INTRODUÇÃO:
Era uma terra perdida perto do nada...até que um poder político, o Império do
Brasil, despertou para a importância desse pedaço de mundo localizado ao sul de
seus domínios. A terra, a água, o gado, fatores que atraíram para o Rio Grande
do Sul, então Continente de São Pedro, os olhares de quem estava fugindo da
falência dos feudos e Guerras na Europa. Com o incentivo do Império, ficou mais
fácil adentrar as terras e tomar posse, sem restrições, daquilo que lhe deram
sem conhecer.
ÍNDIO MISSIONEIRO (1620 A 1730)
Os índios que
habitavam, em especial a nação Guaranítica, tiveram a sua liberdade tolida pela
fundação dos Sete Povos da Missões, em 1687, que não só alterou seu estilo de
vida indígena, como reuniu um gado chucro, que andava disperso pelos campos. Os
Jesuítas Espanhóis vieram para criar as Vacarias dos Pinhais e do mar. Seus
pudores vestiram o índio que, até então, apenas enrolava-se em peles de animais.
(entramos índios) Agora, traja-se como Tipoy (espécie de saia) tendo o chumbe
como cordão da cintura, para as mulheres indígenas e os homens enrolam-se em
calças e camisetões feitos de tecido rústico, ambos de pés descalços e para
proteger -se no inverno, o poncho de lã.
CHIRIPÁ PRIMITIVO - Primeira
Época (1730/1820)
Mas esses indígenas e Jesuítas não estavam sozinhos. Eles
tiveram a perseguição de Bandeirantes vindos do Sudeste do país, devido ao gado
em excesso que estava sob a propriedade das Missões e eram comercializados em
Sorocaba (Capitania de São Paulo). O homem rural adquiria habilidade de montaria
para poder levar esse gado a Sorocaba e, além disso, essa habilidade fazia dele
um peão de estância eventual, o que reforçava o uso do cavalo como meio de
transporte. Isso impressionou os novos donos da terra, militares reformados que
ganhavam sesmarias e as transformavam em estâncias, local onde o índio procurou
empreg o e moradia como fim das Missões (entra o Chiripá Primitivo). O homem
passa a usar uma saia de couro cru, com camisa aberta ao peito de tecido
rústico, botas garrão de potro ou pés descalços, chapéu de palha par a proteção
do sol e intempéries, ceroulas sem crio, faixa e colete. A mulher usa apenas uma
blusa de tecido rústico e a saia em corte simples também em tecido rústico. Os
pés descalços castigavam durante a lida do campo de
doméstica.
Contrapondo essa vestimenta de trabalho, o estancieiro, todo
poderoso,usava apenas pe;cãs fabricadas dos puros tecidos vindos da Europa,
dando ênfase para a ceroula de crivo ou renda trabalhada, botas fortes com
esporas, calções de tecidos nobres abaixo do joelho, colete e camisa de linho,
lenço no pescoço e chapéu de copa alta. A mulher exagerava nos ornamentos
utilizando leque e vestido de tecido nobre com renda flor e fita no cabelo em
coque e sapato de couro, brincos e correntes com crucifixo e meias coloridas.
Popularmente, esse traje é denominado de BRAGA.
CHIRIPÁ FARROUPILHA - Segunda
Época (1820/1865)
O cavalo é cada vez mais a força desse homem campeiro e
com ele o gaúcho consegue percorrer as terras e domar todos os animais que
aparecem nos campo. As características do homem do campo vão mudando e é nesse
período que o caráter do gaúcho vai se consolidar. Suas exigências quanto a
aparência vão definir um novo perfil de homem e que passa a tr necessidade de
algo mais confortável para as lides no campo, nas charqueadas e para as batalhas
durante as guerras em defesa das fronteiras. O homem passa a usar o chamado
Chiripá Farroupilha, semelhante a uma fralda (entra o Chiripá Farroupilha) por
cima da ceroula de crivo, guaiaca, jaqueta campeira, camisa de algodão, lenço na
cabeça e chapéu de copa alta. Sua esposa vai trajar um conjunto de saia e
casaquinho, acompanhado de chalé, com coque ou tranças e flores ou fitas, sapato
de couro será mais popular o que facilita na aquisição, também da botas do peão.
O estancieiro, seu patrão, vai usar uma calça justa com botas, camisa com lenço
e colete; na cintura uma faixa e guaiaca; casaco de fino tecido e chapéu de copa
alta. A mulher do estancieiro traja o vestido de fino tecido com detalhe no
pescoço, o cabelo em coque, nos pés sapatos de couro ou botinhas, e flor no
cabelo. A maquiagem é discreta e os brincos são grandes.
Na cidade a moda
mudava um pouco, pois a influência européia era mais muito sentida. A mulher
usava vestidos rodados, com armação e chapéu de feltro para a proteção dos
cabelos. O homem citadino usa calça reta de tecido leve, colete, camisa com
lenço bem arrumado, fraque e chapéu. BOMBACHA (1865/1900)
O tempo
passa e o homem ganha nova vestimenta com a entrada, na Província do rio Grande
de São Pedro, da Bombacha, alça larga usada pelos homens que lutaram na Guerra
do Paraguai. O homem começa a fazer uso do blazer , camisa , lenço e botas de
couro. A mulher que vive com ele usa saia com camisa e fita no pescoço, sapatos
de coro e meias -calça colorida. Em 1950, coma chegada da Miss Distrito Federal
à Porto Alegre, Paixão Cortes e seus amigos convidam suas irmãs a fazerem parte
das atividades tradicionalistas como assar o churrasco, declamar, bailes, canto,
e outros, numa forma de recepcionar a visitante.
