Porto Alegre, fruto da teimosia
- O nome de Porto Alegre, dado à capital dos gaúchos, é fruto da teimosia de um homem. E o próprio fato da cidade ser a atual capital do Estado também é resultado dessa teimosia. Se não fosse o governador José Marcelino de Figueiredo, com certeza os gaúchos teriam até hoje como capital a cidade de Viamão.
Em 1773, quando resolveu transferir a capital do Rio Grande do Sul de Viamão para a então Porto do Casais, o governador José Marcelino de Figueiredo aproveitou e mudou, também, o nome da nova capital de Porto dos Casais para Porto Alegre. Essa foi uma amostra de seu gênio forte, que fazia com que, às vezes, desse origem a episódios interessantes, como o que ocorreu na própria transferência da capital.
Uma vez tendo decidido a mudança, o governador não se fez esperar: transferiu, em 24 de agosto de 1773, todo o governo para a nova capital, Porto Alegre.
Mas, depois disso, teve que vencer as resistência da Câmara da capital. Os vereadores vacilavam em se mudarem, não obstante as constantes ordens de Marcelino de Figueiredo nesse sentido.
Aborrecido com a demora e com o adiamento de decisões administrativas importantes, o governador, que morava em Porto Alegre, convocou os vereadores para uma reunião. A convocação foi feita em 9 de maio de 1777. No mesmo dia, seguiram os vereadores para a capital, "distante quatro léguas". Quando ali chegaram, foram falar com o governador, que lhes comunicou que deveriam assistir às ladainhas de maio, e sem maiores vacilações determinou que os vereadores fossem retidos na capital, sem poderem sair pelo "Portão", que demarcava a saída da cidade. O portão, localizado na Praça do Portão, ficava na atual praça Conde de Porto Alegre. Naquela época, a pequena cidade era murada, e era hábito fechar o portão ao anoitecer.
Depois de quatro dias, os vereadores voltaram a falar com o governador, que exigiu deles a quantia de 60 mil réis. Preocupados em voltar para casa, pagaram a quantia - que foi usada na construção de uma ponte no Passo de Francisco Antônio.
Mas isso não foi o suficiente para convencer os vereadores a se mudarem para a nova capital - e o governador continuou adotando medidas drásticas. Em 7 de novembro de 1778, voltou a convocar os vereadores, e lhes comunicou que não sairiam de Porto Alegre pois tinham ordem de residir naquele local. Com isso, finalmente, concordaram os vereadores em virem viver na nova capital.
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