quarta-feira, 25 de setembro de 2013

JOGO DO OSSO

  

                  Tu sabe como é que se joga o osso?

           È  ansim:

    Escolhe-se um chão parelho,nem duro,que faz saltar,nem mole,que acama,nem areento,que enterra o osso.
     É sobre o firme macio,que convém.A cancha com uma braça de largura,chega,e três de comprimento;no meio bate-se uma raia de pistola,amarrada em duas estaquilhas ou mesmo um risco no chão,serve;de cada cabeça da cancha é um jogador atira,sobre a raia do centro:este atira daqui pra la,o outro atira de la pra cá.
      O osso é a taba,que é o osso do garrão da rês vacum.O  jogo é só de suerte ou culo.
      CULO é quando a taba cai com o lado arredondado pra baixo:quem atira assim perde logo a parada



       SUERTE é quando o lado chato fica pra baixo:ganha logo e sempre.


       Quer dizer:Quem atira culo perde,se é suerte ganha e logo arrasta a parada.
       Ao lado da raia do meio fica o coimeiro que é o sujeito depositorio da parada e que a entrega logo ao ganhador.O coimeiro também é o que tira o barato-para o pulpeiro.Quase sempre é um aldragante velho e sem-vergonha,dizedor de graças.
            É um jogo brabo pois não é? 
      Pois a jente que se amarra o dia inteiro nessa canchaça e parada envida tudo:os bolivianos,os arreios,o cavalo,o poncho,as esporas.O facão nem a pistola,isso sim,nem aficionado joga;os fala-verdade que tem que garantir a retirada do perdedor sem debochar dos ganhadores...e,cuidado...muito cuidado com o gaúcho que saiu da cancha do osso de marca quente!...

ME PROCURANDO



Me procurando . M.O
Me procurando cruzei ao trote, depois ao tranco,
Não quis galope,que este meu mouro é pensativo igual ao dono

Me procurando achei teus olhos
Pelos caminhos de flor e encanto
E a sede grande dos acalantos
Me fez pousar sob o teu manto

Me procurando,me procurando
Fui Sacramento, depois Rio Grande
E pela idade do couro zaino
Fui farroupilha e castelhano
Brotando em versos de "Don Caetano"

Me procurando (sempre),me procurando
É num pialo de armada grande
É bem ali que me agiganto
E encontro a raça dos meus avós
Pisando firme no céu dos campos.
Na infância bugra do andar pampeano,
Um gurizito varre o galpão
Levanta poeira e a mesma poeira
Encontra o rasto dos meus "garrão".

Me procurando (sempre), me procurando
No olhar do índio revi meu povo
Nos arremates do alambrador
Na esquila antiga feita a martelo
Na polvadeira de um redomão
Nos olhos tristes de algum poeta
Que canta coisas do coração
Que viu o tempo, matando o tempo
Num rancho tosco,quincha e torrão

Me procurando de um lado a outro
Neste Rio Grande guacho de mão
Jeito de vento quando amanhece,
De alma branca de cerração
Me procurando (sempre), me procurando
Me encontrei simples, de alma rincão
                                                                

A ORIGEM DA BOMBACHA DO GAÚCHO


A origem da bombacha
Pesquisando alguma leitura que me levasse ao inicio do uso da bombacha pelo GAÙHO ,encontrei este vídeo muito interessante ,um resumo da origem a bombacha e como  começou a ser usada pelos gauchos ...Vale a pena assistir






SEPÉ TIARAJU


                                     CAMINHO DAS MISSÕES - SEPÉ TIARAJU

Uma lenda, um guerreiro ou um mártir?


 
 
