quinta-feira, 1 de agosto de 2013

REVOLUÇÃO FARROUPILHA

                 

                                  A primeira tragédia Passo-fundense
 

   
 
                                                                 

Com a conquista das Missões, em 1801, consolidou-se a ocupação territorial, econômica e humana do que viria a ser o Rio Grande do Sul de nossos dias. Os militares que participaram dessa conquista acabaram dividindo entre si as novas terras.
A ocupação que começou pela atual região missioneira chegou ao atual perímetro urbano de Passo Fundo, em dezembro de 1827, quando Manuel José das Neves, mais conhecido como Cabo Neves, tomou posse das terras que lhe foram concedidas pelo Exército, fixando sua residência nas proximidades da atual Praça Almirante Tamandaré. Vinha acompanhado da família, parentes, agregados e escravos.
Como todo o descendente de bandeirantes era um plantador de cidades. Permitiu que outras famílias se fixassem nas proximidades. O arranchamento ali estabelecido cresceu rapidamente, com a chegada de diversas famílias, entre as quais a do alemão Adão Schell, nosso primeiro imigrante não-português. A recente povoação chamou a atenção dos governantes da Província que para cá mandaram, como primeira autoridade, Joaquim Fagundes dos Reis, que fixou residência nas proximidades do atual Bairro São José.
Logo surgiu uma capela, consagrada a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, necessária para o reconhecimento oficial da povoação, e, ao lado, o cemitério católico.
A extração e o beneficiamento da erva-mate, a agricultura de subsistência, a criação de animais domésticos, o aproveitamento da pele de animais silvestres e o entreposto de tropas que por aqui passavam, foram as primeiras atividades econômicas.
Em meados de 1835, ao estourar a revolta dos estancieiros fronteiriços contra o governo central do Brasil, Passo Fundo crescia em ritmo alucinante. As duas principais lideranças locais tomaram lados opostos: Manuel José das Neves, ficou com o Império; Joaquim Fagundes dos Reis, maçom, manteve-se fiel aos seus confrades. A passagem de tropas conflitantes, saqueando a tudo e a todos, provocou o êxodo da população, em sua maioria paulista e paranaense, que não tinha os mesmos interesses de charqueadores e estancieiros da Fronteira.
Em 1838 por aqui passou o marechal Pierre Labatut, humilhado pelos ataques dos caingangues. Logo depois chegaram os revolucionários em seu encalço.
Muitos dos fazendeiros que, de início, apoiaram os farroupilhas, já haviam aderindo ao governo imperial, e participariam, inclusive, do Combate de Curitibanos, onde os revolucionários foram derrotados pelas tropas de Passo Fundo e Cruz Alta, conduzidas por Atanagildo Pinto Martins.
No território passo-fundense aconteceram alguns combates de pequena e média importância. Por aqui, após levantarem o cerco de Porto Alegre e subirem pela Serra das Antas, cruzaram e acamparam os principais próceres farroupilhas. Ao final do movimento armado, a promissora povoação estava reduzida a cinco ou seis ranchos, segundo o testemunho recolhido pelo historiador Antonino Xavier e Oliveira entre pessoas que aqui viviam ao tempo da revolução e, portanto, conheceram Passo Fundo daquela época.
A Revolução Farroupilha representou o que de pior poderia ter acontecido para a florescente povoação. Mesmo aqueles que, de início, ficaram ao lado dos revolucionários, ao sentirem que os interesses serranos não eram os mesmos dos charqueadores e estancieiros, bandearam-se para o lado imperial. Portanto, à exceção de alguns “políticos” e empregados públicos e pessoas, como Joaquim Fagundes dos Reis, que possuíam ligações com a corrente maçônica de que faziam parte os próceres farroupilhas, ficaram ao lado dos rebelados. A maioria dos passo-fundenses procurou refúgio no Paraná e São Paulo ou acabou apoiando as forças imperiais.
A Revolução Farroupilha, entre 1835 e 1845, foi a primeira grande tragédia que se abateu sobre Passo Fundo; a segunda foi a Guerra Contra o Paraguai (1864-1870) e a terceira a Revolução Federalista, de 1893. São três eventos históricos dos quais não temos nada de que nos orgulhar. Devemos orgulhar-nos de nossos ancestrais que souberam se beneficiar do posicionamento estratégico e dos recursos naturais para transformar nossa cidade num dos maiores centros econômicos e humanos do Rio Grande do Sul. Eles é que são nossos verdadeiros heróis.

 


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