Para tal Paixão Cortes
veste as irmãs e de seus amigos com vestido criados por ele mesmo. Simples, com
babados, corte godê simples e pouca armação, vai compor com uma flor no cabelo o
traje criado e dado como característico do gaúcho. Inicia a participação
feminina nos primeiros movimentos relacionados a perpetuação dos costumes
gaúchos
. PILCHA
Um dos grandes diferenciais entre os povos é a
indumentária característica de cada um deles. Reconhecemos um japonês
tradicional pelo seu quimono de seda; um habitante dos Andes pelo seu
característico gorro colorido; um vaqueiro nordestino pela sua roupa de coro ,
rústica para enfrentar os espinhos da caatinga; e um gaúcho atual pela sua
pilcha, composta por botas, esporas, bombacha, faixa na cintura, guaiaca,
camisa, lenço, colete, casado ou jaqueta e chapéu. A vestimenta gaúcha
tradicional sofreu mudanças durante os anos, principalmente por ser uma mistura
das vestes das diversas nacionalidades que colonizaram o Rio Grande do Sul. Das
Bragas dos estancieiros e abastados de 1750/1820, passando pelo Xiripá
Farroupilha de 1820/1865 até chegar na atual vestimenta do gaúcho, ficaram
algumas peças que, pelo conforto e originalidade, representam nossa cultura
ímpar. As antigas vestimentas, como pr exemplo a Bota de Garrão de Potro, são
usadas em apresentações de música e dança, coma finalidade deperpetuar a
história de nosso povo. No entanto, existe a necessidade de normatização do uso
da pilcha, não para padronizar, mas sim para evitar que modismos irresponsáveis
deturpem as nossas tradições. Assim, cada CTG, cada Entidade tradicionalista,
deve procurar conhecer a nossa indumentária característica, respeita-la e
cultua-la com orgulho. É bom que se diga que, de todos os povos do nosso
planeta, aqueles que normalmente admiramos, seja qual for o motivo da admiração,
geralmente são aqueles que preservam suas raízes, apesar da modernização de suas
sociedades.
LENÇO NO PESCOÇO
O lenço do gaúcho, em sua evolução desceu da cabeça ao
pescoço de início ainda com as pontas para trás. Popularizou-se ao ser adotado,
politicamente, como designativo de cor partidária. Para destacar a cor símbolo
de luta, surgiu o lenço gaúcho nos moldes atuais, atado ao pescoço e solto ao
peito. As cores mais tradicionais são a branca e a vermelha. A partir da
Revolução Federalista (1893), o lenco gaúcho surge no Rio Grande do Sul como
meio de distinção entre os federalistas e os republicanos. Gaspar Martins,
político liberal, fundou o Partido dos Federalistas adotando o lenço Vermelho
(maragato). Como símbolo de luta Julio de Castilhos, político aliado do Governo
Federal, defendia o Partido Republicano e tinha como símbolo o Lenço Verde
(Pica-paus). Mais tarde, o general Flores da Cunha, ao fundar o Partido
Republicano Liberal, adotou o lenço Branco (chimango). Foi a partir do poemeto
Äntônio Chimango" (onde Ramires Barcelos, com codinome Amaro Juvenal, satirizava
ogovernador da época, Ant6onio Augusto Borges). Que os republicanos ficaram
conhecidos como chimangos. Hoje o lenço de pescoço é peça integrante da
indumentária gaúcha, e sua cor nãomais reflete posição político-partidária. O
Lenço gaúcho consiste em um tecido quadrangular (geralmente seda), de cor única,
exceção ao xadrez miúdo (carijó) e nunca de tecido estampado. As cores mais
usadas, são as históricas - vermelho e branco - ressaltando que o lenço preto
representa tradicionalmente o sentimento de luto. Diversas são as formas de atar
o lenço, sendo o nó farroupilha (1835) e o nó federalista (1893); - nó
tradicional, comum ou getulista (usado pelo Presidente Getúlio Vargas) foi
adotado pelos chimangos, sendo, portanto , feito em lenços de cor branca.; -
nó quadrado ou domador, usado nas cores vermelha ou preta, foi adotado por Assis
Brasil, que era maragato; - nó farroupilha, também conhecido como bago de
touro, usado nas cores farroupilhas ou preto; - nó ou tope farroupilha,
muito usado de 1935 em diante pelos revolucionários farrapos; - nó dois
topes, também sem conotação política, pode ser feito em qualquer cor de lenço;
- nó pachola, por representar a alegria, pode ser usado em qualquer cor de
lenço, exceto a preta (significa a tristeza do luto) - nó crucifixo, usado
somente em festas religiosas , pode ser atado em lenço de qualquer cor. |
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