 
Muito se têm escrito sobre o famoso índio guarani Sepé Tiaraju, alguns consideram um grande guerreiro que lutou tenazmente contra a numerosa e aguerrida tropa portuguesa e espanhola que estava incumbida de evacuar as Reduções, endeusando-o a ponto de transformarem em um santo, o Santo Sepé.
Sepé (facho de luz em guarani) era um índio guarani missioneiro, nasceu na Redução de São Luiz Gonzaga, ficando prematuramente órfão de pai e mãe, sendo adotado por um Padre Jesuíta. Posteriormente foi transferido para a Redução de São Miguel Arcanjo. Segundo a lenda, possuía uma pequena cicatriz na testa em forma de uma lua crescente que segundo uns reforçava a capacidade de sobrenatural, a mesma nas noites escuras ou em combate brilhava guiando os soldados missioneiros. Após a sua morte segundo conta à lenda, Nosso Senhor retirou a marca existente em sua testa e projetou-a no céu dos pampas em forma de uma cruz, para servir de guia a todos os gaúchos, nascendo assim o Cruzeiro do Sul.
Sepé Tiaraju passou a personificar os ideais e as crenças missioneiras, tanto que foi canonizado pelo povo, transformando o Corregedor José Tiaraju, em São Sepé. Tal crença ficou tão arraigada no povo que, encravado na região central do Rio Grande do Sul, a 256 quilômetros de Porto Alegre e a 56 quilômetros de Santa Maria, encontramos um município chamado de SÃO SEPÉ criado pela Lei Provincial no. 1029 de 29 de abril de 1876. Conta à história que a comunidade local teve a idéia de construir uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Conceição, no entanto a crença popular refuta a idéia e informa que tal denominação deve-se ao índio Sepé Tiaraju.
Documentos históricos, no entanto informa que o nome São Sepé dado ao município, não teve nenhuma ligação com o referido índio, informando, igualmente, que, o município de São Sepé, teve como origem uma Estância Missioneira já existente em 1791, chamada de SAN SEPÉ.
O cacique guarani Sepé Tiaraju era Alferes real do cabildo de São Miguel, suas ações guerreiras nem sempre foram bem planejadas, pois não detinha aquele raciocínio lógico de um exímio combatente, no entanto ele se colocou tenazmente contra a entrega dos Sete Povos aos portugueses mantendo uma feroz resistência.
No começo ele não tinha uma noção clara dos acontecimentos que estavam se desenrolando, tanto assim que, em Santa Tecla (Bagé) no ano de 1753, ordenou o retorno dos demarcadores das novas fronteiras negando naquela oportunidade o fornecimento do gado necessário aos portugueses, mas fornecendo aos espanhóis, por julgar que os mesmos tinham esse direito por servirem ao mesmo rei dos Jesuítas que eram os seus dirigentes espirituais.
Um mês depois, Fernando VI, rei da Espanha, ordenou que as Reduções fossem evacuadas à força, se necessário. Quando isso começou a ser posto em pratica, Sepé Tiaraju se transformou, insuflou o levante de São Nicolau, a primeira Redução a resistir às ordens de transmigração para o lado ocidental do Rio Uruguai. Em São Miguel, chefiados por ele, os índios atacaram as carretas que faziam a mudança dos objetos da igreja, obrigando-as a retornar à Redução. Durante três anos, foi o grande líder dos revoltosos.
Será que poderemos chamar Sepé Tiaraju de “mártir”? Quais os fundamentos que poderíamos utilizar para assim chamá-lo? Ao consultar o nosso dicionário Aurélio, iremos ler: “1. Pessoa que sofreu tormentos, torturas ou a morte, por sustentar a fé cristã. 2. Pessoa que sofre tormentos ou a morte por causa de suas crenças ou opiniões. 3. Quem se sacrifica, sofre ou perde a vida por um trabalho, experiência, etc.”
 
 
Poderíamos buscar a compreensão do que é um mártir se olharmos de uma maneira ampla e geral, quando dizemos ter de “sustentar a fé Cristã”, a fé em DEUS na luta pela justiça, pela tranqüilidade do bem viver, da harmonia entre os povos e mais do que isso, pela PAZ.
 
 
             Monumento a Sepé Tiaraju
Sepé Tiaraju quando se rebelou e passou a resistir às ordens da transmigração, estava lutando pelas suas “crenças ou opiniões”. Assim como ele, os missioneiros Roque Gonzales de Santa Cruz, Juan del Castillo e Afonso Rodrigues, deram as suas vidas, derramando o seu sangue  na evangelização dos índios guaranis nas Reduções.
Podemos dizer sem medo de errar, assim como aqueles três evangelizadores foram considerados “autênticos mártires da Igreja”, Sepé Tiaraju foi um mártir em defesa dos seus ideais, de suas opiniões, entregando sua vida, seu bem mais precioso em defesa da sua terra, a terra dos seus companheiros.
Sepé morreu em 7 de fevereiro de 1756, às margens da Sanga da Bica, perto da atual estação rodoviária de São Gabriel. Ele e seus companheiros haviam matado dois dos 300 soldados portugueses, que marchavam de Montevidéu para as Missões. Eles foram perseguidos e numa escaramuça, quando seu cavalo rodou e ele foi ferido pela lança de um dos soldados. Antes que se levantasse, foi morto com um tiro de pistola pelo próprio governador de Montevidéu, José Joaquim, que chefiava a tropa.
Sepé estava tentando atrair o exército inimigo para a estrada da Boca do Monte (atual subida da serra que fica entre Santa Maria e São Martinho). Três dias após a sua morte, os guaranis sofreram a mais devastadora derrota, em apenas uma hora e quinze minutos, na coxilha de Caiboaté (hoje São Gabriel), foram executados entre 1200 a 1700 índios pelos “blandengues” (milicianos contratados em fazendas argentinas), na oportunidade os índios estavam sob o comando de Nicolau Neenguiru, uma pessoa completamente ingênua na arte de combate.
E assim desapareceu um mito, um guerreiro, um mártir. Posteriormente ganhou um monumento que simboliza a família guarani e a sua resistência armada na Guerra Guaranítica (1754 – 1756), na cidade de Santo Ângelo, composto de três figuras esculpidas em pedra grês, idealizado pelo escultor Olindo Donatel que realizou a obra em 1967.

