MEU DONO
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Dá-me, freqüentemente, de comer e beber,
e, quando tenhas terminado de trabalhar-me,
dá-me uma cama na qual eu possa descansar comodamente
Examina todos os dias os meus pés e
limpa minha pele.
Fala-me;
tua voz é sempre mais eficaz e
mais conveniente para mim,
que o chicote, que as rédeas e que as esporas;
Acaricia-me freqüentemente,
para que eu possa compreender-te, querer-te
e servir-te da melhor maneira e
de acordo com os teus desejos;
Não me batas violentamente e
nem dê golpes violentos nas rédeas, pois,
se não obedeço como queres, é porque ou não te compreendo ou porque estou mal encilhado, com o freio mal colocado, com alguma coisa em meus pés ou no meu ombro que causam dor; Se eu me assustar, não deves bater-me sem saberes a causa disso, pois bem pode ser o defeito de minha vista ou um proverbial aviso para ti; Não me obrigues a andar muito depressa em subidas, descidas,
estradas empedradas ou escorregadias;
Não permaneças montado sem necessidade,
pois prefiro marchar,
do que ficar parado comuma sobrecarga sobre o dorso; Quando cair, tenha paciência comigo e ajuda-me a levatar,pois faço quanto posso para não cair e
não causar-te desgosto algum;
Se tropeçar, não deves por a culpa para cima de mim, aumentando minha dor e a impressão de perigo com tuas chicotadas;
Isso só servirá para aumentar meu
medo e minha má vontade; Enfim, meu dono, quando a velhice chegare me tornar inútil, não esqueças os serviços que te prestei, obrigando-me a morrer de dor e privações sobe o julgo de um dono cruel ou nos varais de uma carroça; Se não puderes manter-me, ou mandar-me para o campo, mata-me com tuas próprias mãos, sem me fazeres sofrer; Eis tudo o que eu te peço, em nome daquele que quis nascer numa baia, minha morada e não num palácio, tua casa. |
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