quarta-feira, 16 de abril de 2014

COPA DO MUNDO

                                                   
                                               Copa do mundo 2014 e a gauchada.



As vezes me pego ruminando os pensamentos tentando entender o que nós, os de bombacha, estamos fazendo para tirar proveito da tal copa no mundo no Brasil em 2014.
O turismo é o que mais me chama atenção, pois não vejo movimento algum de MTG, IGTF ou Festivais Nativistas para aquecer, fortalecer e divulgar nossa cultura.
Percebo que nós gaúchos não fizemos arte para os outros, e isso é bom pois nossa cultura tem raízes fortes justamente por ser assim, mas precisamos urgentemente aprender a nos vender como GAÚCHOS para o Brasil e para o resto do mundo.
Os CTGs, por exemplo, são feitos para gaúchos, não para turistas.
Claro, devemos nos manter assim, mas abrir as portas dos galpões e deixar que nos vejam lá dentro.
Os festivais nativistas, esse baita movimento que só nos engrandecem, e faz do Rio Grande do Sul o estado com maior número de festivais de música do País. Quantos músicos são formado nesse movimento? Quanta arte, e qualidade temos escondidas? Sim escondidas, pois sua divulgação é mal-e-mal feita por amantes desse movimento.
Vejo algumas coisas boas e que já estão funcionando, como alguns bares com música nativista ao vivo, é o caso do 
Bar e Restaurante Estância de São Pedro e o Boteco Tchê em Porto Alegre.  Mas estes dois são poucos para uma cultura tão rica como a nossa.
 E dos citados, vejo que falta apoio publicitário para tais empreendimentos, mas apoio de fundamento, feito por profissionais realmente capacitados.
Vamos lá gauchada, vamos aprender a nos vender melhor como gaúchos.
O turista quer ver gente de bombacha por aqui, e não pode só encontrar no acampamento Farroupilha em setembro.


 

HOMENAGEM

Como vamos nos reunir neste feriado da semana santa em Mostardas na praia,pensamos em resgatar uma receita familiar de bacalhau feita pelo meu avô e o prato preferido do meu pai e em homenagem aos dois "IM MEMORIAM". Vamos torcer para que a receita de certo.


                                                        Bacalhau à moda Espanhola 
 


 
 
Ingredientes

          1 kg de bacalhau 
  • 1 cebola grande cortada em 1/2 lua
  • 2 batatas grandes cortadas em 4 no sentido comprido
  • 1/2 pimentão verde picado em quadrados
  • 1/2 pimentão vermelho picado em quadrados
  • 1/2 pimentão amarelo picado em quadrados
  • 3 ovos cozidos
  • Azeitonas pretas
  • Azeite 

                                                                     Modo de Preparo


  1. Dessalgar o bacalhau
  2. Cozinhar o bacalhau e guardar a água para cozinhar as batatas
  3. Em uma frigideira com azeite fritar muito bem a cebola, quase queimar, retirar e depois os pimentões
  4. Arrumar em um refratário que possa ir ao forno e arrumar a cebola com os pimentões, o bacalhau e as batatas com um pouco da água e azeite
  5. Levar ao forno forte de 20 a 40 minutos, para ferver o azeite e depois de retirar do forno arrumar os ovos e as azeitonas

RECEITA OSSOBUCO

Com o frio se aproximando,ja fizemos nossas experiência na cozinha para trazer a vocês algumas receitas novas e que irão esquentar as noites frias ou os domingos com amigos.
Esta receita do Ossobuco, fizemos em Aguas Claras no sitio de Don Eduardo Piaggio pelas mãos de nosso gourmet Nino e com nossa ajudinha. 
É de lamber o beiço.                                    
 