LENDAS GAÚCHAS 3


 

                                      Casa de MBororé

 
MBororé 


 

                               A lenda da Casa de MBororé (Missões)

      No tempo dos Sete Povos das Missões, havia um índio velho muito fiel aos padres jesuítas, chamado MBororé. Com a chegada dos invasores portugueses e espanhóis, os padres precisaram fugir levando em carretas os tesouros e bens que pudessem carregar. Assim, amontoaram o muito que não podiam levar consigo – ouro, prata, alfaias, jóias, tudo!- e construíram ao redor uma casa branca, sem porta e sem janela. Para evitar a descoberta da casa pelo inimigo e o conseqüente saqueio, deixaram o velho índio fiel MBororé cuidando, com ordens severas de só entregar o tesouro quando os jesuítas voltassem às Missões.
Mas os jesuítas nunca mais voltaram. Com o passar dos anos, o velho índio morreu e o tempo foi marcando tudo, deixando as ruínas de pé como as cicatrizes de um sonho que acabou. Acabou? Não. A Casa de MBororé continua lá num mato das Missões, imaculadamente branca, cuidada pela alma do índio fiel que ainda espera a volta dos jesuítas.
Às vezes, algum mateiro –lenhador ou caçador- dá com ela, de repente, num campestre qualquer. Imediatamente dá-se conta de que é a Casa de MBororé, cheia de tesouros. Resolve então marcar bem o local para voltar com ferramentas e abrir a força a casa que não tem porta nem janela. Guarda bem o lugar na memória pelas árvores tais e tais, pela direção do sol e coisas assim. Sai, volta com ferramentas, só que nunca mais acha de novo a Casa Branca de MBororé, sem porta e sem janela.”

LENDAS GAÚCHAS 2


                                       Padre morto na Tamandaré
 
No século passado, por volta de 1880, havia um Padre em nossa cidade, cujo nome a igreja mantém em sigilo até hoje; certo dia começaram a suspeitar deste, pois as crianças não queriam ir à missa ou aproximar-se do padre.
Tudo isto devido ao fato de o padre aliciar as meninas, filhas das beatas.
Para o sociedade daquela época isto era completamente incompreensível, pois o padre era uma das pessoas em que todos confiavam.
Assim ele foi condenado a morte, sendo enforcado em plena praça pública (Tamandaré).
Antes de morrer jogou uma praga para a cidade, dizendo que ela nunca se desenvolveria e que todas as vezes que acontecesse algum ato publico ao ar livre choveria pelo menos dia.
 Há quem confirme que estas pragas realmente aconteceram.
E acontecem.

LENDAS GAÚCHAS 1


                                            Lobisomem do Cemitério
 
 
Aproximadamente na década de 70, na rua 2 de Novembro, onde até hoje se encontra o Cemitério Católico da cidade de Rio Grande, atuava o famoso “Lobisomem do Cemitério”.
 Pessoas que passavam tarde da noite por ali diziam que um estranho bicho aparecia sempre a meia noite. Assim que alguém passava, ele pulava do alto muro do cemitério e assustava as pessoas. Os que eram assustados por ele, revelavam que o bicho era meio homem meio animal. Foi a partir desse depoimento que as pessoas começaram a acreditar que se tratava de um lobisomem. Notaram também que o bicho uivava quando agia.

Mas o segurança da Viação Férrea (que ficava em frente ao Cemitério) não acreditava no que estava acontecendo. Então ele resolveu vigiar uma noite inteira o cemitério para ver se o que falavam era verídico. Assim que deu meia noite em seu relógio ele ficou mais atento em tudo que estava em sua volta. Foi aí que ele ouviu um uivo muito alto, no instante uma senhora passava pela frente do cemitério (uma mendiga), e o lobisomem saia do muro. O segurança começou a atirar, e o lobisomem saiu em disparada.
Desse dia em diante nunca mais se ouviu falar nele, mas nada dura para sempre, a qualquer momento pode aparecer um para voltar a assustar a cidade.

