Tinha que ser do Sul.
O artista plástico uruguaianense Luiz Alberto Pont Beheregaray, conhecido como "Berega" foi um artista que viu como poucos,os detalhes mínimos do cotidiano gauchesco,este uruguaianense consagrou-se nas antigas "folhinhas" (calendários) que fez, por longos anos, para a refinaria ipiranga.
Tais gravuras viraram objeto de colecionadores.
Ficou conhecido por pinturas que retratavam o homem do campo,a arte de Berega eram constantes nos calendários do Grupo Ipiranga de 1979 a 1999.
Ele reproduzia fielmente a temática gaúcha e campeira, sua gente do campo e a cultura gaúcha.
Nos calendários da Ipiranga, ele utilizava de um traço caricato e rústico para descrever as situações no campo e na cidade.
A arte gaúcha "Berega"
BARBEIRO DE CAMPANHA
Embora a freguesia não seja nada vaidosa, seu oficial é competente, vaqueano na lida que escolheu e buenaço no manejo dos avios do ofício. Costuma transformar as mais rebeldes melenas no caprichado corte denominado “meia cabeleira” e se luzir ao “afeitar” barbas de muitos dias, onde a velha navalha deixa a cara dos bacudos “mais lisa que santo de louça”.
PARTEIRA DE CAMPANHA
Dona Emerenciana velha parteira de campanha se orgulhava de duas coisas, primeiro da profissão, por suas mãos quase 6 mil crianças vieram ao mundo ao longo de quase 70 anos de trabalho sacerdotal. Tia Emerê como era chamada .
PILCHADO TIPO PRO NAMORO ( DOMINGO )
Montado como um monarca – bem pilchado, afeitado e endomingado num jeitão mui pachola, a melena “rasqueada” e domada à força de azeite de mocotó. O pingo, um flete de lei que tem o andar de rede e a boca de seda. Este domingo promete muito: carreira, rinha e à noite, talvez, um fandango. Quem sabe se, na volta, a anca do mouro não virá enfeitada com a mais linda e faceira chinoca destes pagos? Vontade e coragem é o que não lhe falta.
VELHAS MATEANDO
Lá fora o Minuano toca por diante uma chuva fina e fria. Aqui dentro, em volta do fogo, as velhas, como um bando de gralhas, conversam abrigadas em seus chales, suas saias compridas, seus carpins de algodão e as alpargatas barbudas.
Enquanto charlam, corre o mate doce e o mate com leite acompanhado de sonhos.
Enquanto charlam, corre o mate doce e o mate com leite acompanhado de sonhos.
Um gato – entre tantos – ronrona sonolento num colo amigo.
Sobre o que conversarão? Reminiscências? Vida alheia?
Sobre o que conversarão? Reminiscências? Vida alheia?
Ou quem sabe se Amaro Juvenal não acertou quando escreveu:
Cometidos em outras eras
No bamburral das taperas
Ou no fundo dos cercados”.
PALETEADA 1994
CALIFORNIA DA CANÇÃO NATIVA 1983
POSANDO PROSPERIDADE
Campeões de Truco e Rinha, vice de Tava e menção honrosa de Bocha, foi a premiação que a "Flor e Truco", obteve no último "Rodeio Literário, Desportivo e Recreativo". A sede social funciona provisoriamente nos fundos do bolicho "El Sapo Milonguero", do basco Etcheveray. A Sociedade, na verdade, é bem mais recreativa que cultural, mas quem sabe se entre seus componentes não estará um futuro membro de alguma insigne Academia de Letras, um político de renome ou um distinto presidente do Clube Comercial. Quem viver, verá!
MASCATE - 1986
O Mascate - 1986
Geralmente chamado de "turco", mesmo quando não o era; montando uma mula zaina e cabresteando o cargueiro, de tempos em tempos como um Papai Noel campeiro, pilchado e aculturado, o mascate aparecia. Esvaziava as bruacas e enchia os olhos das mocitas do pago com cortes de chitas, espelhos, grampos, sabonetes, meias de musselina e mais mil e uma chucherias; maravilhando aqueles que se encontreavam tão longe dessas coisas tão simples.
Aos homens, oferecia uma faca de bom aço, um poncho bichará, cigarro feito e alpargatas da extinta marca Martinez & Iglesias.
Até a piazada ficava encantada com os caramelos, chupa-gansos, pastilhas, piões e bolitas.
Já vão muito longe os velhos mascates, esses vendedores de sonhos, que desapareceram no brete do tempo.
TROPILHA CRIOULA
TOSOS E COLAS
HABILIDADE CAMPEIRA
Sempre lembrado pelos nativistas, tradicionalistas, estudiosos e artistas por ter marcado referência em vários aspectos, recebendo ainda homenagens e citações em outras obras como poesias e letras de músicas.
Um Retrato do Berega
Meu poncho um brasedo em flor
Quando um agosto se achega
Num florão de colorado
Sou a estampa do meu pago
Num retrato do Berega
Um "buenos dias, paysano"
Recebe quem se aprochega
Na linda estância fronteira
O capataz, uma tronqueira
É um retrato do Berega
Pra galopear um bagual
Num grito de chega-chega
Vou firme no teu costado
Que a imagem deste quadro
É um retrato do Berega
Num bailezito costeiro
Qualquer motivo é pendenga
Sob o clarão do candeeiro
Mais gaúcho que o gaiteiro
Só um retrato do Berega
Um retrato do Berega
Mostra tudo tão real
Quando vejo um tropilha
Já vou sovando as rendilhas
E ajustando um bocal.
Quando um agosto se achega
Num florão de colorado
Sou a estampa do meu pago
Num retrato do Berega
Um "buenos dias, paysano"
Recebe quem se aprochega
Na linda estância fronteira
O capataz, uma tronqueira
É um retrato do Berega
Pra galopear um bagual
Num grito de chega-chega
Vou firme no teu costado
Que a imagem deste quadro
É um retrato do Berega
Num bailezito costeiro
Qualquer motivo é pendenga
Sob o clarão do candeeiro
Mais gaúcho que o gaiteiro
Só um retrato do Berega
Um retrato do Berega
Mostra tudo tão real
Quando vejo um tropilha
Já vou sovando as rendilhas
E ajustando um bocal.
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