O Gaúcho é uma denominação dada às pessoas ligadas à atividade pecuária em regiões de ocorrência de campos naturais do vale do rio da Prata e do Rio Grande do Sul, notavelmente no bioma denominado pampa. As peculiares características do seu modo de vida pastoril teriam forjado uma cultura própria, derivada do amálgama da cultura ibérica e indígena, adaptada ao trabalho executado nas propriedades denominadas estâncias. É assim conhecido no Brasil, enquanto que em países de língua espanhola, como Argentina e Uruguai é chamado de gaucho (acento tônico no "a", diverso do português, cujo acento tônico é no "u").
O termo também é correntemente usado como gentílico para denominar os nascidos no estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Além disso, serve para denominar um tipo folclórico e um conjunto de tradições codificadas e difundidas por um movimento cultural agrupado em agremiações, criadas com esse fim e conhecidas como Centro de Tradições Gaúchas ou CTG.
Origem
Um estudo genético realizado pela FAPESP revelou que os gaúchos brasileiros dos pampas são descendentes de uma mistura de europeus e de índios, mas com algumas peculiaridades. O estudo apontou que os ancestrais europeus dos gaúchos seriam principalmente espanhóis, e não portugueses, como é mais comum em outras partes do Brasil.[1] Isso porque a região dos pampas foi, por muito tempo, disputada entre Portugal e Espanha e só foi transferida da Espanha para Portugal em 1750. O estudo também revelou um alto grau de ancestralidade indígena nos gaúchos pelo lado materno (52% de linhagens ameríndias), maior do que a dos brasileiros em geral. O estudo também detectou 11% de linhagens africanas pelo lado materno. Dessa forma, os gaúchos da Campanha são fruto sobretudo da miscigenação entre homens ibéricos com mulheres indígenas e, em menor medida, com africanas.[2]
A região dos pampas não sofreu influência das significativas imigrações açoriana, alemã e italiana que marcaram a paisagem étnica de outras regiões do Rio Grande do Sul.[3] O antropólogo Darcy Ribeiro escreveu que os gaúchos dos pampas "surgem da transfiguração étnica das populações mestiças de varões espanhóis e lusitanos com mulheres guarani".[4] Em decorrência da miscigenação étnica, o português falado na região dos pampas absorveu muitas expressões espanholas, indígenas e algumas africanas. [5]Etimologia
O termo originou-se na região conhecida como Banda Oriental, um território correspondente ao que são o Uruguai e o Rio Grande do Sul atuais, encontrada pela primeira vez escrita num documento oficial da administração espanhola em 1771, numa comunicação do comandante de Maldonado, Dom Pablo Carbonell ao virrey Juan José Vértiz: "Muy señor mío; haviendo noticia quie algunos gahuchos se havian dejado ver a la Sierra mande a los tenientes de Milicias Dn Jph Picolomini y Dn Clemente Puebla, pasasen a dicha Sierra con una Partida de 34 hombres..." Em 1780, em um documento de Montevidéu "que el expresado Díaz no consentirá en dicha estancia que se abriguen ningunos contrabandistas, bagamundos u ociosos que aqui se conocen por Gauchos." (8 de agosto de 1780). Guanches ou Guanchos gentílico dos habitantes das ilhas Canárias na fundação de Montevidéu. Gaúcho foi o Guancho fugido de Montevidéu. Quando o Rei da Espanha mandou casais de agricultores das ilhas Canárias povoarem a recém-fundada Montevidéu, eles transplantaram a palavra pela qual identificavam os habitantes autóctones das ilhas: guanches, ou guanchos. Foi esta a origem da palavra gaúcho, com pequena distorção de pronúncia: guanches ou guanchos.Existem várias teorias conflitantes sobre a origem do termo "gaúcho". O vocábulo pode ter derivado do quíchua (idioma ameríndio andino) ou de árabe "chaucho" (um tipo de chicote para controlar manadas de animais). Além disso, abundam hipóteses sobre o assunto. Um registro de seu uso se deu por volta de 1816, durante a independência da Argentina, com o qual se denominavam os índios nômades de pele escura, os gaúchos ou "charruas" (daí o chá - chimarrão, infusão de erva-mate verde seca e moída, tomada com água quente em cuia de cabaça ou porongo, sorvida por uma bomba de bambu ou metal), cavaleiros que domavam e cavalgavam "em pelo" os animais selvagens desgarrados das estâncias espanholas, que procriavam nos pampas argentinos.[carece de fontes]
Segundo Barbosa Lessa, em seu livro Rodeio dos Ventos, publicado pela Editora Mercado Aberto, 2a edição, o primeiro registro da palavra se deu em 1787, quando o matemático português Dr. José de Saldanha participava da comissão demarcadora de limites Brasil-Uruguai. Em uma nota de rodapé do seu relatório de trabalho, o luso teria anotado a expressão usada pelos da terra para referir-se àqueles índios cavaleiros.