CULTURA



                Cultura do Rio Grande do Sul

   
                       O natural do Rio Grande do Sul é chamado de rio-grandense ou gaúcho.


 
O Mate
Sou gaúcho forte, campeando vivo
Livre das iras da ambição funesta;
Tenho por teto do meu rancho a palha,
Por leito o pala, ao dormir a sesta.
Monto a cavalo, na garupa a mala,
Facão na cinta, lá vou eu mui concho;
E nas carreiras, quem me faz mau jogo?
Quem, atrevido, me pisou no poncho?
O Rio Grande do Sul apresenta uma rica diversidade cultural. De uma forma resumida , pode concluir que a cultura do estado tem duas vertentes: a gaúcha propriamente dita, com raízes nos antigos gaúchos que habitavam o pampa; a outra vertente é a cultura trazida pela colonização europeia, efetuada por colonos portugueses, espanhóis e imigrantes alemães e italianos.
A primeira é marcada pela vida no campo e pela criação de gado. A cultura gaúcha é comum à Argentina e o Uruguai. Os gaúchos viviam em uma sociedade nômade, baseada na pecuária. Mais tarde, com o estabelecimento das fazendas de gado, eles acabaram por se estabelecer em grandes estâncias espalhadas pelos pampas. O gaúcho era mestiço de índio, português e espanhol, e a sua cultura foi bastante influenciada pela cultura dos índios guaranis, charruas e pelos colonos hispânicos.
No século XIX, o Rio Grande do Sul começou a ser colonizado por imigrantes europeus. Os alemães começaram a se estabelecer ao longo do rio dos Sinos, a partir de 1824. Ali estabeleceram uma sociedade baseada na agricultura e na criação familiar, bem distinta dos grandes latifundiários gaúchos que habitavam os pampas. Até 1850, os alemães ganhavam facilmente as terras e se tornavam pequenos proprietários, porém, após essa data, a distribuição de terras no Brasil tornou-se mais restrita, impedindo a colonização de ser efetuada nas proximidades do Vale dos Sinos.
A partir de então, os colonos alemães passaram a se expandir, buscando novas terras em lugares mais longes e levando a cultura da Alemanha para diversas regiões do Rio Grande do Sul.
A colonização alemã se expandiu nas terras baixas, parando nas encostas das serras. Quem colonizou as serras do Rio Grande do Sul foram outra etnia: os italianos. Imigrantes vindos da Itália começaram a se estabelecer nas Serras Gaúchas a partir de 1875. A oferta de terras era mais restrita, pois a maior parte já estava ocupada pelos gaúchos ou por colonos alemães. Os italianos trouxeram seus hábitos e introduziram na região a vinicultura, ainda hoje a base da economia de diversos municípios gaúchos.

LISANDRO AMARAL

                 
 
 
                                                                          MEDO

"Me alcança um beijo morena
Que a guerra há de esperar
O adeus aos sonhos que deixo
Com medo de não voltar."

                                                                                             (L. Amaral)
 


Foto: "Me alcança um beijo morena
Que a guerra há de esperar
O adeus aos sonhos que deixo
Com medo de não voltar."

 (L. Amaral)

#Bru




terça-feira, 17 de setembro de 2013

OS GAÚCHOS


                                 ORGULHO DE SER GAÚCHO - P / ARNALDO JABOR

 O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil . Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.

Começ
a que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia. Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate em vez de café. Mas o mais original de tudo é a personalidade forte do gaúcho. A gente rigorosa do sul não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral, como cariocas e baianos. Em lugar do calorzinho da praia, o gaúcho tem o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado à unha dos espanhóis.

Há quem interprete que foi o desamparo diante desses abismos horizontais de espaço que gerou, como reação, o famoso temperamento belicoso dos sulinos.
É uma teoria - mas conta com o precioso aval de um certo Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Veríssimo que recebia seus pacientes de bombacha e esporas, berrando: "Mas que frescura é essa de neurose, tchê?"

Todo gaúcho ama sua terra acima de tudo e está sempre a postos para defendê- la. Mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta.
Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo). E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço. Ou seja, saber laçar novilhos à moda gaúcha, que é diferente da jeito americano, porque laço é de couro trançado em vez de corda, e o tamanho da laçada, ou armada, é bem maior, com oito metros de diâmetro, em vez de dois ou três.