                                                     Ossobuco ( músculo com osso )  



                                          Ingredientes



      2 kg de ossobuco
  • 1 cebola bem picadinha
  • 6 dentes de alho amassados
  • 1 colher rasa de sopa de sal
  • Pimenta do reino a gosto
  • 1 copo de vinagre
  • 1 copo de vinho tinto
  • 1/2 copo de óleo
  • Trigo suficiente para engrossar o caldo


  •                                                              Modo de Preparo


    1. Temperar o ossobuco com a cebola, o alho, o vinagre, o sal e a pimenta
    2. Em uma panela colocar o óleo, deixar esquentar e acrescentar a carne, para fritar
    3. Após adquirir cor, colocar aos poucos água para o cozimento, aproximadamente 130h
    4. Após cozida despejar o vinho enfeitar a gosto
    5. servir com arroz e purê de batatas
    6. se preferir um caldo mais consistente, dissolver 1 colher de trigo em 1/2 copo de água, acrescentando à carne

    RESGATANDO A HISTÓRIA

     

          Parque de Gramado organiza curso de guasqueiro

     

     


     
    Com a proposta de resgatar a história do gaúcho, o Parque Gaúcho de Gramado promove o curso de guasqueiro.
    Os alunos terão noções de manuseio, trançado e costura de couro cru. 
    Com vagas limitadas, as inscrições  podem ser feitas pelo email responsaveltecnico@parquegaucho.com.br ou pelo telefone 54.9154.8947.

     

    quarta-feira, 9 de abril de 2014

    PURA VERDADE


                                                              A mais pura das Verdades...


    Em plena época de caça ao marrecão, numa noite fria, estávamos reunidos e abrigados num  galpão, ao redor dum fogo acolhedor na fazenda dos PIRES, e contávamos  causos de caçadas.
     
    O compadre XIXO estava com a palavra:
    - ...Hoje o bicharedo anda escasso.
    Nos meus tempos o marrecão vinha da Patagônia em bandos de tapar o sol.
    Uma madrugada, estava eu na espera, quando cruzou na minha cabeça a maior quantidade de marrecões que jamais eu tinha visto.
    Nervoso, peguei a minha Reminton automática e, sem mirar, despejei os 5 tiros no meio do bando. Foi aquela chuvarada de marrecão.
    Voava pena pra tudo quanto é lado.
    Contei os bichinhos, minha gente.
    E pasmem: a meus pés estavam 99 marrecões!
    - Compadre, por que não diz logo 100? – Perguntou um dos caçadores.
     O XIXO passou a mão pela cabeça e  respondeu:
    - E tu achas que por causa de um marrecão eu vou passar por mentiroso?

    DON JAIME

                                                                     O TEMPO
    Jayme Caetano Braun O tempo , mais uma do imortal pajador missioneiro,fotos do interior do municipio de Vale do Sol RS e da Pousada do Formigão, uma humilde contribuição a cultura do Rio Grande .





    "A vida é um crédito aberto que é preciso utilizar, guardar dias para o futuro é sempre a grande tolice o juros é sempre a velhice e de que adianta esse juros se é o índio mais queixo duro o tempo amansa no assédio gastar é o melhor remédio no repeixo e na descida porque na conta da vida não adianta saldo médio"
     
                                                                      Don Jaime Caetano Braum

    TROPILHA LA CUERIADA


                                             Que milonga véia bem gaúcha!


    GETULIO VARGAS

                                                      Carta testamento de Getúlio Vargas



    Mais uma vez, a forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

    Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

    Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

    Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

    Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

    E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

    MATE



                                                                      LENDAS DO MATE



    Segundo uma lenda indígena, pré-colombiana, narrada através datradição oral, a origem da erva-mate (caá) é uma doação do "deus"Tupã.

    I - Tupã (Deus supremo), entregou a erva-mate Caá aos feiticeiros (pagés e morubixabas), para que transmitissem seus poderes milagrosos aos filhos do grande Império Guarani.

