quarta-feira, 16 de maio de 2012

GAUCHISMO

Como recebi de um amigo especial,escritor.declamador, pajador e flor de Gaucho, não poderia deixar de por a disposição para que leiam e deixem seu comentarios.

                                 Gauchismo     ( Hugo Bülow)  
                 
Na invernia agreste, quando a lua, vestida de um pala branco, passear no céu do pago na noite clara, na madrugada, um nevoeiro úmido vai pairar sobre os baixios, as canhadas e os riachos.
No seu aspecto soturno a cerração turva a vista e, quando seus espectros fantasmagóricos e assustadores se mesclam às nuanças da claridade da lua, prenunciam um arrebol com friagem.
O frio vai pintar de branco os campos do pampa.
Pingentes e cordões de cristais de gelo ficam adornando os galhos das árvores, dos arbustos e as cercas, multicoloridos aos primeiros raios do sol.
Os animais do campo permanecem pastando, silentes, como à espera do calor do novo dia.
Um quero-quero, gaudério, prende o grito quando um cusco, solito, chega perto do seu ninho, tentando desviar sua atenção e, um João-de-Barro, que fica trinando para sua companheira, de onde fez sua casinha, no cimo de uma tronqueira, quebram o silêncio dos mates.
É um aviso, e o peão, rude, campeiro, se agasalha, por inteiro, quando larga do mate e sai de perto do fogo de chão, para a lida.
Montado no seu pingo, e “a passito, no más”, para que o minuano não lhe corte o rosto, vai, o peão, remoendo a quietude de suas saudades no sem fim da amplidão do campo.



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