quinta-feira, 21 de março de 2019

LENDAS GAÚCHAS

                  João de Barro

Contam os índios que, há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza.
 Melhor dizendo: apaixonaram-se. Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento.
 O pai dela perguntou:
- Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?
- As provas do meu amor! - respondeu o jovem.
O velho gostou da resposta mas achou o jovem atrevido. 
Então disse:
- O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
 Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei.
Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado.
 O velho ordenou que se desse início à prova.
Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado.
 A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa Lua que o mantivesse vivo para seu amor. 
O tempo foi passando. 
Certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer.
O velho respondeu:
- Ele é arrogante. Falou nas forças do amor. 
Vamos ver o que acontece.
E esperou até até a última hora do novo dia.
 Então ordenou:
- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.
Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro.
 Seu olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. 
Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. 
Todos se espantaram. E ficaram mais espantados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro!.
                   

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