    II - Outra variante conta que um velho guerreiro guarani, impedido de ir à guerra e à caça, pelo peso dos anos, se consolava apenas com a companhia de sua jovem filha Yari.  Mas isso também lhe trazia tristezas e aflições, sabendo que Yari ficava privada das alegrias da juventude, para estar a seu lado.
    Certa vez, quando sua tribo partira em busca de sobrevivência e ficando só com sua filha, apareceu-lhe um estraho guerreiro pedindo abrigo em sua jornada, dizendo vir de muito longe . . .
    Então, o ancião e a filha o acolheram com respeito nobre, dando sua amizade nativa de hospitalidade.
    Na manhã seguinte, o estranho viajante, agora mais amigo do que forasteiro, ao manifestar sua partida, falou, dizendo ser um enviado de Tupã.  E, dirigindo-se ao velho guerreiro, indagou:
    - O que te falta, meu bom amigo?
    E o ancião responde:
    - Assim, como dessa afeição que nasceu entre nós, ao partires, ficarei com a recordação saudosa de tuas lembranças.  Tudo nessa vida passa e ao passar nos deixa uma saudade, preenchendo o vazio das ausências . . .  E cada vez, vamos ficando mais sós!  Dependentes da gratidão ou da pena de alguém que priva sua liberdade para suavizar nossa solidão! . . .
    - Gostaria de ter um companheiro igual, no meu silêncio de recordações, cheio de paciência, sem críticas e que, juntos, pudéssemos distrair os momentos de espera na velhice!  Que me desse, sempre, a força do calor que tem a amizade das mãos amigas.
    Só assim poderia descompromissar a liberdade de Yari.
    O enviado de Deus ouviu com atenção as justas razões do velho guerreiro, depois disse-lhe:
    - Vou de dar duas graças:
    A 1ª (alcançando um ramo cheio de folhas) é esta planta que se chamacaá.  Nela encontrarás um mistér que, digno dos nobre de coração, servirá de alimento e trará vigor ao teu povo e será o amigo silencioso, sem críticas, em todos os momentos em que solicitares um companheiro.
    A 2ª, de hoje em diante, tua filha será chamada de Caá-Yari (a Deusa dos ervais e dos ervateiros).
    E assim o fez!
    Segundo contam, Cacá-Yari (Deusa dos ervais e dos ervateiros), se revolta diante da infidelidade humana, fazendo com que os fardos de erva (caá), carregados em raídos pelos tarefeiros, se tornem pesados ao carregá-los e no momento da pesagem fiquem leves, causando prejuízos aos mesmos, porém aos quais ela dispensa a sua proteção e abençoa, os fardos são leves ao transportar, ficando pesados na pesagem.

    III - Certa vez dois nativos das Américas se desentenderam e se apartaram um pra cada lado.
    Um deles vivia alegre e em companhia dos demais, enquanto o outro vivia solitário e triste. 
    Numa noite em sonho ele recebeu a visita de Caá-Yari (Deusa dos ervais e dos ervateiros) que se apiedou dele e lhe deu o segredo místico de uma certa bebida mágica chamada cimarrón (que os jesuítas grafaramximarrón - e que os portugueses regrafaram por chimarrão), dizendo-lhe:
    - Encontrarás na bebida da infusão dessas folhas, o alimento da juventude e muita compreensão para as razões desconhecidas desta vida!
    CaáYari lhe havia dado o segredo da erva-mate.

    NOTA:  Existem muitas outras lendas a respeito da erva-mate, embora tenhamos nomeado apenas três das mais conhecidas.  (Glênio Fagundes)


    O CHIMARRÃO
    No Rio Grande do Sul, o hábito salutar de chimarrear é herança guarany; como poderemos esperar das coisas que dependem do nosso cuidado, resultados positivos que só enobreçam uma gente livre, se esquecermos de dar-lhe uma razão para existir?
    Quando os padres jesuítas Roque Gonzáles, Alonzo Rodríguez e Juan Del Castillo chegaram neste Pago, por volta de 1620 - 1626, ficaram impressionados com o vigor físico dos nativos deste lugar.
    Notaram que uns tinham mais mulheres que outros e atribuíram àquele costume polígamo, ao poder afrodisíaco do chimarrão - pois, os nativos passavam o dia inteiro tomando aquele chá (caá-te), numa cabaça (cuia) que em guarany se chama cahí-gua.
    Decidiram proibir o chimarrão, justificando porque - o añhangá (o diabo) tinha colocado veneno mortífero naquela bebida.
    Então eles recorreram ao feiticeiro e este (depois de consultar às suas divindades), lhes deu a solução: bastava cuspir o 1º sorvo por sobre o ombro esquerdo e o 2º sorvo por sobre o ombro direito; pronto, ºtodo o veneno que ali contivesse, estaria indo fora - e poderiam chimarrear sem medo. Desta forma, os jesuítas não conseguiram tirar o chimarrão dos nativos e este salutar hábito chegou até nós, inclusive a tradicional cuspidela inicial.

    Certa feita, uma revista de Buenos Aires publicou um comentário sobre a ração alimentar dos argentinos, do século XVII:
    Nas longas jornadas de Buenos Aires à Córdoba e Tucumán, os viajantes apenas se alimentavam com carne e cimarrón. Mesmo assim, esta simples alimentação faz nossos hermanos altos, delgados, rijos, vivos, inteligentes, batalhadores, valentes e laboriosos.

