LENDAS DO MATE
Segundo uma lenda indígena, pré-colombiana, narrada através datradição oral, a origem da erva-mate (caá) é uma doação do "deus"Tupã.
I - Tupã (Deus supremo), entregou a erva-mate Caá aos feiticeiros (pagés e morubixabas), para que transmitissem seus poderes milagrosos aos filhos do grande Império Guarani.
II - Outra variante conta que um velho guerreiro guarani, impedido de ir à guerra e à caça, pelo peso dos anos, se consolava apenas com a companhia de sua jovem filha Yari. Mas isso também lhe trazia tristezas e aflições, sabendo que Yari ficava privada das alegrias da juventude, para estar a seu lado.
Certa vez, quando sua tribo partira em busca de sobrevivência e ficando só com sua filha, apareceu-lhe um estraho guerreiro pedindo abrigo em sua jornada, dizendo vir de muito longe . . .
Então, o ancião e a filha o acolheram com respeito nobre, dando sua amizade nativa de hospitalidade.
Na manhã seguinte, o estranho viajante, agora mais amigo do que forasteiro, ao manifestar sua partida, falou, dizendo ser um enviado de Tupã. E, dirigindo-se ao velho guerreiro, indagou:
- O que te falta, meu bom amigo?
E o ancião responde:
- Assim, como dessa afeição que nasceu entre nós, ao partires, ficarei com a recordação saudosa de tuas lembranças. Tudo nessa vida passa e ao passar nos deixa uma saudade, preenchendo o vazio das ausências . . . E cada vez, vamos ficando mais sós! Dependentes da gratidão ou da pena de alguém que priva sua liberdade para suavizar nossa solidão! . . .
- Gostaria de ter um companheiro igual, no meu silêncio de recordações, cheio de paciência, sem críticas e que, juntos, pudéssemos distrair os momentos de espera na velhice! Que me desse, sempre, a força do calor que tem a amizade das mãos amigas.
Só assim poderia descompromissar a liberdade de Yari.
O enviado de Deus ouviu com atenção as justas razões do velho guerreiro, depois disse-lhe:
- Vou de dar duas graças:
A 1ª (alcançando um ramo cheio de folhas) é esta planta que se chamacaá. Nela encontrarás um mistér que, digno dos nobre de coração, servirá de alimento e trará vigor ao teu povo e será o amigo silencioso, sem críticas, em todos os momentos em que solicitares um companheiro.
A 2ª, de hoje em diante, tua filha será chamada de Caá-Yari (a Deusa dos ervais e dos ervateiros).
E assim o fez!
Segundo contam, Cacá-Yari (Deusa dos ervais e dos ervateiros), se revolta diante da infidelidade humana, fazendo com que os fardos de erva (caá), carregados em raídos pelos tarefeiros, se tornem pesados ao carregá-los e no momento da pesagem fiquem leves, causando prejuízos aos mesmos, porém aos quais ela dispensa a sua proteção e abençoa, os fardos são leves ao transportar, ficando pesados na pesagem.
III - Certa vez dois nativos das Américas se desentenderam e se apartaram um pra cada lado.
Um deles vivia alegre e em companhia dos demais, enquanto o outro vivia solitário e triste.
Numa noite em sonho ele recebeu a visita de Caá-Yari (Deusa dos ervais e dos ervateiros) que se apiedou dele e lhe deu o segredo místico de uma certa bebida mágica chamada cimarrón (que os jesuítas grafaramximarrón - e que os portugueses regrafaram por chimarrão), dizendo-lhe:
- Encontrarás na bebida da infusão dessas folhas, o alimento da juventude e muita compreensão para as razões desconhecidas desta vida!
CaáYari lhe havia dado o segredo da erva-mate.
NOTA: Existem muitas outras lendas a respeito da erva-mate, embora tenhamos nomeado apenas três das mais conhecidas. (Glênio Fagundes)
O CHIMARRÃO
No Rio Grande do Sul, o hábito salutar de chimarrear é herança guarany; como poderemos esperar das coisas que dependem do nosso cuidado, resultados positivos que só enobreçam uma gente livre, se esquecermos de dar-lhe uma razão para existir?
Quando os padres jesuítas Roque Gonzáles, Alonzo Rodríguez e Juan Del Castillo chegaram neste Pago, por volta de 1620 - 1626, ficaram impressionados com o vigor físico dos nativos deste lugar.
Notaram que uns tinham mais mulheres que outros e atribuíram àquele costume polígamo, ao poder afrodisíaco do chimarrão - pois, os nativos passavam o dia inteiro tomando aquele chá (caá-te), numa cabaça (cuia) que em guarany se chama cahí-gua.
Decidiram proibir o chimarrão, justificando porque - o añhangá (o diabo) tinha colocado veneno mortífero naquela bebida.