Mas por baixo do poncho bate um coração capaz de se emocionar até as lágrimas em uma reunião de um Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, criados para preservar os usos e costumes locais. Neles, os durões se derretem: cantam, dançam e até declamam versinhos em honra da garrucha, da erva-mate e outros gauchismos. Um dos poemas prediletos é "Chimarrão", do tradicionalista Glauco Saraiva, que tem estrofes como: "E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no meu chimarrão/a velha hospitalidade da gente do meu rincão." (bem, tirando o machismo do seio moreno, passando de mão em mão, até que é bonito).

Esse regionalismo exacerbado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentir superiores ao resto do País.

Não é verdade - mas poderia ser, a julgar por alguns dados e estatísticas.
O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU, do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE e o da população mais longeva da América Latina, (tendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevidade), segundo a Organização Mundial da Saúde. E ainda tem as mulheres mais bonitas do País, segundo a Agência Ford Models. (eu já sabia!!! rss) Além do gaúcho, chamado de machista", qual outro povo que valoriza a mulher a ponto de chamá-la de prenda (que quer dizer algo de muito valor)?
Macanudo, tchê. Ou, como se diz em outra praças: "legal às pampas", uma expressão que, por sinal, veio de lá.

Aos meus amigos gaúchos e não gaúchos, um forte abraço!

Arnaldo Jabor - Os Gaúchos


MAS BAH, NEM PRECISO FALAR NADA! 
QUE PELEGAÇO NO RESTO DO BRAZIL

BOLSA GAUDÉRIA ATUALIZADA %

                                 

                                              AÇÕES DA BOLSA GAUDÉRIA

 
Arroz Tio João ( 4,1%)

Banana Caturra (2,1%)

Massey Ferguison ( 1,7%)

Goibada Cascão ( 5,5%)

Mariola Joaquim (3.6%)

Doce de Mocotó (8,7%)

Minacora (4,5%)

KY - Gel de Fresco (- 45%)

Grapete ( 1,6%)

Bala Soft (3,5%)

Crush de Laranja (-1,2%)

Kichute (-4%)

Bicileta Monareta (2,6%)

Calça de Brin Curinga (-3%)

Cerveja Polar (7,8%)

REVOLUÇÃO FARROUPILHA - 1


 

A revolução Farroupilha também conhecida como Guerra dos Farrapos foi a maior guerra separatista que já aconteceu no Brasil, durou 10 anos, de 1835 a 1845,  e tinha o objetivo de separar o Rio Grande do Sul do resto do Brasil. 

 

Causas

Os gaúchos com agilidade defenderam o país em muitas lutas que tiveram como o palco o estado, quando os conflitos chegaram ao fim o povo esperava que o governo central passasse a estimular o desenvolvimento sustentavel da econômico do sul, no entanto, ao invés disso, o governo passou a tributar de forma extorsiva os produtos gaúchos, como charque, graxa, couro, erva-mate, sebo, etc. Não bastasse os impostos, na década de 30 o governo passou a incentivar a importação do charque dos paises do Prata, sendo este o estopim para a difícil situação que se impunha no solo gaúcho, revoltando a elite do estado.

A Revolta

Não esqueça que em 20 de setembro de 1835, data que até hoje é comemorada pelos gaúchos, que os rebeldes tomaram Porto Alegre e obrigaram o presidente da província a fugir para Rio Grande. Bento Gonçalves, herói da revolução, planejou o ataque e empossou Marciano Ribeiro como presidente. O governo imperial ainda tentou outra nomeação para o cargo, mas os farroupilhas não aceitaram, pois exigiam um governante que defendesse os interesses do sul. Foram muitas batalhas, Porto Alegre esteve sitiada por 1.283 dias, mas os farrapos não conseguiram tomá-la novamente dos imperiais. Com algumas derrotas e outras vitórias importantes os farrapos em 09 de setembro do ano de 1836 depois da vitória do Seival e de vários impasses decidiram proclamar a República Rio-Grandense. O movimento passou então a ter um caráter definitivamente separatista.

A República

Bento Gonçalves recebeu a noticia da proclamação da república quando estava no cerco a Porto Alegre, e é indicado como único candidato a presidente.  Bento Gonçalves junto com outros heróis farroupilhas foram presos numa emboscada de Bento Manuel, Netto contudo decide continuar lutando. Depois do sobe e desce a sede do governo é instalada em Piratini e foram criados 6 ministérios. A república começou a ser estruturada em meio a muitas batalhas e feitos heróicos. Nesse tempo chega Garibaldi, e ao lado de Anita e de outros heróis farroupilhas escreve um dos mais bonitos e emocionantes capítulos da revolução farroupilha, entre eles a famosa travessia dos lanchões. Porém sem recursos e depois de longos anos de lutas os rebeldes separatistas passaram a ser chamados de farrapos e a paz passou a ser considerada, assim se iniciam as tratativas de paz e finalmente Caxias e os farrapos assinaram o tratado de Ponche Verde em 1º de março de 1845.