    Quando Saint Hilaire passou pelo Rio Grande do Sul, em 22-09-1820, escreveu:
    O uso dessa bebida (cimarrona), é geral aqui; toma-se ao levantar da cama e depois, várias vezes ao dia. A chaleira com água quente, está sempre ao fogo e logo que um estranho chega, se lhe oferecem o chimarrão.

    Durante a Guerra do Paraguai, o Gal. Francisco da Rocha Calladoescreveu ao industrial David Antônio da Silva Carneiro:
    Fui então, testemunha durante um período de 22 dias, de que nosso exército alimentava-se quase que exclusivamente da erva-mate que colhíamos no local e que, elaborávamos como podíamos, pois a falta de víveres não nos permitia longos repousos.

    Amigos leitores!
    No Rio Grande do Sul, a hospitalidade é uma constante, na vida do Gaúcho - e o chimarrão (quer no núcleo familiar ou entre amigos), desempenha a função de agregador, harmonizando através do calor humano, esta simples simbiose afetiva, pelo clima de respeito que florece por entre as chimarroneadas.

    Chimarrão e cara alegre . . . o resto, a gente faz !

    Paissano amigo!
    Experimente despejar a mente, chimarroneando.

    terça-feira, 8 de abril de 2014

    Paisano errante - Carlos Martinez


    A BIBLIA GAÚCHA


                                                   A Bíblia Gaudéria

    Este texto anônimo, foi encontrado escrito a ponta de facão no balcão de um bolicho, hoje tapera, no Passo do Elesbão, Quinto Distrito de Cacequi, na Província de São Pedro do Rio Grande.


