quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

LISANDRO AMARAL

           A MESMA MIRADA.
O poeta e cantor bageense Lisandro Amaral retorna com uma primorosa, recheada de muita poesia e mensagem. O trabalho consolida textos, músicas e poemas em um Livro e CD.
Considerado uma das principais revelações desde 2001, ano em que registrou seu primeiro CD "À Moda Antiga”, Lisandro Amaral vem confirmando a cada atuação no cenário nativista uma linha enraizada como compositor genuinamente da região sul.
 
 
Chegara ao trote da tarde como um orgulho à existência sobre a luz de um redomão.
 Bolicho de encruzilhada, domingo de carreirada e o Nelso o próprio rincão. Ameaçava um chuvisco e o seu lobuno um corisco, não repetia a pisada... guardando o olho dos xucros se resvalava dos cusco e o Nelso a mesma mirada.
O quanto existe entre a cena de ver revolta melena dos vagos homens do mundo? Pra que, na sombra da sombra, um andarilho se nombra mais que um mistério fecundo?
Na copa inda seca do angico acalmou o redomão.
E num "pssssiiiiiiiii pssssiiiiiiiiuuu o cavalo” foi resvalando despassito e deixando o poncho no abraço pra que não molhe o sustento.
Ficou o sombrero na gola e um maneião sem argola já vinha junto do pulso pra garantir que não solta.
Froxou a boca e o carinho foi cochichando baixinho sem prometer quando volta...
Nelso é o motivo do gole, e quando a tarde abre o fole, mesmo que esteja nublada, a sede manda que beba e a lua então que receba o fogo azul da alvorada.
O tirador e a chorona reconhecido na zona faziam voz de chegada... um tinha som de bochincho o outro o rufo dos guinchos e marcas de embuçaladas...
Eu nunca vi domador
Sem faca e sem tirador
Mesmo que morto em carona
É um luxo ver gineteando
Mesmo que rode peleando
Eu hei de ouvir-lhe as chorona.
Carteado, osso e três pencas... pastel, cigarros e encrencas - bem resolvidas ou não – Assombra o final da hora e o Nelso arrastando a espora cambalhava ao redomão.
Dois tigres num mesmo idioma... um menestrel sem diploma, o outro couro fumaça.
Lobuno olha e recebe como entender por que bebem no funeral de uma raça...
Nelso resmunga um carinho, ata a boca e de mansinho desaba o corpo de novo. 
Lobuno olha e aceita como entender a receita que então derruba e não mata. 
Nelso não perde o cabresto, de joelho ri do infesto e desmaneia das pata. 
Feito um portal de esperança, agarra o chapéu na gola - já apresilhada a maneia. 
Mergulha então estrivado pra retornar ao reinado GIGANTESCO E CRUZADOR.
Ameaçava um chuvisco e o seu lobuno um corisco, não repetia a pisada...
Guardando o olho dos xucros se resvalava dos cusco e o Nelso:

                                                                          A mesma mirada.

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