A MESMA MIRADA.
O poeta e cantor bageense Lisandro Amaral retorna com uma primorosa, recheada de muita poesia e mensagem. O trabalho consolida textos, músicas e poemas em um Livro e CD.
Considerado uma das principais revelações desde 2001, ano em que registrou seu primeiro CD "À Moda Antiga”, Lisandro Amaral vem confirmando a cada atuação no cenário nativista uma linha enraizada como compositor genuinamente da região sul.
Bolicho de encruzilhada, domingo de carreirada e o Nelso o próprio rincão. Ameaçava um chuvisco e o seu lobuno um corisco, não repetia a pisada... guardando o olho dos xucros se resvalava dos cusco e o Nelso a mesma mirada.
O quanto existe entre a cena de ver revolta melena dos vagos homens
do mundo? Pra que, na sombra da sombra, um andarilho se nombra mais que um
mistério fecundo?
Na copa inda seca do angico acalmou o redomão.
E num "pssssiiiiiiiii pssssiiiiiiiiuuu o cavalo” foi resvalando despassito e deixando o poncho no abraço pra que não molhe o sustento.
Ficou o sombrero na gola e um maneião sem argola já vinha junto do pulso pra garantir que não solta.
Froxou a boca e o carinho foi cochichando baixinho sem prometer quando volta...
E num "pssssiiiiiiiii pssssiiiiiiiiuuu o cavalo” foi resvalando despassito e deixando o poncho no abraço pra que não molhe o sustento.
Ficou o sombrero na gola e um maneião sem argola já vinha junto do pulso pra garantir que não solta.
Froxou a boca e o carinho foi cochichando baixinho sem prometer quando volta...
Nelso é o motivo do gole, e quando a tarde abre o fole, mesmo que
esteja nublada, a sede manda que beba e a lua então que receba o fogo azul da
alvorada.
O tirador e a chorona reconhecido na zona faziam voz de chegada... um
tinha som de bochincho o outro o rufo dos guinchos e marcas de embuçaladas...
Eu
nunca vi domador
Sem
faca e sem tirador
Mesmo
que morto em carona
É
um luxo ver gineteando
Mesmo
que rode peleando
Eu
hei de ouvir-lhe as chorona.
Carteado, osso e três pencas... pastel, cigarros e encrencas - bem
resolvidas ou não – Assombra o final da hora e o Nelso arrastando a espora
cambalhava ao redomão.
Dois tigres num mesmo idioma... um menestrel sem diploma, o outro couro
fumaça.
Lobuno
olha e recebe como entender por que bebem no funeral de uma
raça...
Nelso
resmunga um carinho, ata a boca e de mansinho desaba o corpo de novo.
Lobuno olha e aceita
como entender a receita que então derruba e não mata.
Nelso não perde o cabresto, de joelho ri do infesto e desmaneia das pata.
Nelso não perde o cabresto, de joelho ri do infesto e desmaneia das pata.
Feito um portal de
esperança, agarra o chapéu na gola - já apresilhada a maneia.
Mergulha
então estrivado pra retornar ao reinado GIGANTESCO E
CRUZADOR.
Ameaçava
um chuvisco e o seu lobuno um corisco, não repetia a
pisada...
Guardando
o olho dos xucros se resvalava dos cusco e o Nelso:
A mesma mirada.
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