    "Pois não sei se já les contei os causo das Escritura Sagrada.
    Se não les contei, les conto agora.
    A história essa é meio comprida, mas vale a pena contá por causa dos revertério.
    De Adão e Eva acho que não é perciso contá os causo, porque todo mundo sabe que os dois foram corrido do Paraíso por tomá banho pelado numa sanga.
    Naqueles tempo, esse mundaréu todo era um pasto só sem dono, onde não tinha nem dele nem meu.
    O primeiro índio a botá cerca de arame farpado foi um tal de Abel. Mas nem chegou a estendê o primêro fio porque levou um pontaço nos peito do irmão dele, um tal de Caim, que tava meio desconforme com a divisão.
    O Caim, entonces, ameaçado de processo feio, se bandeou pro Uruguay.
    Deixou o filho dele, um tal de Noé, tomando conta da estância. A estância essa ficava nas barranca de uma corredêra e o Noé, uns ano despois, pegou uma enchente muito feia pela frente.
    Côsa munto séria... Caiu água uma barbaridade !! Caiu tanta água que tinha até índio pescando jundiá em cima de cerro.
    O Noé entonces botou as criação em cima de uma balsa e se largou nas correnteza, o índio velho.
    A enchente era tão braba que quando o Noé se deu conta a balsa tava atolada num banhado chamado Delúvio. Foi aí que um tal de Moisés varou aquela água toda com vinte junta de boi e tirou a balsa do atolêro.
    Bueno, aí com aquele desporpósito, as família ficaram amiga. A filha mais velha do Noé se casou-se com o filho mais novo do Moisés e os dois foram morá numa estância muito linda, chamada estância da Babilônica. Bueno, tavam as família ali, tomando mate no galpão, quando se chegou um correntino chamado Golias, com mais uns trinta castelhano do lado dele.
    Abriram a cordeona e quiseram obrigá as prenda a dançá uma milonga.
    Foi quando os velho, que eram de muito respeito, se queimaram e deu-se o entrevêro. Peleia braba, seu. O correntino Golias, na voz de vamos, já se foi e degolou de um talho só o Noé e o velho Moisés.
    E já tava largando planchaço em cima do mulherio quando um piazito carretêro, de seus dez ano e pico, chamado Davi, largou um bodocaço no meio da testa do infeliz que não teve nem graça. Foi me acudam e tou morto.
    Aí a indiada toda se animou e degolaram os castelhano. Dois que tinham desrespeitado as prenda foram degolado com o lado cego do facão.
    Foi uma sangüêra danada. Tanto que até hoje aquele capão é chamado de Mar Vermelho. Mas entonces foi nomeado delegado um tal de major Salomão.
    Homem de cabelo nas venta, o major Salomão. Nem les conto! Um dia o índio tava sesteando quando duas velha se bateram em cima dum guri de seus seis ano que tava vendendo pastel.
    O major Salomão, muito chegado ao piazito, passou a mão no facão e de um talho só cortou as velha em dois. Esse é o muito falado causo do Perjuízo de Salomão que contam por aí.
    Mas, por essas estimativas, o major Salomão, o que tinha de brabo tinha de mulherengo.
    Eta índio bueno, seu. Onde boleava a perna, já deixava filho feito. E como vivia boleando a perna, teve filho que Deus nos livre. E tudo com a cara dele, que era pra não havê discordânça.
    Só que quando Deus Nosso Senhor quer, até égua véia nega estribo...
    Logo a filha das predileção do major Salomão, a tal de Maria Madalena, fugiu da estância e foi sê china de bolicho. Uma vergonhêra pra família !
    Mas ela puxou a mãe, que era uma paraguaia meio gaudéria que nunca tomô jeito na vida. O pobre do major Salomão se matou-se de sentimento, com uma pistola Eclesiaste de dois cano.
    Mas, vejam como é a vida. Pois essa mesma Maria Madalena se casou-se três ano despois com um tal de coronel Ponciano Pilatos.
    Foi ele que tirou ela da vida. Eu conheço uns três causo do mesmo feitio e nem um deles deu certo. Como dizia muito bem o finado meu pai, mulher quando toma mate em muita bomba, nunca mais se acostuma com uma só.
    Mas nesses contraproducente, até que houve uma contrapartida. O coronel Ponciano Pilatos e a Maria Madalena tiveram doze filho, os tal de apósto, que são muito conhecido pelas caridade que fizeram.
    Foi até na casa deles que Jesus Cristo churrasqueou com a cunhada de Maria Madalena, que despois foi santa muito afamada.
    A tal de Santa Ceia. Pois era uns tempo muito mal definido.
    Andava uma seca braba pelos campo. São José e a Virge Maria tinham perdido todo o gado e só tavam com uma mula branca no potrêro, chamada Samaritana.
    Um rico animal, criado em casa, que só faltava falá. Pois tiveram que se desfazê do pobre... E como as desgraça quando vem, já vem de braço dado, foi bem aí que estouraram as revolução.
    Os maragato, chefiado por uma tal de coronel Jordão, acamparam na entrada da Vila.
    Só não entraram porque tava lá um destacamento comandado pelo tenente Lázo, aquele mesmo que por duas vez foi dado por morto. Mas aí um cabo dos provisório, um tal de cabo Judas, se passou-se pros maragato e já se veio uns tal de Romano, que tavam numas várzea, e ocuparam a Vila.
    Nosso Senhor foi preso pra ser degolado por um preto muito forte e muito feio chamado Calvário.
    Pois vejam como é a vida.
    Esse mesmo preto Calvário, degolador muito mal afamado, era filho da velha Palestina, que tinha sido cozinhêra da Virge Maria. Degolador é como cobra, desde pequeno já nasce ingrato.
    Mas entonces botaram Nosso Senhor na cadeia, junto com dois abigeatário, um tal de João Batista e o primo dele, Heródio dos Reis.
    Os dois tinham peleado por causo de uma baiana chamada Salomé e no entrevero balearam dois padre, monsenhor Caifás e o cônego Atanásio.
    Mas aí veio uma força da Brigada, comandada pelo coronel Jesus Além, que era meio parente do homem por parte de mãe e com ele veio mais três corpo de provisório e se pegaram com os maragato.
    Foi a peleia mais feia que se tem conhecimento.
    Foi quarenta dia e quarenta noite de bala e bala. Morreu três santo na luta: São Lucas, São João e São Marco. São Mateus ficou três mês morre não morre, mas teve umas atenuante a favor e salvou-se, o índio...
    Nosso Senhor pegou três balaço, um em cada mão e um que varou os pé de lado a lado. Ainda levou mais um pontaço do mais velho dos Romano, o César Romano, na altura das costela.
    Ferimento muito feio que Nosso Senhor curou tomando vinagre na sexta-feira da paxão...
    Mas aí, Nosso Senhor se desiludiu-se dos home, subiu na Cruz, disse adeus pros amigo e se mandou-se de volta pro Céu. Mas deixou os dez mandamento, que são cinco e que se pode muito bem acolherá em dois:
    1º - Não se mata home pelas costa,
    2º - Nem se cobiça mulher dos ôtro pela frente. "

