quinta-feira, 18 de julho de 2013

A OBRA


                 "Contos Gauchescos", de Simões Lopes Neto


A obra
Publicados em 1912, os contos que compõem a obra poderiam ser resumidos como o registro da vida do homem do pampa, centrado na figura do gaúcho quase mítico Blau Nunes. Oitenta e oito anos, todos os dentes, Blau serve de guia pelas terras do Estado a um homem letrado, já urbano, que registra as histórias que escuta. Por falta de um melhor nome, pode-se dizer que o acompanhante de Blau é um espécie de duplo de Simões Lopes Neto.

Costumes e hábitos gaúchos
Associado ao Regionalismo pré-modernista, Contos Gauchescos segue uma estética realista, revelando as características da vida pampiana, incluindo a própria linguagem, "dialeto", sul-rio-grandense, falado por Blau. Os costumes e os hábitos gaúchos ocupam boa parte dos contos. Tem-se também, em alguns contos, como pano de fundo histórico, as sangrentas guerras que abalaram a Província de São Pedro ao longo do século 19 (Cisplatina, Guerra dos Farrapos, Guerra do Paraguai).

Crítica social
Outro aspecto que não se pode deixar de marcar é a crítica social, nem sempre velada, que Blau Nunes faz aos poderosos, sejam eles estancieiros, capazes de matar o leal boi Cabiúna por causa de seu couro velho, em Boi Velho, ou mesmo os refinamentos imperiais daqueles que são "os outros", os não-gaúchos, em O Chasque do Imperador.
A temática central dos contos, no entanto, parece ser mesmo a violência, diretamente ligada à ação dos homens, nos contos de guerra ou de disputa ao modelo duelo, ou disparada pelas mulheres, quando assumem a figura da fêmea demoníaca (mulher teniaguá), como em Negro Bonifácio e O Jogo do Osso.

Contos principais
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O Jogo do Osso — Chico Ruivo perde a mulher Lalica para Osoro no jogo do osso. Mata os dois quando se vê provocado ao final.

O Negro Bonifácio — Conto de extrema violência.

O Anjo da Vitória — Batismo de fogo de Blau Nunes, ainda criança, na guerra. Destaque para o anjo da vitória, José de Abreu .

Trezentas Onças — Blau Nunes recupera a guaiaca esquecida junto a uma sanga graças à honestidade dos peões.

O Contrabandista — Jango Jorge vai ao outro lado da fronteira buscar o enxoval da filha. Retorna morto.

No Manantial — História de paixão e sangue.

Melancia Coco Verde — Os códigos de amor entre Costa e Talapa, com a ajuda de Reduzo.

Boi Velho — Símbolo da ingratidão e da ganância dos estancieiros.

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