso és tu. O pior mate é o primeiro, e quem toma está te prestando um favor.

09- NÃO DURMAS COM A CUIA NA MÃO
 Tomar mate solito é um excelente meio de meditar sobre as coisas da vida. Tu mateias sem pressa, matutando. E às vezes te surpreendes até imaginando que a cuia não é cuia, mas o quente seio moreno daquela chinoca faceira que apareceu no baile do Gaudêncio. Agora, tomar chimarrão numa roda é muito diferente. Aí o fundamental não é meditar, mas sim integrar-se à roda. Numa roda de chimarrão, tu falas, discutes, ris, xingas, enfim, tu participas de uma comunidade em confraternização. Só que essa tua participação não pode ser levada ao extremo de te fazer esquecer a cuia que está na tua mão. Fala quanto quizeres mas não esqueças de tomar o teu mate que a moçada tá esperando.

10- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO DÁ CÂNCER NA GARGANTA
 Pode até dar. Mas não vai ser tu, que pela primeira vez pega na cuia, que irás dizer, com ar de entendido, que o chimarrão é cancerígeno. Se aceitaste o mate que te ofereceram, toma e esqueces o câncer. Se não der para esquecer, faz o seguinte: pede uma coca-cola com canudinho que ela. etc. etc.

MANEIRA SIMPLES DE CURTIR UMA CUIA. E SORVER UM MATE


MANEIRA SIMPLES DE CURTIR UMA CUIA

Para usar uma cuia nova ou que esteja sem uso há vários meses recomenda-se que seja lavada com água FRIA deixando que as paredes internas fiquem úmidas.

Em seguida coloca-se 1 colher de erva mate seca movimentando-a dentro da cuia para que grude nas paredes internas. Repetir a operação acima a cada 4 ou 5 horas por 2 ou mais vezes.

Importante: após o uso lava-se a cuia e deixa-se secar à sombra na posição horizontal.

QUALIDADES DA ERVA-MATE

Não há contra-indicações ao uso da erva-mate, em qualquer uma das suas formas, para pessoas de quaisquer idades. Ao contrário, a erva-mate possui inúmeras propriedades extremamente benéficas ao organismo humano.
Energizante. Sustenta as forças e o vigor do corpo humano durante o dia todo, independentemente até de qualquer outra alimentação. É muito recomendada para dietas.
Fortificante poderoso, por sua riqueza em Sais Minerais (de Cálcio, Ferro, Magnésio, Sódio, Potássio e outros) e em Vitaminas (B, C, D e E).
Provoca a vaso-dilatação, ocasionando a redução da pressão arterial - por isso, é indicada também como auxiliar no tratamento da arteriosclerose.
Considerada como um verdadeiro complemento alimentar, recomendada para superar fadigas e suprir deficiências alimentares. A erva-mate diminui a sensação de fome.
Atuante na defesa orgânica, sendo extremamente benéfica aos diversos tecidos do corpo humano.
Tônico cardíaco, por sua ação vaso-dilatadora e riqueza em Manganês, Cálcio e Potássio. Seus efeitos no aparelho circulatório são notáveis.
Auxilia a digestão e tem ação diurética - facilitando o trabalho dos rins.
Bebida com poderes afrodisíacos comprovados, pela estimulação que provoca.
Possui propriedades sudoríferas, é um estimulador neuro-muscular e cicatrizante eficaz.
O consumo constante da erva-mate amplia a capacidade respiratória, combate a anemia, o diabetes e a depressão.
A erva-mate é 100% natural.
E é deliciosa.
A ERVEIRA