    CAVALO CRIOULO


                                                           Origem do Cavalo Crioulo


    Em 1493, os cavalos espanhóis pisam pela primeira vez em terra americana, na ilha Hispaniola, e são os antepassados diretos, de todos os cavalos "crioulos" americanos. Uma vez aclimatados ao novo ambiente e incrementada sua criação com as importações realizadas posteriormente, reproduziu-se com rapidez, em poucos anos, estendeu-se para as outras Antilhas e passou ao Continente. Ao que tudo indica, Panamá e Colômbia foram as primeiras regiões em importância na produção de rebanhos. Do Panamá passaram ao Peru, levados por Pizarro, onde começaram a multiplicar-se a partir de 1532. É também ali que chegam, em 1538, cavalos provenientes da criação de Santiago de Uruba (Colômbia). Charcas transforma-se, assim, em um importante centro produtor de eqüinos.

    Contemporaneamente, Pedro de Mendoza (1535) e Alvar Núñez Cabeza de Vaca (1541) introduzem cavalos, diretamente da Espanha, no Rio da Prata e no Paraguai. Alonso Luis de Lugo se compromete a levar duzentos cavalos da Espanha para a conquista de Nova Granada e Hernando de Soto sai de San Lúcar de Barrameda (1538) com cem cavalos para sua expedição na Flórida. A partir deste momento, começa um verdadeiro intercâmbio de rebanhos eqüinos entre distintas regiões. Procedem de Charcas as manadas que Valdivia levou ao Chile, em 1541, as que Diego de Rojas levou para Tucumam, em 1548, e as que Luis de Cabrera levou para Córdoba, em 1573, e logo a seguir para Santa Fé. Nesta zona, mais ou menos na mesma época, chegam cavalos paraguaios, trazidos por Garay, descendentes daqueles que, 30 anos antes, Cabeza de Vaca introduziu diretamente da Espanha e dos que, em 1569, Felipe de Cáceres levou do Peru. Do Paraguai, procederam também os rebanhos eqüinos que chegaram à Buenos Aires, em 1580, levados por Juan de Garay e Adelantado Juan Torres de Vera e Aragón para Corrientes, em 1588. Do Chile, chegam à Argentina em 1561, através de Cuyo, rebanhos trazidos por Francisco de Aguirre, Castillo e outros.

    Em 1605, entram no Chile os animais que o governador chileno Garcia Ramos levou do Rio da Prata e, em 1601, os que o Capitão López Vasques Pestaña levou de Tucumam. Verifica-se (Goulart, 1964) que a criação de cavalos se inicia nas reduções do Rio Grande do Sul em 1634, com os animais trazidos pelos padres jesuítas Cristóbal de Mendonza e Pedro Romero, de Corrientes, para onde os cavalos haviam sido levados, a partir de Assunção, por Alonso de Vera e Aragón, em 1588.


    Paralelo a este movimento de rebanhos mansos, seja por abandono ou fuga dos domesticados, ou porque, com o correr dos anos, o número destes foi aumentando de tal forma que superou as possibilidades ou as necessidades dos primeiros habitantes de mantê- los sob controle no Norte e no Sul do continente americano, este primitivo rebanho crioulo se dispersou, formando enormes rebanhos selvagens que, no México e Estados Unidos, foram chamados de "mesteños" e "mustangs" e de "cimarrones", nas ilhas e América Central. No Rio da Prata os designaram como "baguales", o "kaitá" dos índios pampas que acompanharam o Dr. Zeballos (1834) em sua viagem ao Chile, ou "saguá", dos índios do Noroeste argentino. Dos dispersados, os "cimarrones", que habitaram os "lençóis dominicanos" ou "planos da Venezuela", diz-se que eram caçados no primeiro quarto do século XVIII. Roberto Cunninghame Graham (1946) diz em seu livro que, por esses anos, nos planos da Venezuela, era o único lugar da América onde podiam encontrar-se cavalos "cimarrones".