História
Em Rocha e toda a área da lagoa Mirim e Bagé (agora no Brasil), onde os gaúchos são nascidos. Os gaúchos (fugidos) da fronteira Portugal - Espanha não eram guanchos, eles eram gaúchos descrição de pessoas de hábitos nômades, ciganos, moradores em barracas ou tendas, brancos pobres, de miscigenação moura, vinda da Espanha - fugidos que viraram índios ou índios aculturados pelas Missões que não possuíam terras e vendiam sua força de trabalho a criadores de gado nas regiões de ocorrência de campos naturais do vale da lagoa Mirim, entre os quais o pampa, planície do vale do rio da Prata e com pequena ocorrência no oeste do estado do Rio Grande do Sul, limitada, a oeste, pela cordilheira dos Andes.
O gentílico "gaúcho" foi aplicado aos habitantes da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul na época do Império Brasileiro, por motivos políticos, para identificá-los como beligerantes até o final da Guerra dos Farrapos, sendo adotado posteriormente pelos próprios habitantes por ocasião da pacificação de Caxias, quando incorporou muitos soldados gaúchos ao Exército ao final do Confronto, sendo Manuel Luís Osório um gaúcho que participou da Guerra do Paraguai e é patrono da arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, quando valores culturais tomaram outro significado patriótico, os cavaleiros mouros se notabilizaram na Guerra ou Confronto com o Paraguai. Também importante para adoção dessa cultura viva para representação do estado do Rio Grande do Sul é a influência do nativismo argentino, que no final do século XIX expressa a construção de uma das maiores culturas se não a maior do Brasil.
Na Argentina, o poema épico Martín Fierro, de José Hernández escrita em Santana do Livramento no RS. A pátria gaúcha onde ele aprende a palavra gaúcha do uruguaio Lussich (livro deo Treis Gaúchos Orientales - 1872) e dos próprios rio-grandenses, exemplifica a utilização do elemento gaúcho como o símbolo da tradição nacional da Argentina, uruguaia e brasileira em contradição com a opressão simbolizada pela europeização. Martín Fierro, o herói do poema, é um "gaúcho" recrutado a força pelo exército argentino, abandona seu posto e se torna um fugitivo caçado.
Os gaúchos apreciam mostrar-se como grandes cavaleiros e o cavalo do gaúcho, especialmente o cavalo crioulo, "era tudo o que ele possuía neste mundo". Durante as guerras do século XIX, que ocorreram na região, atualmente conhecida como Cone Sul, as cavalarias de todos os países eram compostas quase que inteiramente por bravos cavaleiros gaúchos.
Música
O único ritmo riograndense é o bugio, criado pelo gaiteiro Wenceslau da Silva Gomes, o Neneca Gomes, em 1928, na região de São Francisco de Assis. Inspirado no ronco dos bugios, macacos que habitam as matas do Sul da América, o ritmo foi banido por algum tempo por ser considerado obsceno, mas em tempos atuais é mantido em todo o estado, onde hoje se realiza um festival "nativista" conhecido como "O Ronco do Bugio".
A partir de 1970, com a criação da Califórnia da Canção Nativa em Uruguaiana, começaram a surgir os festivais, que serviram de incentivo para músicos e compositores lançarem novos estilos, popularmente chamados de "música nativista". Essa música é formada por ritmos pré-existentes, especialmente a milonga e o chamamé, porém com canções mais elaboradas e com letras dedicadas especialmente ao estado do Rio Grande do Sul e ao estado de Santa Catarina, como em letras de Teixeirinha com a música "Santa Catarina", Elton Saldanha com as músicas "Herdeiro do Contestado" e "Linda Terra Santa Catarina", João Luiz Correia com a música "Bailando com as Galegas" e o grupo Musical Terceira Dimensão com a música "Vou pra Santa catarina".
Nenhum comentário:
Postar um comentário