Então eles recorreram ao feiticeiro e este (depois de consultar às suas divindades), lhes deu a solução: bastava cuspir o 1º sorvo por sobre o ombro esquerdo e o 2º sorvo por sobre o ombro direito; pronto, ºtodo o veneno que ali contivesse, estaria indo fora - e poderiam chimarrear sem medo. Desta forma, os jesuítas não conseguiram tirar o chimarrão dos nativos e este salutar hábito chegou até nós, inclusive a tradicional cuspidela inicial.
Certa feita, uma revista de Buenos Aires publicou um comentário sobre a ração alimentar dos argentinos, do século XVII:
Nas longas jornadas de Buenos Aires à Córdoba e Tucumán, os viajantes apenas se alimentavam com carne e cimarrón. Mesmo assim, esta simples alimentação faz nossos hermanos altos, delgados, rijos, vivos, inteligentes, batalhadores, valentes e laboriosos.
Quando Saint Hilaire passou pelo Rio Grande do Sul, em 22-09-1820, escreveu:
O uso dessa bebida (cimarrona), é geral aqui; toma-se ao levantar da cama e depois, várias vezes ao dia. A chaleira com água quente, está sempre ao fogo e logo que um estranho chega, se lhe oferecem o chimarrão.
Durante a Guerra do Paraguai, o Gal. Francisco da Rocha Calladoescreveu ao industrial David Antônio da Silva Carneiro:
Fui então, testemunha durante um período de 22 dias, de que nosso exército alimentava-se quase que exclusivamente da erva-mate que colhíamos no local e que, elaborávamos como podíamos, pois a falta de víveres não nos permitia longos repousos.
Amigos leitores!
No Rio Grande do Sul, a hospitalidade é uma constante, na vida do Gaúcho - e o chimarrão (quer no núcleo familiar ou entre amigos), desempenha a função de agregador, harmonizando através do calor humano, esta simples simbiose afetiva, pelo clima de respeito que florece por entre as chimarroneadas.
Chimarrão e cara alegre . . . o resto, a gente faz !
Paissano amigo!
Experimente despejar a mente, chimarroneando.
O CHIMARRÃO
No Rio Grande do Sul, o hábito salutar de chimarrear é herança guarany; como poderemos esperar das coisas que dependem do nosso cuidado, resultados positivos que só enobreçam uma gente livre, se esquecermos de dar-lhe uma razão para existir?
Quando os padres jesuítas Roque Gonzáles, Alonzo Rodríguez e Juan Del Castillo chegaram neste Pago, por volta de 1620 - 1626, ficaram impressionados com o vigor físico dos nativos deste lugar.
Notaram que uns tinham mais mulheres que outros e atribuíram àquele costume polígamo, ao poder afrodisíaco do chimarrão - pois, os nativos passavam o dia inteiro tomando aquele chá (caá-te), numa cabaça (cuia) que em guarany se chama cahí-gua.
Decidiram proibir o chimarrão, justificando porque - o añhangá (o diabo) tinha colocado veneno mortífero naquela bebida.
Então eles recorreram ao feiticeiro e este (depois de consultar às suas divindades), lhes deu a solução: bastava cuspir o 1º sorvo por sobre o ombro esquerdo e o 2º sorvo por sobre o ombro direito; pronto, ºtodo o veneno que ali contivesse, estaria indo fora - e poderiam chimarrear sem medo. Desta forma, os jesuítas não conseguiram tirar o chimarrão dos nativos e este salutar hábito chegou até nós, inclusive a tradicional cuspidela inicial.
Certa feita, uma revista de Buenos Aires publicou um comentário sobre a ração alimentar dos argentinos, do século XVII:
Nas longas jornadas de Buenos Aires à Córdoba e Tucumán, os viajantes apenas se alimentavam com carne e cimarrón. Mesmo assim, esta simples alimentação faz nossos hermanos altos, delgados, rijos, vivos, inteligentes, batalhadores, valentes e laboriosos.
Quando Saint Hilaire passou pelo Rio Grande do Sul, em 22-09-1820, escreveu:
O uso dessa bebida (cimarrona), é geral aqui; toma-se ao levantar da cama e depois, várias vezes ao dia. A chaleira com água quente, está sempre ao fogo e logo que um estranho chega, se lhe oferecem o chimarrão.
Durante a Guerra do Paraguai, o Gal. Francisco da Rocha Calladoescreveu ao industrial David Antônio da Silva Carneiro:
Fui então, testemunha durante um período de 22 dias, de que nosso exército alimentava-se quase que exclusivamente da erva-mate que colhíamos no local e que, elaborávamos como podíamos, pois a falta de víveres não nos permitia longos repousos.
Amigos leitores!
No Rio Grande do Sul, a hospitalidade é uma constante, na vida do Gaúcho - e o chimarrão (quer no núcleo familiar ou entre amigos), desempenha a função de agregador, harmonizando através do calor humano, esta simples simbiose afetiva, pelo clima de respeito que florece por entre as chimarroneadas.
Chimarrão e cara alegre . . . o resto, a gente faz !
Paissano amigo!
Experimente despejar a mente, chimarroneando.
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