Tradição Gaúcha

O povo rio grandense tem orgulho de sua história e até os dias atuais comemora a revolução farroupilha, seus feitos e sua história, cultuando a tradição em centros de tradições, dançando as músicas que fizeram sucesso daquela época, usando trajes típicos, fazendo desfiles a cavalo, enfim, cultuando a tradição e passando as histórias de seus antepassados e heróis farroupilhas de geração em geração.

CAMINHO FARROUPILHA


A Semana Farroupilha é um evento festivo da Cultura gaúcha, que se comemora de 14 a 20 de setembro com desfiles em homenagem a líderes da Revolução Farroupilha. O evento lembra o começo da Revolução Farroupilha, mais longa revolução do Brasil, que durou quase dez anos e tinha como ideal liberdade, igualdade e humanidade.
Um povo forjado pela história transformou esse pedaço de solo brasileiro em palco de lutas, crenças e tradições.
A figura do gaúcho se confunde com um cenário único, da imensidão dos campos, águas fartas e muita, muita história para contar.
 Palco principal da Revolução Farroupilha, que por dez anos tingiu de bravura e determinação o horizonte do pampa, hoje empresta sua história para novas conquistas. Conquistas de olhares que se perdem num infinito horizonte, conquistas do tempo e das lendas que caracterizam um povo hospitaleiro e orgulhoso de seu passado, conquista de história, presente em museus, charqueadas e que permanece viva nas Estâncias Gaúchas, onde se perfuma com os cheiros característicos da culinária campeira.
 Conquistas de conversas junto ao fogo de chão, onde a tradição do chimarrão, passando de mão em mão, torna a todos um só povo.
Esse é um pedaço do Rio Grande que abre suas porteiras para bem receber.
Siga o Caminho Farroupilha, pisando em solo pampeiro ou navegando nas águas do grande mar de dentro - a Laguna dos Patos - e descubra um mundo capaz de guiar seu olhar e seu pensamento para além do tempo presente, onde o cenário se transforma em magia, a história revive a cada momento e o sonho se torna realidade no contato com esse povo apaixonado por sua terra.
 Seja bem-vindo. O povo pampeiro te aguarda.

                                              CAMINHO FARROUPILHA
 
Caminho Farroupilha é composto por 13 municípios que se dividem em duas rotas:
Costa Doce (Camaquã, Guaíba, Pelotas, Piratini, Rio Grande, São José do Norte, São Lourenço do Sul) e Pampa Gaúcho (Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Rosário do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel).
 
Confira as dicas e boa viagem:
 
*    Guaíba: saindo de Porto Alegre rumo ao sul do estado, comece o passeio pelo “berço da Revolução Farroupilha”, como é conhecida a cidade de Guaíba (antiga Freguesia de Pedras Brancas). É possível visitar a Casa de Gomes Jardim, por onde partiu a ordem para a invasão de Porto Alegre. Em frente a casa está o Cipreste Farroupilha e a Erma de Gomes Jardim, monumento com o busto em homenagem a este importante personagem;
 
*    Camaquã: visite a Fazenda (Estância) da Figueira, propriedade que serviu como quartel general para os Farrapos e que pertencia a Antônia Joaquina da Silva, irmã de Bento Gonçalves;
 
*    São Lourenço do Sul: aqui se encontra a Fazenda do Sobrado, antiga propriedade de Don’Anna Joaquina, outra das irmãs de Bento Gonçalves. Além ter sido quartel general, abrigou Giuseppe Garibaldi, outro personagem importante da revolução;
 
*    Pelotas: não deixe de visitar o antigo Quartel Legalista – Casa da Banha, onde o futuro Conde de Porto Alegre (General Manuel Marques de Souza) teria se aquartelado e resistido durante alguns dias as investidas dos Farrapos;
 
*  Piratini: na sexta parada do passeio está o Museu Histórico Farroupilha.
Nessa propriedade foi instalado o Ministério da Guerra. Na cidade conheça ainda a Casa de Garibaldi, que serviu como moradia para Giuseppe Garibaldi, assim como para Luigi Rosseti, redator do Jornal Revolucionário O Povo.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

SEMANA FARROUPILHA

O gauchês que une gerações migra para a Capital na Semana Farroupilha

O linguajar típico campeiro, que é transmitido de pai para filho, é a principal marca dos gaúchos.