Características Botânicas

Seu caule, de cor acinzentada, tem em média 30 centímetros de diâmetro. Seu porte é variável e dependendo da idade pode atingir 12 metros de altura, mas geralmente quando podada não passa dos 7 metros.
As folhas, parte mais importante do vegetal, são alternadas, ovais, com bordas providas de pequenos dentes, visíveis principalmente da metade do limbo para a extremidade.
Na floração, apresenta cachos de 30 a 40 flores brancas com quatro pétalas, agrupadas em cimeiras fasciculadas nas axilas das folhas.
O fruto é uma drupa globular muito pequena, pois mede de 6 a 8 mm, de coloração verde quando novo, passando a vermelho-arroxeado em sua maturidade, Cada fruto possui quatro ou cinco sementes.
Na América do Sul existem aproximadamente 280 espécies conhecidas da família das aquifoleáceas, 60 das quais encontram-se no Brasil.
A nossa erva-mate, extraída da Ilex paraguariensis pertence à citada família. Tal classificação deve-se ao sábio naturalista Auguste de Saint'Hilaire, que de volta de sua célebre viagem à América, em 1823, apresentou longo relatório à Academia de Ciências do Instituto de França, fazendo sentir a necessidade de sua classificação botânica. A amostra para identificação foi coletada nos arredores de Curitiba, mas, segundo alguns autores, houve troca de etiquetas e a erva-mate foi identificada como Ilex paraguariensis, St. Hilaire, como sendo originária do Paraguai, nome científico pelo qual é conhecida até nossos dias.
ANÁLISE DO MATE

Pesquisas científicas recentes efetuadas pelo Laboratório Eddy de New York, determinou o seguinte teor de vitaminas, no mate:
º Vitamina A (sob forma de beta carotene) 2.200 U.I.
º Vitamina B1 57 U.I.
º Vitamina B2 (unidades) Sherman Bourquin 69g
º Vitamina C 142 U.I.

                                                        PROPRIEDADES MEDICINAIS

Apresentando as seguintes propriedades terapêuticas:
º Estimulante dos nervos e músculos.
º Diurético - favorecendo a diurese.
º Estomáquico - facilita a digestão
º Sudorífico - benéfico nas gripes e resfriados.
º A cafeína contida na erva-mate, atua em casos de cólicas renais, depressões nervosas e fadigas cerebrais em geral.
Você sabia ?. . . A disseminação da erva-mate é "ornitócora" isto é: os pássaros alimentam-se dos pequenos frutos e depois os expelem envoltos em dejetos, o que concorre para favorecer a sua germinação.
                                      Tradição além das fronteiras gaúchas