    O "mustang" americano ou o "mesteño" mexicano tem origem parecida. Cabrera (1937 e 1945) e Denhardt (1947) explicam que não podiam ser cavalos abandonados ou perdidos pelas expedições de Cabeza de Vaca (1528, 1537), de Soto (1539, 1543) ou pela de Coronado (1540, 1542), porque a primeira não levava cavalos e as duas últimas praticamente perderam todas suas montarias, mortas por fadiga da viagem ou pelos índios. Acredita-se que foi Juan de Oñate, por volta de 1595, quem levou ao Sudoeste dos Estados Unidos os antepassados do "mustang".

    Parte daqueles cavalos domesticados se dispersaram posteriormente das missões, fazendas ou "ranchos" atacados pelos índios e constituíram o que a literatura americana chamou de "cavalos selvagens", que eram cavalos mansos que viraram selvagens, "cimarrones" ou "baguales", segundo as denominações que lhes deram nos "lençóis dominicanos" ou na "pampa sul-americana". Dos originais "ginetes" andaluzes, possivelmente muitos morreram durante as conquistas, mas outros, sem dúvida, se reproduziram e seus descendentes, aclimatados pelo meio americano durante muitas gerações, forjaram essas populações crioulas, constituídas pelo "pequeno grande cavalo da América", como acertadamente batizou Guilherme Echenique.



    Antecedentes etinográficos da raça de cavalos crioulo

    Sem dúvida, o Crioulo é descendente direto do cavalo trazido para a América pelos conquistadores. O mais difícil de demonstrar é a composição étnica da população eqüina da Espanha nessa época, quais eram os tipos de cavalos que predominavam e quais, por razões de distribuição geográfi ca, poderiam ser os que vieram à América e deram origem à nossa raça Crioula. Prado (1941), fez um estudo das "ascendências" etnográficas do cavalo chileno de 1541. Segundo o autor, os tipos primitivos de cavalos que tiveram marcada infl uência na conformação do Crioulo são os cavalos celta e saloutre, cuja combinação originou a antiga "Jaca espanhola" (cavalo de alçada inferior a 1,47 metros - U. Prado, "El Caballo Chileno", pág. 13), o bérbere ou raça africana, o asiático ou árabe e o germânico ou nórdico. Estes tipos de cavalos podem dar uma idéia aproximada, segundo Prado, do que foi o cavalo espanhol daquela época.


    O professor Ruy D’Andrade, em seus trabalhos (1935, 1939 e 1941), especialmente nestes três, em que estuda os elementos básicos da população eqüina da Península Ibérica, representa um valioso aporte para o estudo dos antepassados de nossos Crioulos, confi rmando a origem européia dos mesmos, ainda que marcadamente influenciados pelo tipo bérbere ou africano, mas alheios, quase por completo, da influência do asiático ou árabe. Da união desses tipos "garrano" e "líbico" (cavalo andaluz de perfil convexo ou subconvexo), o autor supõe que se deriva o tipo andaluz de perfil reto, e que os primeiros resultam, mais que sufi ciente para justificar no nosso Crioulo, nos tipos de perfil, chamados "asiáticos" e "africanos", respectivamente, e que o autor chama de "tipo garrano ou celta" e de "tipo andaluz ou líbico". Admite, igual a Dr. Cabrera, uma infl uência preponderante de bérbere na formação do cavalo espanhol, mas sem atribuirlhe, na realidade, o caráter de verdadeiro cruzamento, já que por uma hipótese, o autor lusitano supõe que "o cavalo andaluz não é nenhum parente próximo do árabe, nem descendente do bérbere, nem germânico, e sim, uma raça natural e local, transformada pela domesticação e por diversos cruzamentos sucessivos, efetuados até os tempos atuais.


    A estes grupos pertencem os cavalos bérberes e germânicos". A infusão de sangue bérbere no tipo antigo andaluz viria a ser, assim, só um refresco de sangue e não um cruzamento.


    Eliminando o árabe como fator importante na formação das raízes da raça, só duas origens étnicas importantes tendem a equilibrar sua ação nela: o "africano", representado pelo cavalo bérbere primitivo, e o "europeu", produto da fusão dos tipos celtas, do soloutre e germânicos.