Se andares pelo parque da HARMONIA,cuidado com o linguajar da Gauchada.
 
Se te chamarem de "jaguara", cuidado, porque boa coisa não é. Mas se você for tratado como "quera", a história é outra: fique feliz, pois você está sendo elogiado.

Expressões típicas da cultura campeira migram para a Capital no mês de setembro e podem causar confusão na cabeça dos metropolitanos que visitam o parque.
Mas não venha chamar o bah, o tchê, o tri e o oigalê de gírias, que pode ser até ofensa. Segundo a estudiosa, o gauchês é um dialeto do português falado não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em parte do Paraná e de Santa Catarina.
 As influências mais fortes são do alemão e do italiano, por força da colonização, além do espanhol e do guarani, especialmente nas áreas próximas à fronteira com o Uruguai.
— Isso se traz de casa, é algo que os mais velhos gostam de passar para nós — diz o guri.
Embora já tenha morado em pelo menos três Estados diferentes, é no Rio Grande do Sul que ele encontra e cultiva as tradições.
 O linguajar é a principal marca que faz questão de manter.
Enquanto solta um "pichorra", faz graça para uma moça que passa, elogiando sua beleza e educação, sem que a moça sequer perceba o que ele está falando.
Ainda bem que é elogio!

                                        Confira o vocabulário gaudério:

Aspa = chifre
Bochincho = festa informal
Carpim = meia de homem
Chinoca = guria que se pilcha de bota e bombacha em vez do vestido de prenda Chinaredo = bordel, onde ficam as chinas
Corpinho = sutiã
Cupincha = camarada, companheiro, amigo
Esgualepado, judiado = machucado, sem forças, acabado
Fatiota = terno
Folhinha = calendário
Guaipeca = cachorro viralata
Macanudo = sujeito forte, respeitável, talentoso
Melena = cabelo
Pechada = batida, trombada (entre automóveis)
Talagaço = golpe
Vivente = criatura viva, pessoa, indivíduo
Xirú = índio ou caboclo. Na língua tupi quer dizer "meu companheiro"
Quera = homem, gaúcho, gaudério

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

FENÔMENO RARO


                    Ocultação de Vênus pela LUA decora  o céu do Rio Grande do Sul.

Até com fenômenos naturais o Rio Grande do Sul é abençoado,tivemos o previlégio de assistir este fenômeno de rara beleza no RIO GRANDE DO SUL a olho nu.

Por volta das 19hs deste domingo 8/09 ,quem olhou para o céu e viu a LUA "sorrindo e uma estrela brilhando ao seu lado.
O raro fenômeno mostra a LUA encobrindo o planeta Vênus e evidencia a estrela Espiga ou (SPICA).
“Essa estrela tem importância histórica, pois é mostrada na bandeira brasileira acima da faixa Ordem e Progresso representando o Estado do Pará”, conforme o Observatório Nacional.
O planeta Vênus, o mais brilhante do nosso céu, aparece no céu nos fins de tarde, desde meados de julho.
 Na noite de domingo, ele ficou completamente escondido atrás do satélite natural da Terra. O fenômeno pode ser visto em regiões no sul do País, RIO GRANDE DO SUL.
Também foi possível registrar o fenômeno em Amã, na Jordânia.
Nesta segunda-feira (9), na mesma região do céu ao escurecer, será possível observar novamente a estrela, os planetas Vênus e Saturno e a Lua.
 
 Programa Stellarium simula como deve ser a disposição dos astros no dia da ocultação de Vênus pela Lua Foto: Programa Stellarium / Reprodução
 


domingo, 8 de setembro de 2013

POESIA

                                                    POEMAS GAUDÉRIOS   
 
Um dos maiores orgulhos que tenho do Rio Grande e que me faz sentir imensa saudade, mesmo de coisas que não vivi na experiência, mas que fazem parte de um imaginário que todo gaúcho herda, é a poesia gaúcha.
Termos regionais que lembram nossa identidade e nos diferenciam positivamente do restante do Brasil, digo positivamente pois não faço parte daqueles que pretendem enaltecer sua cultura diminuindo a dos demais, pertenço sim, àqueles gaúchos que honram suas tradições e tem como único desejo sua preservação nesses tempos de tanta flexibilidade nas opiniões.
Por isso é que publico mais uma do nosso maior poeta, o Payador Jayme Caetano Braun :


Trovador Negro

Negro de sorriso claro,
Como sinuelo de pampa,
Que sintetizas na estampa
Longínquas reminiscências;
Negro que lembras dolências
De alegrias e tristezas
Que andaram nas correntezas
Dos rios de muitas querências.