Uma lenda indígena, descrita por Alcides Gatto, da Universidade Federal de Santa Maria, indica como começou o uso da erva mate. A mais antiga aponta para a trajetória de uma tribo nômade de índios guarany. Um dia, um velho índio, cansado das andanças, recusou-se a seguir adiante, preferindo ficar na tapera. A mais jovem de suas filhas, apesar do coração partido, preferiu ficar com o pai, amparando-o até que a morte o levasse à paz do Yvi-Marai, a seguir adiante, com os moços de sua tribo.
Essa atitude de amor rendeu-lhe uma recompensa. Um dia um pajé desconhecido encontrou-os e perguntou à filha Jary o que é ela queria para ser feliz. A moça nada pediu, mas o velho pediu 'renovadas forças para poder seguir adiante e levar Jary ao encontro da tribo'.
O pajé entregou-lhe uma planta muito verde, perfumada de bondade, e o ensinou que, plantando e colhendo as folhas, secando-as ao fogo e as triturando, devia colocá-las num porongo e acrescentar água quente ou fria. 'Sorvendo essa infusão, terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão'. O ancião se recuperou, ganhou forças e viajou até o reencontro de sua tribo.
Assim nasceu e cresceu a caá-mini, que dela resultou a bebida caá-y, que os brancos mais tarde chamaram de chimarrão. A origem do nome mate vem do povo espanhol, que preferiu usar a palavra 'mati' (cuia), da língua quíchua, para se ajustar melhor à modalidade grave do idioma. No entanto, logo foi substituída por uma palavra guarany - caiguá - nome composto por caá (erva), i (água) e guá (recipiente).
                                                 Curando as 'borracheras'
A tradição do chimarrão é antiga e remete a tradição à história da colonização espanhola. Soldados espanhóis, que aportaram em Cuba e foram ao México 'capturar' os conhecimentos das civilizações Maia e Azteca, em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguay. Impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina: Assunción del Paraguay.
Acostumados a grandes 'borracheras' - porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda - os desbravadores, nômades por natureza, sofriam com a ressaca. Aos poucos, foram tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarany e notavam que no dia seguinte ficavam melhores. Realmente, o mate amargo é um bom ativante do fígado, auxiliando a curar o mal-estar causado pela bebida.
O porongo e a bomba do chimarrão eram retirados de floresta de taquaras, às margens do rio Paraguay. Por causa da tradição, os paraguaios tomam a bebida fria e em qualquer tipo de cuia. É o chamado tererê, que pode ser ingerido com gelo e limão ou com suco de laranja e limonada no lugar da água.
No Brasil, a erva é socada; na Argentina e no Uruguai, triturada. Nos países do Prata, ela é mais forte e amarga, sendo recomendada para quem sofre de problemas no fígado.
                                               Um prazer compartilhado
Uma roda de chimarrão é um momento de descontração, fazendo parte de um ritual indispensável para unir gerações. O mate pode ser tomado de três maneiras: solito (isoladamente), parceria (uma companheira ou companheiro) e em roda (em grupo).
O mate solito faz parte da cultura do homem que não precisa de estímulo maior para matear do que sua própria vontade. Pode-se dizer que é o verdadeiro mateador, ao contrário do mate de parceria, em que a pessoa espera por um ou dois companheiros. É na roda de mate, porém, que esta tradição conquistou seu apogeu, agrupando pessoas em torno de uma mesma ação: chimarraer.
Aos navegantes de primeira viagem, um aviso: nunca peça um mate, por mais vontade que tenha. Poderá sugeri-lo de forma sutil, esperando que lhe ofereçam. Há um respeito mítico nas rodas de mate.
                                             Matear com excelência
Ao adquirir uma cuia nova é preciso curtí-la por, no mínimo, três dias, ato que é conhecido como curar uma cuia. Deve-se enche-la de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente, mantendo o pirão sempre úmido, impregnando, assim, o gosto da erva em suas paredes. A cinza é utilizada para dar maior resistência ao porongo.
Passando o tempo, retira-se a erva-mate da cuia com uma colher para eliminar os restos de erva. Basta enxaguá-la com água quente e estará pronta para ser usada. O mate se cura cevando, ou seja, quanto mais vezes é tomado, melhores serão os mates.
A mão direita - A entrega da cuia e o recebimento do mate deve ser feito com a mão direita.
Enchendo o mate - Pega-se a cuia com a mão esquerda e o recipiente com a direita. Após, acomoda-se o recipiente e se troca a cuia de mão para matear ou oferecer o mate. seguindo-se, sempre, pelo lado direito, o lado de laçar. O sentido da volta na roda de mate deverá partir pela direita do cevador ou enchedor de mate.
A água para preparar o mate - A temperatura nunca deve estar muito quente, pois pode queimar a erva, dando um gosto desagradável ao mate e lavando-o rapidamente, o recomendado é entre 80º e 85º graus.
O pialador de mate - É o indivíduo que, chegando numa roda de mate, posiciona-se à frente da pessoa que está mateando e à esquerda na mão da roda. O correto é ficar antes do mateador, sempre a sua direita.
A água do mate - A água nunca deverá ser fervida, pela perda de oxigênio, transmitindo um sabor diferente ao mateador. O ideal é quando a água apenas chia próximo de 85º.
Cevar com cachaça - Quando as pessoas fecham um mate (ato de prepará-lo), costumam, em lugar de água para inchar a erva, colocar cachaça, pois ela fixa por mais tempo a fortidão da erva-mate, sem deixar o gosto do álcool. Uma vez inchada a erva, cospe-se fora a infusão até roncar bem a cuia, esgotando-se completamente o líquido.
Só o cevador pode mexer no mate - A menos que se obtenha licença, só o cevador deve arrumar o mate, considerando-se falta de respeito mexer sem permissão. Podemos, isto sim, ao devolver a cuia, avisá-lo do problema.
Em roda de mate - É comum, após o primeiro mate, que sempre é do iniciar a roda pelo mais velho ou por alguém a quem se queira homenagear.
O primeiro mate - Todo aquele que fecha um mate deve tomá-lo primeiro em presença do parceiro ou na roda de mate. Este fato se tornou tradicional devido a épocas em que o mate serviu de veículo para envenenamentos. Por isso, o ato do mateador tomar o primeiro indica que o mate está em condições de ser tomado. Há a lenda jesuíta, que atribuía valores afrodisíacos ao mate. Para evitar que os índios passassem a maior parte do dia mateando, tentando afastá-los do hábito, criaram o mito entre os silvícolas cristianizados que Anhangá Pitã (diabo) estava dentro do mate.
Roncar a cuia - Uma vez servido o mate, deve ser tomado todo, até esgotá-lo, fazendo roncar a cuia.