    Destacam-se, entre as características comuns herdadas de seus antepassados, a alçada mediana, que difi cilmente chega ou supera 1,50 metros, sua cabeça curta, triangular, de perfil reto ou subconvexo, as orelhas curtas bem separadas, amplas em sua base e pouco perfi ladas, o pescoço erguido, a garupa pouco inclinada e o temperamento ativo, herança do bérbere, que se unem à abundância de crinas e cola, ao aspecto "baixo e forte" e ao caráter tranqüilo de seus antepassados europeus.


    VOCABULÁRIO DO FREIO DE OURO


                    Conheça os principais termos usados pelos crioulista

    Afixo: sigla ou nome, antes ou depois do nome do cavalo, que identifica a cabanha ou o criador do animal

    Andadura: tipo de andar do animal. Tranco, trote ou galope

    Aporreado: cavalo que não aceitou a doma

    Baio: cavalo de pêlo amarelo

    Bayard-Sarmento: movimento composto de giros de 180 graus sobre o corpo e esbarradas que compõem a sétima etapa das provas do Freio de Ouro. O nome é uma homenagem aos idealizadores da prova

    Box: número de inscrição do animal nas provas do Freio de Ouro, estabelecido por ordem cronológica. Exemplo: o box número 1 é o do animal mais jovem no certame

    Caborteiro: cavalo de manuseio difícil, insubmisso

    Colorado: cavalo de pelagem castanha clara, quase avermelhada

    Esbarrada: movimento da terceira e da sétima etapas das provas do Freio de Ouro, que consiste em fazer o animal frear depois de uma breve corrida, apoiando-se nos posteriores

    Figura: segunda etapa da Prova do Freio de Ouro, em que o animal contorna fardos de fenos distribuídos pela raia

    Funcionalidade: habilidade funcional do cavalo para a execução das provas

    Galope: andadura veloz em que o cavalo se utiliza de apenas dois apoios

    Gateado: cavalo de pêlo amarelado mais escuro que o do baio, da cor do pêlo do leão

    Ginete: cavaleiro

    Giro sobre patas: movimento da terceira e da sétima etapas das provas do Freio de Ouro em que o animal gira 360 graus sobre o próprio corpo, apoiado em um dos posteriores, que atua como a ponta seca de um compasso

    Mangueira: curral

    Morfologia: conformação física do cavalo

    Mouro: cavalo de pêlo negro com infiltração de branco

    Pechar: arremeter com o peito do cavalo sobre o novilho. Do espanhol el pecho, peito

    Picaço: cavalo de pêlo negro com mancha branca na testa e três extremidades em tom branco

    Redomão: cavalo jovem, entre o potro xucro e o cavalo já domado

    Rosilho: cavalo de pelagem escura com infiltração de tons claros

    Sestroso: cavalo que manifesta medo ou repulsa por algo

    Tordilho: cavalo de pelagem branca

    Tostado: cavalo com crina e cola de tonalidade acobreada e pêlo castanho-escuro queimado

    Tranco: primeira andadura, antes do trote, em que o cavalo caminha com três apoios

    Trote: andadura saltada, que vem imediatamente após o tranco, quando o cavalo se utiliza de apenas dois apoios

    Zaino: cavalo de pelagem castanho-escura, de cor imediatamente anterior ao preto

    quarta-feira, 2 de abril de 2014

    Gaúcho na Festa do Apê !


    PASSANDO A RÉGUA

                       Raça Crioula alcança faturamento acima de R$ 180 milhões em 2013

    Remates 2013 - Credito Jose Guilherme Martini
     
     
    A comercialização da raça Crioula no ano passado chegou a R$ 183,17 milhões, um crescimento de 8,64% em relação às vendas de 2012. O valor se refere às vendas em remates e vendas particulares.
     O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos, Mauro Ferreira, considerou o resultado positivo e creditou ao crescimento da raça em todo o país.
    A expectativa para os próximos anos é manter o mesmo ritmo.
    Em 2013 também foram registrados recordes na valorização de animais, que chegaram a ultrapassar os R$ 10 milhões depois da venda de cotas e coberturas em leilões.
    Além disso, remates organizados por criadores tiveram valores expressivos, chegando a mais de R$ 7 milhões, número acima de toda a comercialização do Cavalo Crioulo em 2000, que foi de R$ 6,54 milhões.
    Os números foram divulgados pela ABCCC.