Essa cordeona que abraças
Com ciumenta intimidade,
Traduz - na sonoridade,
Quando teus dedos passeiam,
Madrugadas que clareiam,
Campos pelechando em flor,
Chinocas pedindo amor
E potros que corcoveiam.

E quando a cordeona espichas
Aberta - como prá um pialo,
E o verso sai - de a cavalo,
Sobre a cadência da nota,
Tua mirada remota
Se perde - coxilha acima,
Como quem busca uma rima
Sem saber de onde ela brota.

Tu sim - és poeta - e o mundo,
Prá ti - se torna pequeno.
E nem mil poetas - moreno,
Expoentes de Academia,
Campereando - noite e dia,
O vocabulário gasto
Podem dar cheiro de pasto
Como tu dás à poesia.

Negro de sorriso aberto
Como clarão de alvorada,
Abre essa gaita aporreada,
E canta - a mais não poder.
Canta negro - até morrer,
Com força de mil gargantas,
Pois cantando como cantas
Ninguém te iguala em saber.
                                                   

CHIMARRÃO DA MADRUGADA

                                        
Essa poesia é daquelas que nos fazem realmente sentir o ambiente descrito, como se estivéssemos lá.
O chimarrão acompanha nos momentos de reunião e também naqueles momentos em que se está solito.
Nesta poesia  descreve o início da rotina do gaúcho quando, acompanhado do cigarro de palha e do fogo de chão, ele testemunha o amanhecer.

 

                                               Chimarrão da Madrugada



Não sei por que nesta noite
o sono velho cebruno
ergueu a clina e se foi!
E eu que arrelie ou me zangue.

Tenho olhos de ave da noite,
ouvidos de quero-quero
cordas de viola nos nervos
e uma secura no sangue.

Então, da marquesa salto
e vou direto ao galpão:
bato tição com tição
e a lavareda clareia
os caibros do galpão alto.

Já a cuia bem enxaguada,
corto um cigarro daqueles
de reacender vinte vezes
num trote de quatro léguas
de uma chasqueira troteada.

E, quando a chaleira chia,
principio um chimarrão,
mais verde e mais topetudo
do que um mate de barão.

Me estabeleço num banco
pra gozar gole e fumaça,
pitando um naco de branco.
E entre tragada e golito
saludo mui despacito
cada recuerdo que passa.

Um galo - o cochincho-mestre!
o laço desenrodilha.
E fica só com a presilha
e solta a armada bem grande
do laço de um canto largo
de sobrelombo a uma estrela.

E os outros galos-piazitos
vão atirando os lacitos
como em guachas de sinuelo.

E até um garnisé cargoso
vai reboleando orgulhoso
o soveuzito feioso
feito de couro com pêlo.

Nem relincham os cavalos!
Com brilhos de ponte-suelas,
lá em riba estão as estrelas!
Cá em baixo os cantos dos galos.

A estrela d'alva trabalha
na imensidão da hora morta:
- ou num perfil de medalha
ou a maiúscula inicial
sobre a prata de um punhal
que ainda há de sangrar o dia.

E a "Nova" ao largo se corta,
magra, esquilada, arredia,
empurrando a guampa torta
contra o ventito do Sul,
como num campo de azul,
a ovelha chamando a cria.

Solito, perto do fogo,
como um bugre imaginando,
escuto o Tempo rodando
sem descobrir o seu jogo.

O perro Baio-coleira
faz que cochila... E abre os olhos,
a espaços, regularmente.
E me fixa os olhos claros
como um amigo, dos raros,
cuidando do amigo doente.

É um gosto olhar os brasidos
E os luxos das lavaredas
dançando rendas e sedas
para a ilusão dos sentidos.
E entre o amargo e a tragada
tranqueiam na madrugada
tantos recuerdos perdidos.

E o chimarrão macanudo
vai entrando pelo sangue!
Vai melhorando as macetas,
curando as juntas doridas
como água arisca de sanga
sobre loncas ressequidas.

O peito avoluma e arqueia
como cogote de potro.
E as ventas se abrem gulosas
por cheiro de madrugada.
- Potrilhos em disparada
num Setembro de alvoroto.

Ah... sangue velho descubro
Porque hoje estas de vigilia
Três seculos de fronteira
De madrugadas campeiras
De velhas guardas guerreira
Floreando o Pampa em coxilha

Por isso é que hoje não dormes
Ouviste a voz de ancestrais
O chimarrão principia
Alerta, o campo vigia
Da meia noite pro dia
Um taura não dorme mais.